Capítulo vinte e nove

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Eu realmente estou apaixonado?Quando a gente ama,a gente protege. Eu a deixei ir embora para a proteger e agora ela estava em um hospital prestes a morrer,prestes a deixar desaparecer a única alegria que eu já tive. Foi tudo tão rápido,tão inesperado e horrivelmente surpreendente. O diretor chega na sala avisando que Meanna tentou se matar,que estava desmaiada e que todos rezassem por ela.

Ela tentou se matar. Ela tentou se matar. Ela estava sozinha,eu não estava com ela para a impedir. A culpa de tudo isso é minha,tentei a proteger e tudo que ganhei foi sua quase perca. Por favor,fique.

Se algo de ruim acontecesse eu não sei,não sei o que faria.

Assim que todos estão dormindo vou em direção ao hospital,de ônibus mesmo. Eu devia ter avisado a Manoela,mas ela também a deixou sozinha,então não merecia saber. Assim que cheguei fiquei procurando por ela ou por sua mãe,eu estava implorando que ela estivesse viva. Encontrei sua mãe sentada em uma cadeira,chorando. Rezei como um condenado antes de falar com ela.

- Meanna....?

Falei me sentando ao seu lado,fazendo o possível para não chorar. Ela não parava de chorar. Ela não está morta

- Você é o namorado dela,não é?

Ela não usou isso no passado,é um começo.

- É... Sim.

- Bem - Ela buscou forças para falar,pude sentir a dor a cada palavra - Você quer vê-la?

- Ela está viva?

- Sim... Mas ela não... É melhor você ir falar com ela,filho. Está no quarto 38.
Ela havia perdido a memória?Ficou louca?Insultou a mãe? Não consegui entender esse mas,até que entrei e vi. Ela estava sem a mão esquerda. Como ela cortou a própria mão?Vi que ela estava acordada

- Vai embora.

Foi só o que ela disse,sem nem olhar no meu rosto. Me aproximei de onde ela estava,ferido por tudo aquilo ser minha culpa.

- Me perdoa...

- Adam? - Então ela me olhou,dor e frustração atravessava seu rosto e ao mesmo tempo surpresa. - Não se culpe... E... Por favor... Vai embora.

Senti as palavras me cortarem,vi que ela estava fraca. Me sentei em sua cama e abracei seu corpo.

- Não faça isso.

- Você está aqui por minha culpa e posso estar sendo egoísta demais agora... Mas Meanna,eu não... Você quase morreu,não posso ficar sem você.

- Não precisa - Ela abraçou meu pescoço,contrariando tudo que estava dizendo - Não vou tentar me matar de novo,eu prometo. Você não precisa ficar comigo...

- Então você não quer ficar comigo?

Meanna me olhou antes de continuar,resolvi me deitar ao seu lado. Entresteci ao tentar pegar sua mão.

- Não me faça responder isso. Você terminou comigo,então creio que seja você que não queira ficar comigo. Estou sem mão,sou um fardo de pessoa triste e você não tem que me aguentar assim. Então eu te peço,sai...

- Não chora,por favor - A abracei mais forte,tentando acalmar seus soluços - Quando cortaram seus pulsos e sua testa... Aquelas garotas me mostraram o vídeo,e você só precisava terminar comigo. Não aguentei,Anna. Me perdoa,eu deixei você sozinha e contrariei tudo que eu sinto. Mas foi por você,cada ato meu é por você. E não importa que você esteja sem mão,sem braço,sem perna,nem se tivesse sem cabeça.

- Eu... - Vejo sua outra mão se aproximar do meu rosto,enquanto ela continua chorando - Eu gosto de beijar você com as duas mãos no seu rosto,ou no seu pescoço,abraçando você... Eu tô...

Ela continuou a chorar e apenas a abracei,sentindo o quanto era boa essa sensação.

- Contando que você tenha uma mão,essas coisas são todas completas. Vamos ser felizes,Meanna. Eu prometo.

A beijei sentindo o gosto salgado das lágrimas que molhavam seus lábios,não me imagino com mais ninguém. Eu podia sentir sua frágil e única mão em meu rosto,enquanto faço carinho em seu braço carente da mão.

- Anna - A soltei,mas com os braços em sua cintura - Como isso aconteceu?Se você não quiser contar eu entendo.

- Me cortei com a lâmina de um gilete... Quando cheguei no hospital e vi que estava viva... Coloquei ácido na minha mão.

Não pedi que ela dissesse mais

- Meanna,eu amo você. A partir de agora é pra sempre.

Ela ainda chorava muito,mas conseguiu falar aos soluços

- Por favor.

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