Era uma vez uma cadelinha chamada Blue. Ela era muito esperta, era a protagonista de uma série de TV. Seu dono sempre a perdia de vista e em todos os episódios ele tinha de procura-la, mas Blue desaparecia de propósito e sempre deixava pistas.
Deixava pegadas pela casa, por certos objetos porque, no fim das contas, Blue não queria só ser encontrada, mas também que seu dono fizesse algo por ela ou com ela. No fim do episódio, Blue é achada com base em todas as pistas que seu dono juntou. As pistas de Blue eram mais que pistas, era Blue dizendo: "Vamos cozinhar" por exemplo, e ela deixava isso claro colocando suas pegadas em objetos de cozinha, Elliot amava esse desenho.
Elliot brincava de "Pistas de Blue" com seus amigos, até com Charlie e seu tio no sítio quando eram pequenos. Eles revezavam entre si quem seria a "Blue".
Quando Elliot entrou no seu quarto após voltar do colégio, encontrou um bilhete escrito:"Encontre-me no sítio do titio. Vamos curtir como nos velhos tempos."
Ass: CharlieSeria Charlie a Blue? Não, não era possível! Mesmo que Charlie estivesse vivo... aquela letra não era dele, era de Elliot, o que era estranho porque o rapaz não se lembrava de ter escrito aquilo. Então se não foi ele, quem foi?
__ Walter...__ disse em voz alta.
"Walter quer me dizer alguma coisa..."
__ O que está querendo me dizer, cara? Pra quê fingir ser o Charlie?__ Algo havia acontecido com seu alter-ego e ele precisava descobrir.
Vasculhou o seu quarto inteiro em busca de mais evidências ou até mesmo por alguma escuta ou câmera escondida. Também fez o mesmo no banheiro, mas não encontrou nada, chegando até a procurar na privada. Ele então ligou para Diana.
__ Alô?
__ Oi, Sra. Diana.
__ Oi, Elliot. Há quanto tempo! Já faz um tempo que você não vem mais...
__ A senhora tá ocupada?
__ Por que a pergunta?__ indagou ela com certa preocupação na voz.
__ Walter sumiu e isso faz horas, não deu nenhuma explicação. Ele já estava sumido antes de ir pra escola, mas quando voltei, ele deixou um bilhete escrito: "Me encontre no sítio do titio, vamos curtir como nos velhos tempos". Assinado: Charlie.
__ Charlie? Ele fingiu ser o Charlie? Por quê?
__ Não sei, é o que eu quero descobrir. Acho que essa carta tá criptografada. Me encontra no sítio.
__ Não quer carona?
__ Não, meus pais me deixaram dirigir a caminhonete de novo. Aliás, o Clóvis tá disponível? Ele pode ajudar a gente a decifrar essa carta.
__ Não. Já fui na casa dele e não tem ninguém lá.
__ Então pelo visto só nos resta ir pro sítio do tio do Charlie. Ele deve estar lá, talvez...
__ Certo, até logo então.
__ Até.
Depois de ter desligado o telefone, ele foi logo para a garagem. Ele não teve muita dificuldade para sair de casa, pois seus pais tinham ido a uma consulta médica de manhã e sua mãe deixou um bilhete avisando que havia comida pronta. Elliot não almoçou, pois não queria perder tempo, Walter precisava dele.
Ele entrou no carro, abriu a porta da garagem e saiu de casa.
Enquanto dirigia ele pensava em pessoas que poderiam lhe querer algum mal, "Será que isso é obra do Aécio? Não, mesmo ele tendo seus motivos pra tentar me ferrar, eu não acho que ele iria tão longe e nem acho que seja tão esperto assim. Talvez seja a Cristine... bom, ela é uma pessoa que seria capaz de desovar um corpo se lhe pagassem uma boa grana. Mas ela não tem nada a ganhar fazendo isso comigo, então tá longe de ser ela.
Será que foi o Rafael? Bom, ele tem motivos e conhece bem o Charlie, será que foi ele? Será que ele sequestrou Walter no meu lugar? Walter pode ter escrito a carta como forma de aviso... mas talvez possa ser também o Dr. Clóvis. Diana pode ter falado sobre o Charlie com ele, mas que motivo ele teria pra me fazer algum mal? Ou será que é só o Walter que ele quer? Acho que a conversa que o Walter teve com ele não o agradou nem um pouquinho..."
