O que queima através de nós | LIVRO I

24 | as fadas do subsolo

GRACE

Assim que chegamos ao subsolo, eu só podia ver um túnel de trepadeiras, onde Chiara avisou "não encostem nelas" e então caminhamos por ali com Chiara e Damian bem a frente, mas a cada passo que eu dava, sentia uma sensação estranha em meus pulmões... O oxigênio era muito pouco.

Eles viraram uma curva estreita e eu estava por último, caminhando cada vez mais devagar e Braeden estava um pouco a minha frente. Foi quando vi tudo girar a minha volta.

— Braeden? — Chamei, com meu último resquício de força, até cair contra as trepadeiras. Minha consciência estava limitada e eu lutei para não perde-la por completo.... Enquanto as trepadeiras se enrolavam em mim, me prendendo contra o muro, segundos depois notei Braeden, enquanto eu lutava em busca de ar, tirar uma adaga de sua bota e cortar com precisão as trepadeiras que se enroscavam e mim. Quando elas se partiram eu teria caído de joelhos se Braeden não tivesse me segurado e nos levado ao chão. Me deitando em seu colo. Eu buscava o ar mas ele não vinha, e era desesperador. Estar afogando a seco.

— CHIARA? DAMIAN? — A ouvi chamar. E então notei que os outros dois voltavam correndo. Eu pude ver Damian se fazer em chamas, mas eu já não sabia discernir muita coisa.

— O túnel está a deixando sem ar, é uma armadilha para humanos, temos que atravessa-la no portal agora! — Foi a última coisa que ouvi, antes de sentir Damian me pegar, e tudo ficar preto.

Quando meus sentidos foram voltando, permaneci de olhos fechados, era bom sentir o ar e ir vir em meus pulmões, da mesma forma que a consciência era gratificante... E eu podia ouvir conversas ao meu redor. Vozes melodiosas. Permaneci assim, quieta, deitada em um lugar macio como um ninho de plumas, ouvi algo como "ela logo vai acordar", e as vozes ficando dispersas e se afastando. Restando apenas o silêncio.

Quando eu estava pronta para abrir os olhos, passos vacilantes estavam a minha volta, ao meu lado. Eu conhecia esse cheiro...

Senti um toque tirar uma mecha de cabelo da frente do meu rosto, devagar. Os dedos masculinos circularam a minha face, e eu senti o aproximar tenso, a respiração contida sobre meu rosto, e o roçar de lábios em minha testa, onde foi depositado um beijo. De lábios quentes. Fiz de tudo para não me mexer.

E da mesma forma que veio... O calor se afastou. Damian se afastou.

Eu poderia estar sonhando... Só havia uma explicação plausível para isso.

Entre-abri as pálpebras devagar, então pisquei algumas vezes para me acostumar com a claridade.

Olhei a minha volta, eu estava no que parecia ser uma tenda retangular, um bangalô, o material que era feito, caia em cortinas brancas esvoaçantes...

E eu estava, literalmente, como havia pensado, em plumas. Em um imenso ninho de plumas.

Respirei fundo, me sentando, um tanto confusa, o chão era feito em pedras transparentes e brilhantes como um diamante.

E eu estava sozinha ali e respirava normalmente.

Fiquei de pé, e ajeitei o vestido no corpo, caminhando devagar... Puxei um pedaço da cortina e então, arfei em um misto de encantamento e surpresa.

Todo o solo era revestido naquela pedra brilhante, mas ali fora, com as lanternas que estavam suspensas, flutuando em pleno ar, brilhava com as cores do arco-iris. Eram passarelas, e o redor de cada tenda, circulava água cristalina. Olhei para cima, havia uns seis metros acima de mim, e no fim tudo era feito de... Diamantes. Eram diamantes. Céus!

Onde eu estava haviam incontáveis tendas e... Engoli em seco, ao avistar duas fadas. Elas eram...

Eram esguias, mas curvilíneas, tinham por volta de 1,85 de altura, tinham nariz fino e delicado, maçãs do rosto muito evidentes e sorriam largo em bocas muito chamativas e dentes perfeitos. Tinham cabelos muito longos e brilhantes, uma era loira... Mas a outra tinha cabelos azuis. Eram azuis! Muito azuis! Seus olhos eram dourados. Elas estavam descalças, vestiam um vestidos de tule longo com fendas, transparências e decotes, e muitas jóias de ouro.
Eram tão deslumbrantes, que me senti menor que um roedor.