four.

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BRANDON SAMPSON

O treinador tinha me chamado para conversar, eu estava aguardando na sua sala, minhas pernas balançavam sem parar e os meus dedos das mãos estavam inquietos.

— Cheguei, te deixei muito tempo esperando? — Jacob Clark diz ao entrar na sala e se sentar em sua cadeira, que parece ser bem mais confortável que a minha.

— Não. — Respondo seco, tentando não demostrar o meu nervosismo. — Podemos ir direto ao assunto? — Pergunto e ele abre um sorriso, estranho.

— Claro, eu vou te mostrar alguns vídeos e você vai me dizer o que aconteceu neles. — Jacob abre a gaveta de sua mesa, revelando um tablet, sinto o meu coração acelerar.

Em silêncio ele desbloqueia a tela e demora uns segundos para achar o que queria me mostrar, por pouco meu coração não salta para fora do corpo.

Quando finalmente ele acaba com a minha curiosidade, o aparelho eletrônico revela vídeos da festa de ontem, onde apenas eu aparecia. Eu estava bêbado, chapado e... Feliz?

O treinador me julga apenas com o olhar, meu sangue ferve e sinto uma vontade gigante de matar a pessoa que postou esses vídeos.

— Estou esperando uma explicação. — Sr. Clark insiste.

— Eu não tenho nada para dizer, senhor. — Sou sincero e meu tom é firme, não gosto de demostrar fraqueza, ainda mais na frente dele.

— Brandon você estava apenas bêbado ou usou alguma droga ilícita? — Ele pergunta e se antes eu estava nervoso, agora estou muito mais.

— Assim como todos os outros rapazes, apenas fumei maconha. — Não sou mentiroso, digo a verdade.

— Sampson não tente jogar a culpa nos outros, o único que teve um desempenho horrível hoje nos treinos, foi você. — Meu punho se fecha e me controlo ao máximo, odeio que falem sobre o meu trabalho.

— Você me chamou para isso? Eu sempre vou bem, desde o dia que pisamos aqui, me julgar por apenas um dia, é ridículo. — Aumento a voz mas continuo mantendo a calma, ou tentando.

— Eu vou ser bem claro, se essa ceninha ridícula se repetir, você está fora, está me ouvindo? — Ele diz e eu balanço a cabeça, concordando. — Pode se retirar. — Obedeço.

Quando vou para a saída da faculdade, vejo Colin me esperando para voltarmos para casa.

— Que demora, cara. — Ele reclama e reviro os olhos. — Como foi? — Lewis pergunta girando a chave do carro em seus dedos.

— Assunto pessoal, não precisa se preocupar. — Respondo querendo mudar de assunto o mais rápido.

— Acabei de me lembrar que preciso pegar uns documentos por aqui, pode me esperar? — Colin pergunta e mesmo querendo muito ir para a casa, concordo. Lewis de joga a chave.

Vou para a frente do meu carro, sei que vai demorar um pouco já que Lewis é a pessoa mais lenta que eu conheço, ágil apenas nos jogos.

Percebo que não estou sozinho no estacionamento, quando olho para frente, uma garota de cabelos pretos virada de costas, provavelmente se arrumando e fazendo o vidro do carro de espelho.

Ela percebe a minha presença quando olha para mim, pelo vidro mesmo, os olhos azuis se arregalam como se estivesse vendo uma assombração. Ela se vira e desvio o meu olhar.

— Eu te conheço? — Minha pergunta sai automaticamente quando vejo que ela não para de me encarar.

— Que eu saiba, não. — Ela responde em um tom calmo, quase irritante.

— Brandon Sampson. — Me aproximo e estendo a minha mão.

— Eu sei. — Ela aperta com força, mas obviamente não me machuca.

— Normalmente as pessoas se apresentam de volta e não respondem "eu sei". — Digo e seus olhos se reviram.

— Nossa que falta de educação minha. — Seu tom é debochado e suas mãos vão até o peito, como se realmente estivesse arrependida. — Izabel Clark. — Agora ela é curta e grossa.

— Eu sei. — Isso soou vingativo mas não poderia deixar passar.

— Então por que tanto drama? — Ela responde, que garotinha chata.

— Parece que o bom senso foi todo para Andrew. — Coloco as mão na cintura e ela franze a testa mas não diz nada.

Volto para onde estava, encosto no carro e vejo a menina batendo o pé no chão, inúmeras vezes.

— Você parece bem nervosa. — Provoco, sei que ela não quer conversar.

— A minha amiga está atrasada e eu quero ir embora. — Ela explica, sem olhar para mim.

— Estou quase na mesma situação. — Respondo ao me lembrar de Colin.

— Você quer uma carona? — Balanço a chave em meus dedos.

— Não acho que seria muito bom para a minha reputação ficar muito perto de você. — Ela responde e solto uma risada fraca.

— Como assim? — Pergunto, essa garota é estranha.

— Vão achar que estamos... Você sabe. — Izabel responde e gargalho, eu causo esse tipo de medo nas pessoas? Minha autoestima despencou.

— E se acharem, qual é o problema? — Respondo dando ombros.

— Não costumo ficar com garotos como você. — Ela responde e dessa vez olhando para os meus olhos.

— Garotos como eu? — Pergunto e ela suspira.

— Galinhas, que só se importam com festa e bebidas. — Ela responde e franzo a testa.

Ela não me conhece. Talvez eu seja um pouco assim. Mas ela não me conhece.

— Você costuma julgar as pessoas sem conhecer ou só fez isso comigo? — Provoco e ela ri.

— Vai me dizer que não é assim? — Ela pergunto e dou um sorriso de canto.

Não tenho tempo de responder, Colin chega apressado e Izabel entra tão rápido dentro do seu carro, ela realmente não queria ser vista comigo.

Odiei essa garota, metida e grossa, com certeza vamos ter problemas.

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