Elliot livre!

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  O amanhã chegou, a rotina também. As coisas iriam mudar, pelo menos por aquele dia Elliot poderia relaxar e se ver livre daquela escola!
 Para que isto acontecesse, no entanto, era necessário resolver um problema crucial: o uniforme.   
  Como explicar a falta do uniforme de seu alter-ego?
__ Fácil, eu digo que esqueci em casa e que darei uma passada por lá!__ disse Walter prontamente.
__ Deixa que eu levo vocês...__ disse o pai no café da manhã.
__ Não precisa__ disse Elliot__ Iremos de ônibus, não tem problema...
__ Sério?__ disse o pai surpreso.
__ É, eu já estou acostumado a voltar de ônibus, não é tão difícil ir... não vai doer, não é? Hoje quero variar a rotina...
  Elliot e Walter terminaram o café e apressadamente saíram de casa.
  Aonde que eles iriam se trocar?
__ Que tal... na casa do Dr. Clóvis__ sugeriu Alter-Elliot.
__ Será que ele está em casa?
__ Vamos ligar.
  Elliot ligou, ele estava em casa.
__ Podemos passar por ae?
__ Podem, mas pra quê?
__ Explicamos quando chegar.
  E assim eles foram ás pressas até a casa do cientista, eles explicaram a situação a ele, que não reagiu muito bem.
__ Não é certo faltar aula.
__ Também não é certo clonar pessoas__ disse Elliot colocando o indicador nos lábios.
__ Não é errado se ninguém descobrir__ complementou Alter-Elliot.
Clóvis bufou, ia dizer algo, mas desistiu no processo, suspirou tristemente e disse:
__ Que belo exemplo que eu sou... o banheiro fica...
__ Primeira porta do corredor á esquerda__ complementou o clone__ Eu estrelei o banheiro ontem...__ e deu um pequeno sorriso.
  Eles foram se trocar. Elliot percebeu importantes detalhes em específico no seu clone. Sem cicatriz de cirurgia na barriga e nem a marca de nascença em formato de ovo nas costas. Ele tinha umbigo, o que desmitificava aquele velho boato popular de que clones não tem umbigo. "Sem cicatrizes, sem marca de nascença. Pelo visto a cópia não é tão fiel assim ao documento original."
  Dr. Clóvis ao levar ambos para a saída, ouviu um dos dois dizer ao sussurros: "velho mentiroso".
__ Disseram algo?__ indagou ele.
__ Não, senhor. Por que?__ disse Elliot educadamente.
__ Nada não... deixa pra lá. Tenham um bom dia!
__ O senhor também__ disseram os dois.
  Depois disso não demorou muito para ambos se separassem. Elliot foi para o shopping e seu alter-ego para a escola.
  Ao entrar no shopping, Elliot tirou a peruca e os óculos escuros, mas manteve a touca, o sobretudo e as botas de cano alto. Sem perder tempo, foi logo comprar os ingressos, estava ansioso para assistir "Super-Alfa"; um alien que veio do planeta Alfavile, que foi destruído. Agora ele vivia entre os humanos sob o disfarce de um colunista de notícias chamado Caco Bent. Ele tinha o poder de voar, soltava laser pelos olhos e neste filme ele enfrentava o Klepto Luther, um careca ganancioso e multimilionário que sabe que sua fraqueza é a rocha Beta, bastante abundante em seu extinto planeta natal.
  O rapaz estava ansioso em assistir, era nesse filme que o Alfa teria um filho com a Louise Linus.
__ Não deveria estar na escola?__ disse o vendedor de ingressos. Um homem com espinhas na cara, ruivo e cabelos desgrenhados.
__ Não deveria estar cuidando da sua vida?__ rebateu Elliot.
__ Não deveria vazar daqui antes que eu chame os seguranças?
__ Que tal 10 reais a mais?
__ Que tal.. um lobo-guará?
__ Quer minha bunda também?
  O vendedor riu.
__ Aceito os 10 conto... você faz falta lá no barzinho, sabia?
__ Acontece que não bebo mais, Rafael...
__ Entendi. E o Charlie, cadê?
__ Está viajando. Foi pra Paris... tins.
__ Legal. Ele é Garantido ou Caprichoso?
__ Ele é boi, não sei de qual time, mas o chifre é grande.
__ Sabia que aquele cabelão era pra esconder alguma coisa.
  E riram juntos. Rafael lhe deu os ingressos e disse:
__ Bom filme, ele morre no final. Divirta-se!
__ Se isso for isso for verdade, vou querer meu dinheiro de volta.
__ Divirta-se! Foi um prazer te ver novamente! Manda um abraço pro Charlie!__ disse bem-humorado enquanto o Elliot ia embora.
  Elliot entrou na sala de cinema, sentou-se no meio, relaxou na poltrona, pôs os pés na poltrona da frente, sentia-se um rei... comia pipoca, tomava o doce néctar do refrigerante. A liberdade era tão boa... sem provas, sem bolas de vôlei batendo na sua cabeça, sem professores chatos... estava se sentindo tão confortável que estava com vontade de dormir, só faltava a Rosa ali para completar aquele momento com perfeição, não pôde evitar de imaginar-se trocando beijos com ela... como queria ser aquele cara com quem ela se trancou no banheiro.
  O filme começou, ele acordou, "será que ele morre mesmo no final?"; perguntou-se encabulado. Pensou em Rafael, ele estava no mesmo bar em que Elliot e Charlie estavam antes do acidente do amigo. Naquela ocasião Rafael brigou com outro cara, Elliot e o amigo foram apartar a briga. Depois que os ânimos se acalmaram, Rafael foi beber junto com eles. Elliot estava sóbrio, pois tinha de dirigir depois, eles conversaram bastante e falaram muitas besteiras na mesa. Enquanto ele via o filme, lembrava-se daquele momento com alegria.
  Perdeu-se um pouco na história do filme por sua mente divagar tanto. Gostava muito do Super-Alfa, invejava a facilidade que ele tinha em voar e a superforça dele. Queria muito ser como ele e ter o poder de voar para onde quisesse para longe de tudo, para longe de todos.
  O filme acabou e ele não morreu no final. Que pena, ele realmente queria seu dinheiro de volta.
Depois que saiu do cinema ele foi tomar sorvete, depois foi fumar maconha escondido no estacionamento do shopping onde imaginou-se estar voando no lugar do Super-Alfa. Só então ele voltou para casa chamando um Luber.
  Durante o trajeto do carro, ele resolveu ligar para o clone.
__ Oi, Walter. Tudo bem?
__ Tudo sim, e com você?
__ Também tô. Como foi a aula hoje?
__ Foram ótimas.
__ Que bom. Quando eu chegar em casa, quero mais detalhes.
Ainda na volta para casa, Rosa ligou para ele.

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