Eduardo Toledo
Toda vez que Jordana mencionava precisar ir embora, eu fazia manha. Pareci um idiota mimado – que eu realmente era –, querendo o afago e o carinho dela. Que me dava, mesmo contrariada.
Eu sabia que teria que me desculpar, que precisava, mas não sabia como fazer isso sem me corromper inteiro. Ela não iria abandonar toda sua vida outra vez para ficar comigo sem que eu me corrompesse, abandonasse meu remorso e o meu medo. Mas eu não me sentia capaz ainda.
Ela ficou sentada na cama, escorada à cabeceira e mexia no celular. Eu sabia que falava com o outro idiota lá, mas não banquei o possessivo maluco, eu não era esse cara. Mas como eu era o idiota que desprezava o que vivíamos para não parecer apaixonado, ficava inseguro de ela encontrar tudo sublimemente em outro cara.
A minha sorte foi a febre. Imaginava que o ritmo frenético das últimas semanas, onde eu me alimentei mal, bebi muito e fiz várias merdas ajudou a acabar com a imunidade. Uma noite de cabelo molhado no ar condicionado deve ter me resfriado. Juntando isso com a ressaca desgraçada, eu fiquei um caco.
Deitei minha cabeça no colo de Jordana e ela deixou o celular sobre o colchão. Começou a acarinhar meu cabelo, passeando os dedos entre os fios.
— Eu não entendo você — ela falou um tempo depois e eu mantive os olhos fechados — deixou claro pra todo mundo que nunca teríamos nada... Depois me humilhou dizendo que só me comia. Agora está aí, fazendo esse drama, me deixando confusa e...
— Eu não queria te encher de promessas ou esperança de que... — parei de falar — eu fiquei com medo. Não acho que eu esteja capaz de dar pra você o que você merece. Que eu vá conseguir...
— Ou você apenas não quer? — ela perguntou, me interrompendo e eu fiquei quieto por um instante.
— Eu tenho medo — falei, a voz chegou a travar e eu engoli pesado — eu tive medo...
— E por que eu estou aqui agora? — ela perguntou — você pode olhar para mim? — neguei com a cabeça, covarde e incapaz.
Jordana suspirou com força e parou de passear os dedos por meu cabelo. Seu celular começou a tocar e eu não tive tempo de ver quem era, antes de ela pegá-lo.
— Oi, vovó... Eu não estou me sentindo bem agora... Muita dor de cabeça... Sim, aquela enxaqueca horrível... Obrigada... Vou tomar. Beijo — e desligou, soltando o celular na cama de novo.
— Obrigado por ficar aqui comigo — eu murmurei, envergonhado por tudo o que andei fazendo, por como andei agindo. Pareci um moleque, mas nem quando mais novo eu fui tão impulsivo e ridículo dessa maneira.
— Eu sabia desde o primeiro minuto que você seria problema — ela falou lamentosa — não imaginei que desse tamanho.
— Eu posso tentar consertar algumas coisas — eu falei e ela deu um riso desanimado.
— Você esteve com outras mulheres, eu não acho que tenha o que consertar... Está tudo quebrado.
— Você saiu com o idiota do Teo — eu retruquei, não acreditando que me deixaria entrar nesse caminho. Mas estava fraco demais sem ela, viciado demais para querer manter o orgulho, apesar de todo o medo.
— Eu não transei com ele — ela replicou com mais ênfase, me deixando aliviado e eu me sentei.
— Eu sinto muito — falei sério, a encarando — eu posso tentar melhorar, não agir tão impulsivamente... Não sair falando bobagens por aí, só pra camuflar o meu medo.
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Doce Tentação - volume 1
ChickLit"Nos meus planos, quando eu quisesse voltar a me relacionar, tudo seria um mar de rosas. Mas me deparei logo com esse cara cheio de confusões." Lembre-se: plágio é crime! Livro 1 da série tentação. Volume 1 e 2 contam a história de Eduardo e Jordan...