{ Amy }

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Amy sentiu o ar faltar em seus pulmões imortais enquanto corria por aquela floresta manchada de sangue, dor e tormento

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Amy sentiu o ar faltar em seus pulmões imortais enquanto corria por aquela floresta manchada de sangue, dor e tormento. O coração batia acelerado, o medo e o horror tomavam conta da jovem enquanto ela tentava a todo custo se livrar daqueles quatro soldados que a perseguiam. Se eles a pegassem, seria o seu fim. O fim de sua castidade e depois o fim de sua vida. Isso se eles não soubessem quem ela era, o que ela era, porque caso soubessem... Bem, nesse caso, a morte seria um alívio. 

Ela não podia parar, não podia ceder; não tinha para onde fugir, mas ainda assim, Amy continuava correndo e correndo e correndo. Ela sabia se esconder muito bem, afinal, ela precisava saber disso para ter uma chance de sobreviver naquele continente podre, cruel e mesquinho. 

Ela ainda conseguia ouvir o barulho das botas dos soldados hyberianos contra as folhas secas, sequer se importavam em tentar serem sorrateiros, não; eles queriam que ela soubesse que não tinha como fugir, que não tinha para onde ir, que aquela era uma batalha já vencida. 

Então Amy correu, correu e correu. Correu até suas pernas doerem, os olhos arderem com as lágrimas de desespero e o pulmão começar a falhar. Ela não tinha para onde ir. Não tinha como fugir de Hybern. E nascer ali já era uma sentença de morte, de qualquer forma.

Mas um grito cortou a floresta, o grito de um dos soldados. O coração dela bateu ainda mais acelerado. Será que ele tinha se deparado com alguma besta no meio do caminho? Seria isso uma sorte ou um azar, porque se o que quer que fosse não se satisfazesse com os soldados...

Mas Amy sequer conseguia se mover; Não, ela estava parada, petrificada, os pés descalços cortados e sangrando, as mãos tremendo enquanto ela as passava pelo cabelo em uma tentativa falha de se acalmar. Ela morreria, ela morreria, ela morreria.

-Você não deveria ter parado de correr, garotinha.- cantarolou uma voz atrás dela, e o coração de Amy foi parar na garganta.

Ela se virou, as pernas gemendo de dor com o movimento repentino. O soltado de pele branca como a luz e cabelos negros como a noite a olhava com um sorriso perverso, típico de um hyberiano. Típico de um soldado que somente se importava com matar e violar as fêmeas das cidades mais pobres.

O soldado estava longe, mas ela sabia que aquela era uma batalha que ela não podia ganhar. E Amy já havia desistido de tentar há muito, muito tempo. Ela sequer sabia qual era o sentido de estar viva, qual o sentido se ela tinha uma maldição atrelada a sua alma, se ela tinha que conviver todos os dias de sua vida terrível e imortal sabendo que se descobrissem quem ela era, seria seu fim. 

Ela tinha um ano quando o Rei morreu. E, ainda assim, escutava dizerem que os tempos em que ele era vivo eram melhores do que os de agora. Mas será mesmo que era verdade? Amy não queria saber, Amy só queria fugir de todo o peso que era obrigada a carregar pelo fanatismo de seu pai que o levou a fazer o que fez com a alma da própria filha. A sentenciando a um destino cruel, terrível, e que se chegasse a se concretizar... Amy queria estar morta antes disso.

-Tão novinha. - disse o soldado estalando a língua. -Deve ser até pura. - ele deu risada, dando um passo em direção a ela. -Que tipo de sons essa boca é capaz de fazer?

Ela sentiu raiva a dominar e, bem, ela supunha que sentir raiva era melhor do que sentir medo. Com a raiva ela poderia trabalhar, com a raiva ela teria a força que precisava para reagir, para se mexer, para lutar pela sua vida apesar de Amy não querer viver.

-É? Porque não vem descobrir?- desafiou ela e o soldado riu, uma risada vazia e cruel que Amy jamais seria capaz de esquecer.

Ela não tinha nada para se defender além da magia que ela não sabia como controlar. E, pela Mãe, Amy tentou acessar aquele poder. Mas não conseguiu. Mas se fosse para ser morta por aquele soldado, ela morreria com dignidade. 

O soldado deu um único paso antes de uma besta surgida do meio da floresta pular em seu pescoço, a mandibula e os dentes afiados se fechando contra a pele branca do macho. Um grito cortou o ar enquanto sangue jorrava e manchava as folhas verdes no chão. Amy não virou o rosto, não; ela deu um sorriso sarcastico para o soldado, um sorriso cruel.

-Vamos descobrir que tipos de sons essa sua boca é capaz de fazer.- ela cantarolou quando o soldado gritou novamente, quando aquela besta, aquela quimera, usou as garras para rasgar em pedacinhos o peito do soldado, o deixando em tiras e completamente moido. Se Amy não estivesse com a adrenalina a mil, ela teria vomitado.

Aquela besta de olhos esverdeados a encarou e se aproximou. Amy sequer se mexeu, mas não por estar petrificada de medo, não, ela não tinha mais esse sentimento. Mas sim pelo simples fato que ela sabia que aquela besta não lhe faria mal algum.

Um clarão de luz a fez piscar duas vezes antes de um macho tomar lugar do que antes era uma quimera. Theo, seu primo, estava coberto de sangue, mas ele sequer se importava com isso. Ele havia parado de se importar, na verdade.

-Precisamos dar o fora desse lugar, de Hybern, Amy.- ele disse seriamente, olhando no fundo dos olhos dela. -Eles sabem. E estão te caçando!

-E para onde iriamos, Theo?- ela disse exasperada. Não existe lugar para nós!- ela disse e Theo suspirou.

-Talvez exista um lugar. Mas vamos precisar tentar para descobrir.

Então, ela tentaria.

Quando a merda bate na água e a água bate na bunda

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Quando a merda bate na água e a água bate na bunda....

É, e vocês achando que os únicos problemas iam ser os drama adolescentes
Pois digo: não mesmo KKKK

Agora vocês conhecem os dois que faltavam risos

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 18/03/21

A Court Of Darkness And Redemption • ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora