47 | antes do fogo

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UMA VOLTA NO PASSADO

Não estamos falando de uma noite qualquer no Vale das Cinzas. Para Damian Kingsley era apenas seu aniversário de 20 anos. Mas no fim, era reservado uma grande tragédia.

Naquele início de noite dois amigos saíram a cavalo, juntos. Devagar, pois Damian não tinha o costume de montar.
Percorreram os Alpes e o Intermediário, até a Vila, com Eric mostrando a Damian, alguns lugares que ele não conhecia no trajeto.

Eric estava animado pelo amigo que depois de mais de um ano saía de casa, como um presente. A confiança de seus pais que tudo correria bem. Era apenas uma noite. E então, eles foram até a casa de mulheres, não que Eric tivesse real interesse ali, mas Damian parecia empolgado com a idéia. E depois que saíram de lá, foram até a taverna de Alastor.

Se sentaram em uma banqueta e pediram só um pouco de cevada, enquanto conversavam sobre Damian depois de hoje poder sair mais vezes, adquirindo a confiança de seus pais, para ir a Biblioteca das Páginas Flamejantes no dia seguinte, o que ele tanto queria fazer. Sem perceberem que no escuro, do outro lado do bancada, ocultado pelas sombras, Victor Kingsley os observava.

Victor Kingsley sabia que Damian tinha um segredo. Os tios o super protegiam. Era uma doença ou outra coisa? Ele não saberia dizer, pois todas as vezes que tivera o desprazer de estar com o primo, ele sempre pareceu saudável. Até demais.

Enquanto os mais jovens estavam distraídos em sua conversa, ele chamou Alastor até ele, e colocou dinheiro em sua mão, pedindo para "presentear" a Damian com sua água ardente mais forte. E o velho barbudo e piolhento, logo fez.

Victor riu consigo mesmo imaginando  Damian chegando em casa bêbado, seus tios ficariam tão decepcionados...

Damian aceitou a garrafa, mesmo estranhando, no mesmo momento que Eric Vallahar pediu a Alastor um dos esqueiros que eram vendidos ali.

Todo homem no Vale das Cinzas tinha um. Eram todos no mesmo modelo, Victor inclusive, tinha um, em seu bolso.

Quando deu cerca de meia noite os rapazes saíram do taverna, o povo do Vale das Cinzas já dormia, tudo era a mais pura escuridão, montaram a cavalo, e no meio do caminho, as sombras, entre a divisa da Vila com o Intermediário, começaram uma brincadeira idiota de garotos, de jogar aquele esqueiro aceso um para o outro, e estando a cavalo e distantes um do outro, a dificuldade era maior, e se deixasse cair ou tocasse nas chamas que Damian encantou para não queimar, teria que desmontar do cavalo para o pegar. Eric saiu perdedor algumas vezes, sem perceber que Damian trapaceava pois podia trazer sempre a chama de volta pra si. E assim começavam e recomeçavam o jogo.

Até que chegaram ao Intermediário, Eric ficou em sua casa e Damian seguiu sozinho para os Alpes, era apenas a um pouco mais de um quilômetro dali. Eles não tinham o custume de consumir álcool, e haviam bebido algumas canecas de cevada, quem ia se lembrar de quem ficou com o esqueiro por último?

Nenhum deles ficou com o esqueiro naquela noite, Eric quando foi colocar seu cavalo no pequeno estábulo, não notou seu esqueiro caindo em uma das baias.

E Damian, foi pra casa de cabeça leve. Feliz pela noite. Mas não queria que ela acabasse ainda, e por isso, pegou aquela garrafa de aguardente assim que chegou em frente a sua casa, amarrou o cavalo de seu pai, nas grades do portão robusto de entrada, e se encostou em uma árvore, e se colocou a tomar o conteúdo desta.

Apagando, sendo dopado pelo álcool. Afinal, um espírito de fogo não reagia muito bem a ele.

Mas cerca de menos de uma hora antes, um garoto de 13 anos saiu de sua casa e entrou pela porta dos fundos da mansão dos tios, que dava acesso a cozinha, com a chave que sabia que ficava debaixo do capacho.

O que queima através de nós | LIVRO IOnde histórias criam vida. Descubra agora