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IZABEL CLARK

Eu sou muito azarada, em todos os sentidos mas ter nascido em uma família formada apenas por homens, é o maior azar de todos. Andrew é o meu irmão e eu sinceramente, amo esse garoto, por mais que ele seja difícil de lidar mas acho que isso é hereditário.

Ele é minha válvula de escape, temos apenas um ano de diferença e quando minha mãe nos abandonou, quase não conseguíamos ficar longe um do outro, agora por conta da faculdade nos afastamos um pouco, eu com a minha vida e ele com a dele mas mesmo assim nossa cumplicidade é para sempre.

Já o meu pai, é um caso mais complicado ainda, a gente se ama e se odeia ao mesmo tempo mas como ele é a única figura paterna e querendo ou não materna que eu tenho, eu prefiro manter a nossa relação pelo menos com um por cento de amor.

Minha mãe nos abandonou quando eu tinha seis anos, ela esperou meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, meu primeiro dente cair, o primeiro dia de aula para me deixar. 

Ela teve filho muito nova e acho que resolveu simplesmente, curtir a vida. Meu pai amava essa mulher mais do que tudo, ele ficou arrasado com toda a situação, ele era capaz de fazer qualquer coisa por ela, inclusive largar o futebol foi uma delas.

Mamãe odiava homem suado e competitivo e o meu pai era jogador, chegava pingando dentro de casa e segundo ele, eles brigavam por conta disso, então simplesmente largou todos os sonhos para ficar ao lado da mulher que futuramente o abandonaria com dois filhos.

Quando ela se foi meu pai resolveu voltar a jogar e arrastou Andrew com ele enquanto eu ficava com a minha avó tomando chá e comendo biscoitos em formato de coração, boas lembranças, saudades da minha velhinha. 

—Que inferno! — Murmurei ao levantar da cama, resolvo colocar um moletom por que se for um ladrão pelo menos tenho que vestir algo que não seja um pijama. Abro a porta do quarto e a primeira coisa que eu vejo é um casal se beijando, o menino está vestindo um casaco do time de futebol americano da faculdade. Entendi tudo. Bato na testa ao lembrar que não fui ao jogo, papai vai me matar amanhã, prometi a ele e a Andrew que iria torcer para eles pessoalmente.

Meu pai é treinador do time, não é a melhor profissão do mundo mas dá para sobreviver, Jacob Clark era um dos melhores jogadores da cidade e como ele já não estava mais na idade de exercer essa profissão, entregou currículos em algumas faculdades e escolas, acabou ficando na minha.

Eu particularmente odeio futebol, os jogadores me irritam, não sei explicar, eu simplesmente não suporto. Odeio generalizar mas eu não conheço um que não seja galinha, papai e Andrew são o maior exemplo de que essa minha teoria está correta.

Voltando a festa que está acontecendo em minha casa, desço as escadas na tentativa de ir até a cozinha quando sinto um líquido quente cair em mim.

— Está de sacanagem? — Olho para o rosto do indivíduo que derramou um copo inteiro de Vodka no meu moletom favorito.

— Que merda. Acabei de servir esse copo e nem era para mim. — O indivíduo murmura, o meu corpo ferve quando olho para os seus olhos e reconheço o garoto mais estúpido do mundo.

Brandon Sampson, o melhor jogador do time e o cara que eu mais odeio. Ele com certeza é o que mais estressa o meu pai e isso me incomoda muito, todos que conhecem Jacob Clark sabem que não se deve mexer com ele e eu principalmente, sei muito bem disso.

Meu pai é profissional em descontar os problemas em mim, se está bravo com o time, eu levo a culpa, se perderam o jogo, foi porque eu não fui torcer e por aí vai, por isso eu odeio Brandon, ele sempre será o motivo da raiva do meu pai.

𝙎𝙃𝙀 𝙃𝘼𝙏𝙀𝙎 𝙈𝙀  Onde histórias criam vida. Descubra agora