Capítulo 22

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23 de Maio de 2018

Já não posso ver branco à minha frente

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Já não posso ver branco à minha frente. Já não aguento a cor. Nem mesmo quando escrevo partituras para passar o tempo. Tive de comprar uma resma de folhas novas num bonito tom de bege e foi algo difícil de encontrar.

A médica deu-me alta uns dias depois de Bentley nascer, porém o meu bebé teve de ficar no berçário do hospital. A minha licença de maternidade é passada nos cuidados neonatais, sentada numa cadeira e perto da incubadora dele. Por muito que as enfermeiras me digam que ele é forte e a médica assegurou-me que ele vai sobreviver, só irei estar descansada quando tiver no seu próprio berço ao lado da nossa cama.

Eu acho que a médica apenas o diz para eu manter a esperança mas agora que vejo o meu bebé mais forte a cada dia que passa, acredito que ele vai sobreviver. Ele vai crescer forte e saudável. Vai aprender a falar e andar como todos os outros bebés e vai aprender a andar de bicicleta e jogar futebol com o Louis. Ele vai ter uma infância normal e crescer bem.

Entretenho-me no tablet a jogar 2048 ou a ver apartamentos. Eu e o Louis já tínhamos falado sobre arranjar uma casa maior diversas vezes quando sonhávamos em voz alta, durante a madrugada, sobre começar a nossa vida juntos. E agora que o Bentley está aqui, será necessário porque o atual apartamento é pequeno.

Mas desde que saí do hospital que Louis já não é o mesmo. Sinto uma certa amargura da sua parte em relação a mim. Devia ser eu a estar assim, fui eu que carreguei este bebé e fui eu que falhei como mãe.

No entanto, ele está a reagir de uma forma completamente desconhecida e quase depressiva? Nem tenho bem a certeza. Eu compreendo que ele também esteja a sofrer mas não devia haver esta separação entre nós, ambos estamos a passar pelo mesmo.

Ele acorda de manhã cedo, veste-se e vai treinar para o ginásio, depois vai sabe-se lá para onde —porque duvido que ele passe o tempo todo no ginásio— e aparece aqui para me vir buscar ao fim da tarde. E depois o ciclo recomeça no dia seguinte.

Tem sido sempre assim nas últimas três semanas. Acho que a primeira e última vez que viu o Bentley foiquando ele nasceu e foi levado à pressa para os cuidados neonatais.

As nossas discussões foram constantes quando saí do hospital, disseram-me que era aconselhável repouso nos primeiros dois ou três dias e eu ficava sozinha em casa o dia todo. Era Carter ou Delilah que vinham para estar um pouco comigo e me ajudar, visto que estava dorida e não podia fazer esforço nenhum por causa dos pontos.

Este novo Louis era um desconhecido para mim; era reservado, frio e dava-me respostas curtas ou nem respondia. Ele está a fazer-me sentir inútil e ainda mais culpada do que já me sinto. Ele parece não entender que me está a magoar ao agir desta forma.

Falei sobre o assunto com a minha mãe —e fi-la jurar a pés juntos que não comentava nada com o meu pai— e ela pensa que pode ser o seu mecanismo de defesa, a sua forma de lidar com a situação.

Truly Madly Deeply ● Louis Tomlinson AUOnde histórias criam vida. Descubra agora