GRACE
Já havia bastante tempo desde o momento que acordei, e eu me via definhando em tédio dentro daquela tenda. Mas me segurei firme ali, pois eu não queria causar nenhuma confusão para Chiara, Braeden ou Damian, isso eu já tinha feito o suficiente.
E o livro continuava ali, a minha vista.Comi o que tinha na bandeja e comecei em uma luta para segurar a vontade de ir a casinha. Só que cada vez minha mente parecia mais inclinada a tortura psicologica de usar a casinha. Dava pra aguentar e...
Não aguento mais! Foi o que pensei, já haviam passado umas quatro horas que eu estava ali segurando, minha bexiga chegou a se anestesiar por um tempo mas agora estava cheia, em força total.
A casinha mais próxima ficava no fim da passarela principal, não era longe. Peguei o livro de Braeden e enfiei dentro das minhas roupas. Abri uma fresta da cortina, para ver fora da tenda, e não havia ninguém ali. Olhei em direção onde tinha que chegar e me coloquei para fora, tentando dar passos rápidos e silenciosos mesmo estando tão tensa. E passo por passo, eu cheguei até lá sem ser vista. Entrei rapidamente e tirei o livro de onde estava, e enfim pude fazer minhas necessidades.
Usei o tempo que estava ali para lavar o rosto e a boca com um frasco com água de hortelã que estava disposto, peguei o livro de volta e coloquei onde estava antes. Abri uma frestinha da porta de mogno e voltei a fechar devagar novamente. Duas fadas estavam circulando entre as tendas. Céus!
Coloquei o ouvido contra a porta tentando ouvir alguma coisa ou elas se afastarem. Nada. Então esperei... Esperei... Esperei... Esperei... E voltei a abrir a fresta de novo. Já não havia ninguém ali.
Contudo, diferente da outra vez, eu corri em direção a tenda onde estava. Quando abri sua cortina para entrar, estava completamente ofegante.
Entre-abri a boca, ao notar que não estava sozinha.
— Ora... Ora... — Ouvi Braeden murmurar, me fuzilando com o olhar. Chiara e Damian também estavam me olhando com reprovação. Chiara sentada no ninho e Damian de braços cruzados me olhando como se eu tivesse jogado água nele (de novo).
— Onde você foi, Grace? — Chiara perguntou. Mas eu notei no colo dela, uma caixinha de vidro, estava repleta de flores, todas no tom do mais perfeito azul. Conseguiram.
— Na casinha, eu já não aguentava mais segurar. — Respondi, sorrindo amarelo. — Mas ninguém me viu! — Fiz questão de dizer. Era notório que eles não deram muito crédito quanto a isso.
— Onde está meu livro? — Braeden questionou, seca.
O tirei de meio as minhas vestes, com ela me fuminando com o olhar. E o estendi para ela que o pegou rapidamente como se eu fosse sequestra-lo.— E a busca pelas flores? Correu tudo bem? — Perguntei, me dirigindo a Chiara. — Já podemos ir embora? — Fui direto ao ponto. Eu não gostava daquele lugar, por mais bonito que fosse.
— Essa parte sim. Fomos até lá e a colhemos. — Chiara disse em suspiro cansado.
— Ariahmal nos fez dizer nossas motivações. — Braeden disse.
— E isso é ruim? Digo, vocês estão buscando o melhor para a floresta, é do interesse delas. — Comentei, o que passou pela minha mente.
— Ariahmal teme que se novos seres venham para a Floresta, a harmonia se quebre. — Damian disse.
— Novos seres? — Perguntei sem entender. Eu sabia que eles precisam achar formas de manter a magia na floresta, e isso era, com mais vidas, magia, dentro dela. Por isso o plano anterior era uma concepção. Provavelmente de Chiara.
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O que queima através de nós | LIVRO I
FantasiaNo Vale das Cinzas, muito se fala do fogo que tomou em chamas a propriedade dos Kingsley, levando a vida de um casal, pelas mãos do próprio filho, Damian Kingsley. Este, conhecido por sua crueldade, foi exilado, e assim amaldiçoado por forças superi...