Capítulo 12

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Eduardo Toledo


Eu estava em meu escritório, no meu apartamento. Fred repetia os vídeos de Luísa, se divertindo com a cena dela. Era muito óbvio que ela não deixaria passar batido. Que não aceitaria o fim e seguiria em frente.

Nos comentários dos vídeos em um perfil de fofoca, pessoas prestavam solidariedade para ela e me massacravam.

Havia coisas como "ele sempre foi um grosso com ela" e "parecia não suportá-la" e "ele não a merece".

Eu até merecia alguns dos comentários, era mesmo um grosso com ela, não a suportava, não só parecia como encenava ao lado dela para sanar sua vontade.

Pessoas também a questionavam, diziam que vivia a minha custa, mas logo rebatiam, ela tinha o próprio dinheiro, ganhava bem com seu trabalho de influenciadora. Quando chegou a parte que ela começou a chorar dizendo que me amava, Fred começou a rir.

— Ela fez você não poder aparecer por aí com outra nem tão cedo — Fred falou e o encarei, era esse o ponto, ela fez de caso pensado. Qualquer outra que fosse vista ao meu lado, seria massacrada.

— Eu não me importo — resmunguei — daqui um tempo as pessoas vão esquecer isso. Deus vai abençoar e vai aparecer outro cara pra fazer o que ela quer.

— Se ela quiser, vai mesmo — ele falou, concordando.

Voltei meu foco ao notebook em minha frente, mas Fred voltou a falar.

— Sabe quem ficou de olho na santinha? — a pergunta veio trazendo uma pressão no meu peito, o olhei, esperando — Ravi...

— E daí? — minha voz pareceu embargar e Fred deu um riso.

— E daí que você vai deixar ele ficar com ela?

— Eu não mando nela, Fred — resmunguei, tentando focar no meu trabalho, mas não consegui e voltei a indagar: — ela quis?

— Não sei — me amigo pareceu desdenhoso — Marina quem está incentivando. Vamos sair amanhã, almoçar e beber alguma coisa...

— Hum — falei, fingindo desinteresse.

Não iria ficar remoendo esse negócio com Jordana. Eu iria aproveitar por algum tempo, mas jamais oferecia algo mais, depois iria descartá-la e deixá-la sofrendo? A troco de que?

Fred foi encontrar Marina à noite e eu fiquei de olho nas redes sociais deles quatro, para saber se Fred não estava me escondendo algo. Por desencargo de consciência, mesmo.

Bebi sozinho em meu apartamento, ouvi uma boa música, me distraí. Lembrei-me do quanto eu gostava da minha própria companhia. Lembrei-me de Bianca, também. De tudo que poderíamos estar vivendo juntos, mas fomos brutalmente interrompidos.

No domingo, eu tentei ficar em casa, mas não suportaria ver um amigo meu levando a garota que foi minha. Insano, completamente pirado, eu sei. Quando Fred me informou onde estavam, eu fui até lá. Fiquei nervoso, irritado por ela ser tão fácil de seguir em frente. Mas o que eu queria, depois de todas as cenas de Luísa?

A mesa deles estava cheia. Até mesmo Chiara estava lá, com o noivo. Eles me olharam surpresos, afinal eu não havia sido convidado. Fred pediu mais uma cadeira ao garçom e a colocou ao seu lado. Mari deu um beliscão nele, bem imaginando que ele estava mancomunado comigo. Quando me sentei, fiquei ao lado de Jordana. E Ravi do outro lado dela. Chiara me lançou um olhar incrédulo, mas começou a rir.

— Contei alguma piada? — perguntei sério e ela cessou a risada.

Daqui, eu conseguia ouvir a conversa do casal ao meu lado. Eu estava igual um idiota aqui no meio, ouvindo tudo e engolindo calado, sabendo dos planos dele de irem pra ilha dos pais dele, que poderiam fazer algo sozinhos depois daqui. Eu pareci ter engolido uma abelha, essa frustração entalada na garganta.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora