capítulo 28 - requiém, parte II (capítulo final)

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Já haviam se passado seis dias desde o assassinato de John e a vida de Sherlock estava um verdadeiro inferno. Por se tratar de um assassinato violento foi necessária uma necropsia no corpo para buscar alguma evidência que levasse até Hannibal Lecter, o principal suspeito; tanto para Sherlock quanto para a Scotland Yard já era uma certeza que o culpado era o Dr. Lecter, porém a Yard ainda havia de se prender ao método de investigação. Nestes seis dias, o detetive tem sofrido tanto.

Depois que o corpo de Watson foi levado da cena do crime, Holmes foi obrigado a depor naquela mesma noite, ele não conseguia dizer uma palavra sequer, chorou um oceano inteiro de lágrimas, se trancou no quarto de cima do 221B após a polícia deixar o local e ficou durante dois dias sem sair até que Mycroft apareceu e os pais dos irmãos Holmes também. Mycroft conseguiu destrancar a porta e a visão que tiveram era destruidora. Sherlock Holmes ainda estava chorando, nitidamente não dormiu por um minuto sequer, encolhido na cama agarrado a um dos jalecos brancos que John usava no St. Mary. O Sr. e a Sra. Holmes entraram em profundo choque ao ver o filho deles daquele jeito, Mycroft abraçou o irmão, ouvindo-o se perguntar o porquê daquilo ter acontecido.

Em momento algum enquanto os pais e o irmão estavam com ele, Sherlock quis largar o jaleco, era a única coisa que podia manter junto a si naquele momento, já que John não poderia ser sepultado e ele nem ao menos poderia ir vê-lo, ninguém lhe dizia nada sobre o caso. Aquele assassinato estava em todos os noticiários, não só por ser brutal e pela vitíma, mas pelo motivo, reviver todo aquele ocorrido com o Dr. Lecter e Will Graham. Sherlock Holmes sentia uma vontade imensa de morrer, não bastasse o luto no qual estava enterrado, aqueles comentários antigos sobre seu relacionamento voltaram, dessa vez, pior.

No quarto dia, ele saiu do 221B para prestar esclarecimentos na Scotland Yard e teve que lidar com alguns curiosos, foi aconselhado por Mycroft a não chorar em público para não atrair mais atenção para si, acreditem ou não, Mycroft não queria todos aqueles urubus em cima de seu irmão mais novo. Porém algumas mídias são muito venenosas e logo surgiu um boato de que Sherlock Holmes era incapaz de derramar uma lágrima ou de sofrer por alguém que ele dizia amar, basicamente, o difamaram por não chorar em público e tentar aparentar estabilidade quando não tinha, uniram isso e o relatos antigos de como era impossível lidar com o detetive e pronto, o caos estava plantado.

No sexto dia, finalmente aconteceriam o velório e o enterro. Era muito cedo em uma igreja, e antes mesmo que as pessoas chegassem, Sherlock já estava lá, queria ficar sozinho, seria a primeira vez que olharia para o corpo de John desde o crime. Quando se aproximou do caixão, sozinho, teve um choque com a visão, desviou seu olhar mas teve coragem para olhar novamente para ele.

ㅡ Oh, John... ㅡ Sherlock falou, com os olhos cheios de lágrimas ㅡ Eu... Eu sinto muito.

Holmes tirou coragem para poder tocar o rosto dele, estava muito frio, mas ainda sim Watson não parecia estar morto, mesmo com poucos hematomas, nem parecia que havia sido machucado e ter sofrido tanto antes de morrer. Ele tinha uma expressão serena, os olhos fechados, parecia que estava apenas dormindo, as mãos em repouso sobre o corpo, usava um terno preto e incrivelmente estava bonito.

ㅡ Eu... Eu não sei se consegue me ouvir ㅡ ele começou ㅡ Mas se puder... Eu sei que não posso desfazer o que aconteceu, que é tarde. Sei que sabia, eu dizia isso todos os dias, mas ainda sim quero dizer outra vez que... Você é a pessoa que eu mais amo, e que... a minha vida mudou tanto desde que você surgiu que me pergunto como irei seguir sem te ter comigo. Eu devia saber que na vida, sempre iremos nos despedir das pessoas que amamos, porém... Nunca imaginei que tivesse que dizer adeus a você.

Sherlock revistou seus bolsos e encontrou uma pequena caixa, a abriu e pegou o objeto que havia dentro.

ㅡ Dias atrás foi seu aniversário, deveria ter sido um dia alegre. Eu havia planejado tudo para poder te alegrar, iria te dar isto... ㅡ Ele deixou a aliança mais exposta, como se John pudesse ver ㅡ Era o meu presente de aniversário para você. Quer dizer, um dos presentes, mas este era o que mais estive ansioso para te dar.

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