Querido Diário

Capítulo 22

As palavras sublinhadas são palavras riscadas.

-º-

21 de Janeiro de 1996

Querido Diário.

Vou ser honesto... Já devo ter citado aqui sobre a namoradinha do maldito grifinório, não é? Provavelmente foi falando muito mal. Ok, eu realmente detesto o fato dela estar namorando ele! Mas... Merda!

Confesso que é um pouco inveja. Só um pouco! Quase nada...

É só que toda vez que eu vejo os dois juntos que ela é o motivo daquele sorriso lindo do maldito grifinório sorrir tanto, me dá tanta raiva e... no fundo, eu sei que não é raiva... É só que eu queria ser o causador desse sorriso.

Aqui mesmo, eu me mostrei como um cara durão que a odeia, não é mesmo? Só por ela estar se relacionando com o grifinório. Mas, meio obvio que não é isso, certo, diário? Não teria o porquê odiá-la, ela nunca fez nada para mim. Claro que ela é uma daquela família lá, mas o que eu sinto por essa família é desprezo. Ódio? É uma palavra muito forte!

Claro que eu odeio uma ou outra pessoa. Algumas, na verdade. Mas a namorada dele não está nessa lista. Apesar de eu sempre fazer piadas ríspidas, ela sempre fora elegante demais em resposta (qualidade que sempre admirei).

Pelos rumores, ela é inteligente, uma das melhores de sua sala. Inclusive em poções, o que é muito difícil por causa do Snape.

E ela é bonita. Devo admitir que ela é linda. Não é uma beleza comum. E sim uma simples, no quesito de que está nos detalhes. Seu sorriso, o jeito que o cabelo cai-lhe no rosto, suas sardas, seus olhos aventureiros e tão amáveis quanto os dos meu grifinório.

Ela é tudo o que eu não sou.

Por isso que eu não a odeio, diário. Porque ela o merece, enquanto eu, não. Nem um pouco. Nada!

Ambos são grandiosos demais para eu sequer observar. E eu tenho apenas que ficar nos cantos do castelo com a minha solidão. Porque eu não mereço nada de bom.

Um lado de mim clama por amor, enquanto o outro me lembra o tanto que eu não o mereço.

Por isso sou tão sozinho e sempre serei, não importa

B. tá me incomodando de novo. Eu vou fal

Eae branquelo, beleza? Provavelmente não, já que vai ficar puto que eu peguei esse seu diariozinho muggle, não é mesmo? Diga-me depois qual é a graça de ficar escrevendo pra você mesmo? E se alguém ler? Louco! Mas você sabe que eu te amo, né? Aff, se eu gostasse de homem, eu muito te daria umas linguadas e faria você esquecer aquele grifinório retardado em dois tempos. Você merece coisa mil vezes melhor, tipo eu! Nem mesmo aquele teu ex corvinal era bom... Ou era lufano? Que seja, essa raça é tudo a mesma bosta! E relaxe amor, não li nada... Quero que você me conte tudo com essa sua boquinha linda e voz sexy... Te vejo na cama e te pago um boquete.

-º-

Harry terminou de ler a página com um gosto amargo na boca. Talvez pelo ciúme que ainda não aceitava e tampouco assumiria que tinha. Potter fechou rispidamente o diário comprimindo os lábios e respirando pesado.

Ele tinha certeza que o grifinório era um babaca, que a namorada dele não deve ser tudo isso e, com certeza, esse tal de B. não presta. Afinal, quem invade a privacidade alheia e deixa um comentário daqueles? Não era B. que deveria fazer o escritor esquecer o grifinório, e sim Potter.

Ao perceber o que havia pensado, Harry arregalou seus olhos assustado. Retirou seus óculos e esfregou seus olhos, cansado. Toda essa situação estava levando-o a insanidade. Ele necessitava descobrir quem é o dono do diário!

Mordeu os lábios e fitou a cômoda, levemente embaçado, por longos segundos. Recolocou os óculos e pegou suas anotações para atualizar a lista de quem poderia ser esse homem que tem mexido tanto com ele em apenas vinte e dois dias.

1. Duncan Inglebee (R) -> 5º ano

2. Jason Samuels (R) -> 5º ano

4. Draco Malfoy (S) -> 5º ano

5. Vincent Crabbe (S) -> 5º ano

6. Greg Goyle (S) -> 5º ano

Por mais que analisasse a lista, não conseguia pensar em quem retirar.

Ok, se Harry Potter pudesse riscar um nome da lista, ele ficaria em dúvida entre Malfoy, Crabbe e Goyle... Eles são muito cruéis para ter tais sentimentos puros. Principalmente Malfoy.

Contudo, nenhum nome fazia sentido. Releu de novo e de novo e de novo, até sentir seus olhos pesados. Suspirou e, com pesar, guardou suas anotações para dormir. Cobriu-se pensando se, por ventura, conseguiria fazer o escritor se esquecer de seu amor.