G R A C E
Na manhã seguinte, depois que finalmente me banhei e vesti as roupas que Braeden já não usava. Uma surpresa foi ela ceder pois não parecia gostar de mim, ela foi intimada pela Chiara pois os vestidos dela ficaram apertados em uns lugares e largos em outros.
Não entendia porque Braeden não usava aqueles vestidos, eram tão bonitos. Mesmo que fossem todos escuros e um pouco reveladores demais pra mim, nos recortes nos seios, mesmo sendo longos.
Chiara parecia estar adorando aquele momento de me vestir, segundo Braeden ela estava me fazendo de cobaia, e Chiara protestou dizendo só gostar de "moda" e que a Braeden nunca era solicita a querer fazer cabelos, unhas e coisas do tipo.
Enquanto Chiara me fazia de "cobaia" e Braeden assistia, mesmo comigo sentada sem conseguir andar muito, Chiara já tinha me feito experimentar vestidos, penteados, me pintado, e agora estava tirando pelos da minha sobrancelha, mas meus ouvidos estavam atentos aos outros cômodos da casa, eu podia ouvir os passos das botas de Damian esporadicamente, e agora, estando vestida dessa forma, como uma das bruxas, minha mente me perguntou, o que ele acharia.
Prontamente, afastei o pensamento, porque ele acharia alguma coisa? Por que eu iria querer que ele achasse alguma coisa?
Era até mesmo ridículo pensar nisso.
E para minha felicidade, antes que Chiara inventasse de fazermos as unhas, sendo que eu já estava cansada... Eric apareceu, viera para me examinar.
Ele até tinha me dado algumas misturas pra dor, mas as poções e emplastros da Chiara e da Braeden resolveram melhor minha situação. Ele mesmo admitia.
Assim que ele terminou, Chiara apareceu para nos chamar para almoçar. Os almoços ali eram muito mais tardes do que no Vale das Cinzas, observei. E elas acordavam por volta das dez da manhã, algo incabível na minha realidade, pois as dez o almoço tinha que estar pronto para meu pai.
Meu pai... Será que estavam me procurando? Será que... Se preocupou comigo? Mesmo que só um pouquinho?
Afastei o pensamento, pois eu já tinha minha resposta.
Todos almoçamos juntos, menos por uma pessoa, Damian. Eu não sabia onde ele poderia estar, mas também não perguntei, por mais curiosa que estivesse.
Era surpreendente como Eric se dava bem com elas, mesmo sendo humano, até mesmo Braeden o tratava como amigo, o que era bem diferente de como ela me tratava.
Logo, Chiara e Eric me fizeram voltar para o quarto, para poder descansar, e o fiz, mas vez ou outra durante a tarde enquanto levantava para beber água ou ir ao banheiro, eu não conseguia conter minha vontade de abrir aquela porta bonita no centro do corredor, mas ao mesmo tempo temia ser pega, pois era ali que eu tinha abrigo, e não queria ser posta pra fora por algo que eu poderia ter evitado.
Mas a curiosidade era tanta.
Depois que tomei banho, me sentei com Chiara para tomar chá com biscoitos na sala, era uma tarde fria e tinhamos mantas sobre as pernas, segundo ela, um tanto contraposta, Braeden estava na horta, colhendo legumes para o jantar, de acordo com Chiara, Braeden detestava esse oficio, e justamente por isso, eu tive a ideia de pedir a Chiara para cuidar da horta enquanto estivesse ali, eu não me importaria em nada, e não me sentiria tão inútil. E ela concordou que eu o fizesse assim que me sentisse melhor e as dores se esvaissem, me deixando satisfeita.
Mas ainda sim, minha atenção estava voltada para a falta de Damian, ele não apareceu o dia todo, sequer pra comer.
Sem mais guardar para mim, tive que questionar a Chiara, esta tinha um livro grosso e acolchoado em mãos, parecia ser totalmente escrito em runas. Eu gostaria muito de ter algo para ler, mas não tive coragem de pedir a Chiara... E era pra mim, tão surpreendente que ela entendesse, aqueles símbolos estranhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O que queima através de nós | LIVRO I
FantasiNo Vale das Cinzas, muito se fala do fogo que tomou em chamas a propriedade dos Kingsley, levando a vida de um casal, pelas mãos do próprio filho, Damian Kingsley. Este, conhecido por sua crueldade, foi exilado, e assim amaldiçoado por forças superi...