Capítulo 17

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As palavras sublinhadas são palavras riscadas.


-º-



5 de Janeiro de 1996

Querido Diário,

Já estou retornando para Hogwarts. Não que eu esteja animado ou alguma coisa assim, eu só... Sei lá. Mesmo querendo voltar para a escola e estar distante de todos, eu não quero estar lá porque esse ano vai ter o O.W.L¹.. Eu estou com tanto medo dessa porra, diário!

Eu sei que tirei O¹ em todas as matérias, óbvio! Afinal, estamos falando de mim...Mas... É que... Sabe como é né... Que merda... Espera... Ah... O problema real é a minha família, como sempre! Por ser filho único e ter a responsabilidade de continuar a nossa reputação e toda essa caralhada, meus pais depositam um enorme peso em minhas costas, inclusive a profissão que eu hei de seguir.

Vou ser sincero, diário, meu sonho é ser curandeiro. Eu sou relativamente perfeito em Poções, DCADT, Feitiços e Transfiguração – Herbologia não sou muito bom, confesso, mas é algo que eu me empenharia a estudar – e essa área sempre me fascinou demasiadamente. Às vezes eu devaneio com um futuro utópico onde eu volto do hospital após um dia cheio e emocionante, com o maldito grifinório me esperando com a janta pronta... Está tudo queimado, afinal, é dele que estamos falando. Mas só de observar sua expressão de desespero eu já me sinto feliz e o abraço. Eu lhe conto sobre as vidas que salvei e as que perdi. Ele me consola e me diz sobre suas aventuras. Seria emocionante, é.

Mas, eu sei que é uma doce ilusão... Meu pai cobiça meu futuro como Ministro da Magia, e é isso que eu serei. Não sou pau mandado do meu pai, se é isso que está pensando, diário... Eu apenas... Não sei... Eu não sei, ok? Eu quero enfrentá-lo, mas não conseguirei... Eu sou muito fraco para me impor contra ele. Fora que... Sei lá... Eu possuo essa maldita fé de que ele vai gostar ou se orgulhar um pouco mais de mim, não sei. Ah! Que caralho.

Porra diário, estou surtando! Não me leve a mal, eu me sinto frágil conversando sobre isso. Eu só desejo um pouco de carinho do meu pai, ou de alguém... E se é seguir a carreira que vai me trazer isso, pois que seja. Por mais que eu necessite gritar em plenos pulmões o quanto eu quero que meu pai se foda e enfie todos seus caprichos no cú, ou que me abrace.

Pelo menos eu espero que ele me abrace.

De qualquer forma, eu não aguento mais essa imensa pressão, sabe? Existe esse dualismo dentro de mim que eu não consigo explicar, tampouco prever quem será o vencedor. Então vou guardando todas essas dúvidas e anseios dentro de mim até que não sobre mais espaço.

Por mais que eu tenha a esperança de sentir uma migalha do amor de meu pai se eu fizer o que ele planeja, no fundo eu sei. Tenho conhecimento de que ele jamais será capaz de demonstrar sentimentos. Às vezes eu acredito que ele não tem alma...

E mesmo assim eu continuo no caminho que ele me indica. Vago em sua sombra gélida sem me importar, porque ele é meu pai e eu ainda o amo apesar de tudo. Eu quero fazer meu pai orgulhoso, compensar por tudo que eu sou. Eu tento agradá-lo, ocultando minha verdadeira natureza, mas... Eu queria ser eu. Em qualquer coisa, por um reles segundo.

Já tentei conversar com a tia B¹ sobre isso. Ela riu e me abraçou, aconselhando-me a esquecer esses pensamentos bobos da minha cabeça. "Apenas faça o que lhe é esperado. Você irá sofrer menos, querido", sussurrou enquanto me afagava os cabelos. Mas... Eu sofro mil vezes mais dessa forma.

Fere-me ver meu pai com desgosto nos olhos... Machuca-me notar que eu não atendo as expectativas de meus pais... Por isso que eu não sei o que fazer diário... Devo ser eu ou ser quem todos esperam que eu seja?

Enfim, P. e B. Já foram se trocar. Vou indo colocar minhas vestes também... Até mais, querido diário.

-º-

Harry terminou a leitura com um sorriso no rosto, admirado com o fato do escritor querer ser curandeiro. "Eu te apoiaria totalmente nessa decisão" divagou Harry acariciando a página.

O grifinório não entendeu muito bem pelo que o outro estava passando, mas com certeza ele iria socorrê-lo no que pudesse. Parecia que o escritor estava muito atormentado com isso. E ele não merecia se magoar mais! Suspirou, olhando de relance a bonita letra no caderno.

Potter desejava compartilhar desse futuro com o outro. E ajudaria o escritor a realizar seu sonho. Cogitaria até pedir que Neville ajudasse o escritor com Herbologia para os O.W... "Espera...O.W.L.? Ele está no quinto ano?", sobressaltou-se, levantando da cama eufórico e sentindo o coração bater cada vez mais rápido. Desajeitadamente, pegou o papel onde escrevera sobre o escritor escondido em sua escrivaninha e checou os nomes, fazendo as devidas alterações.

1. Roger Davies ( R ) -> 6º ano.

2. Duncan Inglebee ( R ) -> 5º ano... Uau.

3. Jason Samuels ( R ) -> 5º ano... Interessante.

4. Grant Page ( R ) -> 4º ano... Uma bizarrice a menos.

5. Cedric Diggory ( H ) -> 7º ano. Que pena... Não que eu quisesse que ele... Er...

6. Zacharias Smith ( H )-> 5º ano. Que bosta... Que grande bosta...

7. Anthony Rickett ( H ) -> 5º ano. Possível. É

8. Draco Malfoy ( S ) -> 5º ano. Bizarro se fosse ele. Não faz sentido algum. Quer dizer, ele é tão cheio de si...

9. Adrian Pucey ( S ) -> 6º ano. Nem sei o que pensar sobre isso.

10. Graham Montage ( S ) -> 4º ano. Ainda bem.

11. Vincent Crabbe ( S ) -> 5º ano. Credo.

12. Greg Goyle ( S ) -> 5º ano. Impossível.

Olhou para o pergaminho rabiscado e sorriu de lado. Havia sete possibilidades. Harry sentia-se feliz por estar perto da descoberta.

-

¹. O.W.L. = N.O.M.

O de Outstanding, que seria o equivalente ao B de Brilhante, no Brasil o/

Tia B: Bellatrix

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