Estava dividido entre Clóvis e Rafael, seja quem fosse o sequestrador ele precisava ser rápido. Elliot pisou fundo no acelerador.
Ele chegou bem rápido, estacionou perto de Diana, a cumprimentou, e ele disse:
__ Algum sinal do Dr. Clóvis?
__ Mandei várias mensagens, tentei ligar várias vezes e nenhum retorno.
__ Estranho, antes ele atendia mesmo se tivesse ocupado.
"Walter desaparecido, Clóvis desaparecido. Não há como Rafael conhecer Clóvis, isso tira um pouco ele de suspeitas."
Diana e Elliot começaram a andar pelo sítio, em direção a casa do tio de Charlie, enquanto andavam o garoto perguntou:
__ O que acha que aconteceu, Diana?__ Ela conhecia o cientista melhor do que ele.
__ Não faço a menor ideia...
__ Acha que o Clóvis quer dar fim ao Alter-Elliot?
Diana hesitou e disse:
__ Não sei.
__ Eles tiveram uma conversa. Walter e ele, no dia em que meu pai levou um tiro. Eu soube disso pela minha mãe. Eu estava em casa e o Walter também. Ele reagiu de maneira diferente e foi até a casa do Dr. Clóvis pedir pra que ele ajudasse o papai, ele se recusou dizendo que não podia fazer nada no momento. Desde aquela conversa as coisas nunca mais foram as mesmas... Walter ficou mais distante. No fim de semana, ele mal parava em casa e hoje, segunda-feira, ele desaparece. Acha que Clóvis tem algo a ver com esse sumiço?
Diana ficou pensativa e disse:
__ Já parou pra pensar que Walter quis sumir por que quis? E já parou pra pensar que Walter-Elliot pode ter algo a ver com o sumiço de Clóvis?
__ Walter nunca faria algo assim.
__ Clóvis também nunca sequestraria uma pessoa.
__ Por que está defendendo ele?__ indagou Elliot desconfiado.
__ Por que defender o Walter? Só faz uma semana que você o conhece, na primeira vez que viu ele tinha medo que te machucasse, depois viraram amigos em questão de dias! Agora ele some sem dar satisfação e você nem sabe o porquê. Você defende alguém que só conhece há uma semana, eu conheço Clóvis há anos!__ disse com certa indignação na voz.
__ Talvez não conheça ele tão bem assim...__ disse incisivo.
__ Claro! Porque com certeza estamos aqui porque você conhece o Walter que nem a palma de sua mão__ disse sarcástica.
Elliot não respondeu, a casa do tio Charles, o tio de Charlie, estava trancada. Diana e ele gritaram, bateram palmas, apertaram a campainha e nenhum sinal de vida. Eles então procuraram pelos arredores da casa e encontraram uma cova vazia. Aproximaram-se do buraco e perceberam que havia um caixão aberto e vazio.
__ Que caixão é esse?__ indagou Diana.
__ É o ca- caixão do Charlie__ disse Elliot nervoso, com as mãos estremecendo e os pelos arrepiados.
__ Tem algum papel lá dentro, será que é mais um bilhete?__ observou ela.
Elliot não respondeu.
__ Não quer descer lá pra ver o que é? Não está esperando que eu suje minha linda saiona mais do que eu sujei até agora, não é?
__ Não me faça ir até lá, p-por favor...__ disse ainda mais nervoso.
__ Não vou te forçar a nada, mas se quisermos pôr um fim nisso... se quer saber onde Walter está, a resposta está nesse caixão vazio.
__ Ce-certo, eu vou.
__ Vá no seu tempo.
Ele lentamente desceu no buraco, pegou a carta e a leu:
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Alter-ego
RomanceElliot e Charlie eram amigos inseparáveis, até que uma infeliz tragédia leva a morte de Charlie. Enlutado, Elliot procura ajuda por meio de uma terapeuta para poder seguir em frente. A terapeuta lhe sugere o projeto Alter-ego, um projeto que tem o o...