Capítulo 21

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As palavras sublinhadas são palavras riscadas.


-º-


20 de Janeiro de 1996

Querido Diário,

Céus, como eu me sinto solitário... Quer dizer, já me senti solitário antes, mas hoje está demais! Esse silêncio está envenenado minha alma... Faz com que meus pensamentos ensurdeçam minha sanidade.

É oficial, diário, eu vou ficar louco!

Eu sei que eu tenho P. e B., mas, mesmo assim, essa sensação não vai embora. Me sufoca! É agoniante sentir minha garganta se fechando a cada respiração, meu peito arder como se eu não fosse suportar... E de fato há vezes em que parece que não vou. Porque é sempre difícil demais, sabe?

Quando eu era criança, às vezes eu me sentia assim... Depois que o... Daniel e tal... Eu ficava com minha mãe. Ela não perguntava nada, apenas me abraçava com um doce sorriso e fazíamos alguma coisa juntos.

Minha coisa preferida no mundo era quando ela me ensinava a tocar o velho piano¹ de sua bisavó. Era um piano marrom de armário, bonito, cujo som me fazia sentir momentaneamente preenchido. Merlin, daria tudo só para poder ouvir ou tocar aquele piano...

Meu pai não gostava que aquele piano era tocado. Óbvio, não é mesmo? Dizia que só muggles tocavam esse instrumento. Bom, eu não me importo, porque o som me acalma o espirito.

Às vezes jogávamos, também, xadrez bruxo, dentre outras coisas... Entretanto, o piano continuava sendo minha preferida atividade

Bom, já volto, diário.

Voltei, diário. Acabei demorando porque me encontrei com B.. Ele está preocupado comigo. Fico lhe dizendo que estou bem, mas no fundo ele sabe que não. Eu só não o quero preocupar, sabe? Minha vida é fodida demais pra ficar preocupando meus poucos amigos. Mas eu fico feliz que ele se preocupa.

Saí porque escrevi uma carta para minha mãe e fui enviá-la. Senti uma doce nostalgia e aproveitei o fluxo. O vazio ainda me incomoda, mas pelo menos me sinto um pouco melhor... Acho que agora vou conseguir dormir...

Boa noite, diário.

-º-

Harry sorriu. Sentiu-se feliz que o outro, apesar de toda sua tristeza, ainda podia-se apoiar em sua mãe e nas memórias que tinha com ela. Entretanto, seria mentira dizer que não sente também uma pontada de inveja. Afinal, Harry nunca conheceu sua mãe.

Potter sempre desejou abraçá-la. Ou pelo menos ter essa memória em sua mente. Um beijo, a lembrança de seus olhos, tão iguais aos seus. Contudo, tudo o que lhe restou foi a abusiva infância com sua tia. Por mais que forçasse sua memória, nada antes surgia... até recentemente.

Ultimamente Harry lembrava-se de palavras estranhas e de sentir frio. Talvez um clarão, mas nada muito nítido. E também um homem vem assombrando seus sonhos. Talvez não um homem, mas algo muito semelhante. Olhos vermelhos e frios sempre o intimidando, e ao invés do nariz, havia fendas como uma serpente.

Cada dia que passava, esse homem fazia algo diferente com ele. Havia dias que ele apenas o fitava. Outros, torturava-o apontando sua varinha. Também tem os que ele voltava nos seus tempos de infância, sofrendo os abusos de seus tios, e ele sentia a presença do homem misterioso. No entanto, os piores eram quando Harry sonhava que estava com seus pais, e o homem aparecia e matava os matavam em sua frente, enquanto Potter não conseguia fazer nada para impedir.

Era então que acordava ofegante e coberto de suor. Às vezes em prantos e sem ar, talvez até desejando a morte, mas sempre assustado, olhando para os lados, receoso de encontrar os temíveis olhos vermelhos como a cor de sua casa.

Por causa desses pesadelos constantes, Harry passou a não querer dormir mais e a passar muito tempo com sua capa da invisibilidade. Pegava seu mapa do maroto e vagava por Hogwarts, desvendando-a. Sobrevivia de pequenos cochilos e muita cafeína.

Até que então, quando desbravava a biblioteca, descobriu um pequeno livro. Claro que ainda tem os pesadelos, mas quando os tem, não precisa pegar sua capa e fugir deles por não tem a quem recorrer, e sim ler mais uma página. Porque Harry finalmente encontrou alguém.

-º-

¹. eu sou apaixonada por instrumentos musicais, então na minha fic, instrumentos musicais não tem dono, ou seja, não é de bruxo tão pouco de muggle, são de ambos...

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