As palavras sublinhadas são palavras riscadas.
TW: pensamentos depressivos
-º-
9 de Dezembro de 1995
Querido Diário.
Eu tenho esse fardo sobre mim que às vezes eu acho impossível de carregar. Eu queria ter nascido numa família melhor menos exigente. Merlin! Você não tem ideia do quão horrível é viver sob as expectativas dos outros. Tem toda essa pressão que me sufoca e me angustia. É desesperador viver com medo dos olhos esperançosos se transformarem em desgosto. Uma vez presenciei isso e não quero mais!
Tirando P. e B., todos meus outros amigos me olham com inveja. Eles clamam por um erro meu. Eu sei, eu sinto! Suas aparentes mãos generosas me empurrarão caso eu tente levantar. Não posso confiar em ninguém, tampouco ouso. Não quero mais me ferir desnecessariamente. Não sei mais quantas vezes eu posso me curar, se é que tal ação já aconteceu. Tento não pensar em minhas feridas mal cicatrizadas.
E ainda há Daniel. O homem que me assombra a cada vez que lastimo por algo. É incrível que, quando eu finalmente penso que superei essa etapa da minha vida, ele volta em meus pesadelos, me tocando com aquelas asquerosas mãos e me provocando um grotesco prazer que me dá ânsias e espasmos. Uma contradição tão grande que sinto um ódio borbulhar em minhas veias e eu não sei para quem é direcionado. Nunca tive certeza...
Sinto meus olhos tão pesados. Estou tão exausto! Esse afã me corrói e eu não tenho mais vontade de acordar! Sempre foi difícil viver? Não me lembro. Quiçá sim. Espero que não seja o único a ter estes tipos de pensamentos. Queria desistir de alcançar o amor das pessoas. Mas é algo maior do que eu. É um reflexo incontrolável da minha alma! Às vezes penso que meu cérebro está totalmente desconexo com o resto de mim. Até porque meus pensamentos são contraditórios com minhas crenças, ações e desejos. Sou o mais puro caos que já conheci!
E ainda que tenha todo esse peso, aquele maldito grifinório tem o poder de me fazer sentir mais leve, porém, mil vezes mais dolorido! Seus olhos elevam minha alma e eu tenho vontade de chorar toda vez que isso acontece! Estou cansado de fazê-lo me notar. Queria apenas ir até aquele idiota, bater em sua face e dizer que o amo, ele é adorável, ele é lindo, eu tenho uma pequena queda por ele. Mas a covardia e o cansaço não permitem tal cena.
Ah, diário, vou dormir para ver se eu me sinto melhor. Talvez me sentirei recarregado amanhã, certo? Boa noite, querido diário...
-º-
Harry sorriu tristemente. Queria poder ajudá-lo de alguma forma, qualquer que fosse. Nenhuma pessoa merecia sofrer tanto quanto ele sofria... Rolou na cama, ainda segurando o diário, e mordeu o lábio inferior pensativo. Era impressionante que a cada página que ele lia, sentia algo diferente estender-se e dominar seu corpo e mente. Nunca havia se sentido dessa forma. Riu, deixando o caderno na cômoda. Que idiota Potter era! Aquilo era somente um diário, por que se sentir assim? No entanto, existia uma pessoa por trás disso tudo. Uma alma se abrindo e que estava o cativando pouco a pouco.
Balançou a cabeça enleado. Bobeira! Era apenas um diário! Um simples e reles diário que achou jogado na biblioteca! Apesar disso, havia algo que enfeitiçava o moreno. Que o tentava a ficar o dia inteiro segurando a pequena caderneta negra. Harry estava fazendo um amigo de forma unilateral e ele não se importava nenhum pouco com isso. Na verdade, ele queria mais! Muito além do que ele lia. Ele desejava tudo! Esfregou os olhos cansado.
O que seria esse sentimento que fazia Potter entrar nesse enigmático mundo? Já estava começando a ter sonhos com o escritor, o que era estranho, porque não faz ideia de quem era! Não lembrava bem as imagens, mas as frases ainda viajavam em sua mente, fazendo-o suspirar. Ok, agora era oficial, Harry James Potter estava louco! Não sabia mais o que fazer e tampouco o que pensar. Toda sua essência estava sendo dominada por esse homem e ele nem ao menos sabia seu nome. Merda. O grifinório realmente estava fodido!
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Querido Diário
FanfictionHarry acha um estranho diário preto, com uma letra charmosa e um tanto desleixada na biblioteca...