O Anúncio (Parte I).

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"Uma vez merdinhas uniformizados, para sempre merdinhas uniformizados"

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Era um sentimento estranho, ela não pensou que sentiria algo tão intenso e só ia ficando maior e maior; estava finalmente indo embora. Mal podia acreditar, mas estava mesmo enfiando suas roupas na mala para ir embora da tão famigerada e sombria Umbrella Academy.

Sierra soltou um suspiro de alívio ao enfiar a última peça ali e sentou ao lado da mala, na cama. Diego fora o primeiro a dar as costas para Reginald, seguido de Ben e Klaus, Vanya e Cinco. Doeu mais que tudo ver seu irmão indo embora, mas ela não queria sair das dependências do pai sem completar dezoito e poder fazer, verdadeira, o que bem entender.

Ela não era estúpida, aproveitaria até o último segundo de aprendizado, casa e mordomias para enfim ir embora também. Mas agora nada parecia mais doce do que o sabor da liberdade.

Olhou para o espelho, tentando se imaginar vivendo sem Pogo, sem seus irmãos e, por incrível que pareça, sem seu pai. Ela o amava, afinal Reginald era a única figura paterna que teve, era ele que a chamava de filha e dava concelhos sobre como controlar seu teimoso cubo. Ele também a inspirava com os discursos de bravura, parecia tão imponente e seguro de si, Sierra sentia inveja e admiração.

Reginald deu tudo.. menos o que ela mais queria; amor.

Procurou, fitando o reflexo de seus olhos, alguma única vez que o velhote tenha dado ao menos um pouco de resquício de amor para ela, mas sua mente de jovem rebelde e imatura não foi capaz de detectar a forma como Reginald dizia a amar, nas pequenas coisas, nas entrelinhas.. o patriarca da família Hargreeves sempre demostrou afeto.

Balançou a cabeça repetidas vezes e num salto desceu da cama e arrastou a mala até o corredor, sabendo exatamente onde iria antes de partir de vez: O quarto do Número Um.

Era preocupante, ela sabia o que podia acontecer caso Luther permanecesse por toda sua vida na mansão Umbrella. Ela não queria isso para o irmão, o amava com casa fibra de seu ser e estava disposta a lutar pela liberdade dele até o final. Então, ao chegar na porta aberta, encostou no batente e bateu algumas vezes na madeira ali. Luther estava fitando a janela, parecia sério e inexpressivo.

Nada comparado ao idiota risonho que tentava ser durão.

- Luther..- Chamou num sussuro, mas ele não a olhou. - Luther, eu estou indo.

- E o que você está esperando?- Rebateu, ríspido.

Sierra crispou os lábios e deixou a maleta de lado, entrando no quarto do irmão. - Luther, eu imploro, você precisa sair daqui.. se.. se você for, Alisson vai seguir você!

- ESSA É A MINHA CASA!- Berrou golpeando a escrivaninha que estava ao seu lado e a partindo em vários pedaços. Sierra estremeceu e recuou, seus olhos cheios de lágrimas. - E é a sua também! De todos nós, mas parece que ingratidão falou mais alto, não é? Ele nos deu tudo, e o que vocês fazem? Dão as costas na primeira oportunidade! COMO VOCÊS PUDERAM?!

Esqueceu o medo e saltou a centímetros dele, apontando o dedo bem perto de seu rosto. - Não. Grita. Comigo!! Eu estou pouco me fodendo para o que ele me deu! Conheço meu valor e sei que não sou uma arma.

- Não somos armas, Sierra, somos heróis.- A morena riu de escárnio e baixou o dedo. - Somos crianças, Luther. Deveríamos estar indo ao cinema, conhecendo pessoas novas e não lavando nosso uniforme sujo de sangue. P-por favor, por favor..- Agarrou o casado do loiro, o puxando para mais perto. - Por favor, Luther, vem comigo.- SpaceBoy permaneceu inexpressivo mesmo diante do choramingo da irmã.

Welcome To The Umbrella Academy..Again!Onde histórias criam vida. Descubra agora