Capítulo 04

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Capítulo 04 

Eduardo Toledo

— Ela é sua namorada, tio? — Bruninho perguntou, enquanto seguíamos para a sala.

— Ela é uma amiga — eu falei.

— A namorada é a tia Luísa, né? — perguntou curioso, me fazendo rir.

— Não, tia Luísa não é minha namorada — eu falei, chegava a me dar pânico pensar em ter um relacionamento afetivo dessa maneira com ela.

— Ela diz que é.

— Tia Luísa é doida — falei sem pensar, fazendo o menino rir.

— Mamãe disse que ela foi trocar de peitos — ele contou e eu assenti — que você deu pra ela e nem pra isso meu pai serve.

— Mamãe deveria pensar melhor no que te conta — eu falei. Descemos as escadas e o casal de inimigos estava lá, Bruna com a cara fechada e Fred sentado ao sofá, com as mãos cruzadas atrás da nuca.

— Eu não posso ficar? — Bruninho perguntou e Fred ergueu o rosto.

— O seu pai não quer você aqui — a mãe dele resmungou.

— Se você quiser, pode ficar sim, meu filho — Fred falou irritado — sua mãe é uma maluca, por isso quer afastar você de mim.

Olhei irritado para Fred, os dois bagunçavam a cabeça do menino, que ficava ali no meio recebendo as farpas que trocavam. Em algum momento me perguntei se haveria alguma chance de eu e Bianca termos virado isso aí.

— Você não pensou duas vezes antes de se envolver com aquela vagabunda e eu sou maluca, Frederico? — ela perguntou, aumentando o tom da voz.

— Parem, vocês dois! — eu falei, esgotado dessa merda — Bruno, se você quiser ficar, pode ficar. Seus pais que precisam aprender a parar de brigar sem motivo.

— Ele não vai ficar! — a mulher falou decidida, indo puxá-lo pela mão — eu já fiz muito o deixando passar o dia com esse energúmeno. E só deixei por causa da família dele.

Eu não iria ficar me intrometendo nessa briga infame, onde o único prejudicado era o filho deles. Fui até a porta e a abri para que ela fosse embora logo. Ela não se deu o trabalho de se despedir de mim, mas me abaixei para abraçar o pequeno, o que mais sentia com toda essa confusão.

— Prometo que vamos fazer algo legal essa semana — eu falei e ele sorriu animado, assentindo.

— Leva a sua amiga. Eu gostei dela — ele falou e o encarei confuso, mas logo me lembrei de Jordana — mesmo que ela não saiba nem jogar dominó.

— Se ela puder ir, eu levo — falei, para não comprometer Jordana. Fechei a porta que dava para o elevador e olhei para Fred, que parecia não entender a gravidade das brigas que estava protagonizando com a ex.

— Seu filho não merece passar por isso, cara — eu resmunguei — ele fica presenciando essas brigas, você falando merda sobre a mãe dele e ela sobre você, jogando essa bomba na cabeça do menino... Vocês dois estão em crise. Mas ele merece ser tratado com dignidade. Com um pouco disso pelo menos.

— Se ela é louca! — ele falou irritado — eu só não digo que quero voltar no tempo e ter desconhecido essa demônia, por causa do meu filho.

— Encontrem um jeito de resolver. O menino não merece estar no meio dessa confusão, como se fosse culpado.

— Ela não tem a menor condição de criar meu filho — ele falou, me fazendo rir incrédulo.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora