Capítulo 13

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As palavras sublinhadas são palavras riscadas.


-º-


23 de Dezembro de 1995

Querido Diário.

Sabe, diário, tem hora que eu simplesmente não aguento mais! Quero desistir de tudo e principalmente daquele maldito grifinório... É angustiante amá-lo tanto ter esse enorme tombo por ele e ele nem ao menos se tocar! Ok, eu prefiro que ele não saiba, já que seria bastante embaraçoso, mas, sei lá, tem essa estranha esperança que nasce em meu estômago cada vez que ele me olha.

Eu estou numa sádica luta se eu deveria esquecê-lo de uma vez por todas, ou então fazê-lo gostar de mim do jeito que eu gosto dele... Viver no anonimato está me matando aos poucos e eu já não suporto mais isso! Preciso de algo, de qualquer coisa! Um sinal de qual caminho eu devo seguir. E, por mais que eu esteja sofrendo, não consigo tomar decisão alguma sobre isso...

Se eu esquecê-lo, tenho medo de nunca mais conseguir gostar de alguém. Se é que eu conseguiria superar aqueles malditos olhos v. Não que eu me importe com isso, mas eu não quero seguir os passos do meu pai de ter se casado por uma obrigação fútil. Quero ter filhos e amar o homem com o qual eu passarei o resto da minha vida! Chame-me de antiquado ou o caralho a quatro, não me importo. Eu só desejo ter uma vida feliz, apesar das merdas que me aconteceram, ou quiçá por causa delas.

Confesso também que não acho que seja possível seguir em frente. Cada vez que tentei não pensar nele, sempre havia algum detalhe que fazia minha mente se encher de sua essência. É como se meu corpo não obedecesse aos meus desejos. É como se meus átomos ansiassem por ele e somente ele. Sou um maldito ímã que é atraído por sua alma e, não importa meus esforços, é vã minha tentativa de quebrar essa lei natural...

De qualquer forma, se eu o fizer me notar, tenho esse grotesco pavor de ele me rejeitar novamente! Quer dizer, ele já fez isso uma vez, o que o impede de agir novamente dessa maneira? Não sei se suportaria outra recusa dele. Já sofri o bastante e não gosto de me arriscar. Ferir meu orgulho desnecessariamente é algo que eu nunca hei de fazer de novo.

Mas, talvez, se eu ao menos soubesse expressar meus sentimentos, ele notaria que eu não sou tão sem coração como ele pensa que eu sou. Quiçá ele poderia simpatizar comigo e seríamos ao menos amigos. Ao meu lado estaria, e seu sorriso seria só meu. Tudo aconteceria naturalmente e eu não precisaria me isolar para me recuperar de cada rude gesto dele.

Quando eu reflito, parece que, não importa o que eu escolha, é impossível eu ficar com esse homem. O universo parece gostar de me iludir e de se divertir às minhas custas. Quão sádico, não? E de tanto pensar eu acabo o admirando de longe, como se ele fosse uma obra de arte, intocável, incompreensível, grandiosa demais para que reles humanos como eu possam fazer qualquer outra coisa a não ser contemplar! E acredito que é o que farei até seguir os passos de meu pai.

-º-

Harry suspirou aflitamente após terminar a leitura. Retirou seus óculos e esfregou seus olhos frustrado. Cada vez que lia sobre esse grifinório, sentia seu estômago pesar e um gosto ruim na boca. Seu sangue fervilhava e ele só queria bater na primeira pessoa que surgisse em sua frente.

Levantou-se da cama e rumou ao espelho, encarando-se desesperado. Por que não eu? perguntou ao seu reflexo com angústia. Aproximou-se ainda mais, tocando sua imagem, sussurrando com os olhos fechados. Sabe, eu te notaria... Eu saberia... Eu cuidaria de você... Eu te amaria! Eu seria tudo o que ele não é...

Ao perceber o que falou, Potter arregalou os olhos e se afastou abruptamente do espelho. O barulho de porta abrindo ecoou pelo quarto, fazendo seu rosto se abrasar ainda mais...

— E aí, Harry, vamos treinar? O campo de Quidditch está livre agora e... Cara, o que aconteceu que você está tão vermelho quanto um tomate? — disse Rony enquanto entrava no cômodo com uma expressão de divertimento.

— N-nada... É que... é só que... você sabe... ah, nada! É... vai indo na frente que eu te alcanço, Ron... — embolou-se nas palavras e entrou no banheiro com as pernas bambas.

— Eu, hein, até parece que está apaixonado. Não quero nem saber que tipo de foto da Ginny você tem aí, ok? — comentou risonho enquanto se retirava do quarto. Entretanto, Ronald não soube como Harry se chocou ao perceber que ele deveria estar tendo esses pensamentos com a sua namorada, não com um estranho qualquer.

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