capitulo 6 - tiopentato de sódio

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Hannibal Lecter dirige rapidamente para fora de Leeds, enquanto que ao mesmo tempo tenta não chamar a atenção, não quer ser parado pela polícia quando Will Graham está sentado no banco da frente, com a cabeça encostada no vidro e olhando para fora, trêmulo e mudo.

ㅡ Will? ㅡ Hannibal o chama, mas Will mantem-se olhando para a janela, calado ㅡ Will Graham?

Hannibal desiste de tentar falar com ele, muito provavelmente está calado porque quer, e não pode culpá-lo por isso.

Cerca de poucas horas atrás, Hannibal Lecter saía, durante a madrugada, da área rural de Wakefield, rumo a Leeds, para matar novamente, tentando exprimir seus desejos sórdidos, mas ele não contava que Will Graham estaria escondido no banco de trás do carro, querendo saber onde ele.

Hannibal havia estacionado seu carro numa rua escura, onde aguardava uma vítima perfeita, que não demorou muito a aparecer, um homem bem semelhante a Harry Waterford.

Assim que notou que o homem vinha na direção do veículo, Hannibal abaixou o vidro ㅡ devidamente protegido com luvas cirúrgicas e usando um daqueles macacões de proteção ㅡ e mantinha algo nas mãos que Will não conseguiu ver bem o que era, apenas viu Hannibal atrair o homem para perto da janela, perfurá-lo no pescoço e desabando no chão, Will já esteve em situações piores que esta, mas preferia não imaginar o que lhe aconteceria se Hannibal o visse ali.

Will viu Hannibal sair do carro e colocar o corpo do homem no porta malas, logo em seguida, retornando para dentro do carro e, ao colocar o cinto de segurança, o doutor Lecter disse:

ㅡ Espero que esteja apreciando meu trabalho, Will.

Will Graham, você foi pego e muito provavelmente vai virar petisco, ele pensou e saiu do banco de trás, passando para o banco do carona, já que foi pego, e permanece mudo até agora.

Na cabeça de Will se passam muitas coisas, sabe que Hannibal é um assassino profissional, quando age é com esmero, apesar de já ter visto o estado das vítimas dele depois da morte, nunca havia o visto agindo. E não sente repulsa alguma, apesar do medo momentâneo ao ser pego em flagrante.

ㅡ Ele já está morto? ㅡ Will perguntou, depois de minutos em silêncio, sem olhar para Hannibal.

ㅡ Se eu quisesse matá-lo, colocaria cloreto de potássio na seringa ㅡ Hannibal responde e aponta para o porta-luvas, sugerindo que Will o abra, assim que o faz, encontra um saco plástico transparente fechado com um nó, Will pode ver que a seringa está dentro de sua própria embalagem violada ㅡ, e não sedativo.

Will coloca o saco de volta no lugar, muito provavelmente Hannibal irá se livrar daquilo sem deixar rastros, não irá jogar aquilo no lixo no banheiro.

ㅡ Você não devia estar aqui, Will ㅡ Hannibal dá-lhe essa branca ㅡ, não queria que você testemunhasse isso.

ㅡ Vai me matar, Hannibal?

A pergunta de Will Graham deixa Hannibal Lecter tenso, vontade não lhe falta.

ㅡ Deveria, ㅡ Lecter responde ㅡ mas já que suas digitais estão no saco plástico, é mais fácil torná-lo meu cúmplice. Como eu havia dito, não deveria ter se enfiado aqui.

Graham nada diz, fez merda, mas já está bastante envolvido e conivente com a situação desde que aceitou fugir dos Estados Unidos, não podia ficar pior, ou podia?

Não demorou muito para que chegassem em casa, Hannibal guardou o carro na garagem e pediu para Will ajudá-lo com o homem no porta-malas. Hannibal e Will abrem o porta-malas, o homem continua adormecido e talvez não acorde durante toda a... ação de Hannibal.

ㅡ E se ele acordar? ㅡ Will pergunta e ao encarar aquele homem no porta-malas, ele fica um pouco surpreso ao ver que o homem se parece bastante consigo mesmo (cabelos escuros e pouco ondulados, barba por fazer, pele branca...), coincidência ou não, é arrepiante.

ㅡ Não vai ㅡ Hannibal diz, e na mão ele tem uma seringa cheia com um líquido transparente que Will desconhece, quando Hannibal Lecter pegou aquela seringa? Era realmente sorrateiro. Will assiste o doutor Lecter enfiar a agulha e injetar o líquido em uma das veias do braço do homem.

ㅡ O que é isso?

Tiopentato de sódio, ㅡ Hannibal responde ao retirar a agulha ㅡ é usado para induzir coma em condenados a morte por injeção letal, uma pessoa em coma não irá tentar se defender.

Will Graham engole em seco, imaginando se o homem está ouvindo e o que está pensando, se está desesperado ou conformado, ele tenta afastar esses pensamentos, senão não terá paz, na verdade, o pouco do que quer que signifique essa palavra. Will viu em algum lugar que a paz, em dados momentos, não possui um significado. Paz é um ideal ilusório, tal como sonho.

O que Will pode fazer, para não enlouquecer, é ser conivente tal como vem sendo. Mesmo que isso esteja o afogando num tempestuoso mar de sentimentos perturbadores, Will só pode ser resgatado pelo doutor Lecter, que passeia no labirinto confuso de sua mente, desvendando seus problemas ao mesmo tempo que arma mais conflitos.

Hannibal Lecter faz de Will Graham uma presa que ele tem prazer em brincar antes de comer, e agora, Will sabe disso, mas não consegue escapar das garras dele, e não é porque não luta e não consegue, é porque não consegue se enxergar sem a figura do doutor Lecter, ele é seu porto seguro, para onde pode correr se algo der errado.

Sabe que Hannibal o protegerá de todo o mal, porém, é complicado imaginar o mal protegendo a inocência do... mal.

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A tia penou muito pra escrever esse cap, mas se você está lendo isso é pq veio até o final e isso me deixa felizzzz (pqp tô amando escrever essa fic mano namoral) ❤❤❤❤❤❤❤❤❤

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the way down we go | johnlock | hannigramOnde histórias criam vida. Descubra agora