Capítulo 25

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Jordana Testa

Eduardo era um frouxo. Qualquer mal estar o derrubava. A ressaca dele mais parecia uma dengue severa e ele se jogava fundo nos efeitos, fazia o maior drama e muita manha.

Chegamos ao apartamento dele e ele tirou toda a roupa, se jogou na cama e cobriu os olhos com o braço. Eu imaginava que ele deveria estar sentindo algum desconforto pelo excesso de bebidas na noite passada, mas ele era muito exagerado.

Quando vi que ele não iria reagir, liguei para Noêmia, pedindo socorro sobre o que ela fazia para curá-lo dessa doença. Ela se divertia comigo e com ele, porque ele fazia manha e eu deixava. Dizia que eu estava o deixando muito mal acostumado. E estava mesmo. Mas eu estava tão apaixonada que cuidar dele se tornava involuntário.

Dei o remédio que ela indicou e fiz um suco verde detox. Edu bebeu tudo e dormiu um pouco. Tomei um banho e vesti uma camiseta dele. Como ele estava adormecido, eu saí do quarto e fui para a sala de jogos. Fucei a estante procurando algum livro legal, mas havia mais livros clássicos. Entre eles, peguei um álbum, como se estivesse escondido entre tantos livros de capa dura.

Ao abrir, eu vi as fotos dele com a mulher loira, de cabelos lisos e olhos bem verdes, como os dele. Fotos em um centro cirúrgico. Meu coração falhou uma batida, era o momento do parto? Me deu certo pânico ver e pensar sobre aquilo, mas continuei passando as fotos. Ele parecia tão animado, sorrindo tão bonito e ela também. Depois dessas, havia mais fotos do casal, eu não vi todas, estava doendo em mim, pensar no que ele havia passado, na perda.

Eu perdi meu pai e sabia como era doloroso perder alguém que amamos, mesmo que com meu pai, nós meio que fomos preparadas por meses, quase dois anos aliás, de tratamento. Não foi algo fulminante ou repentino. Era terrível, não haveria algo pior, mas ele tinha planos felizes e a perdeu em um momento tão importante e não esperava.

Ouvi Edu me chamando e escondi o álbum atrás de mim. Me vi desesperada para não ser pega olhando, ele não queria sequer se deixar viver outro amor depois dela, certamente não iria querer me ver olhando. Coloquei o álbum de qualquer jeito na estante e saí da sala de jogos antes que ele entrasse.

— Está melhor? — perguntei, mas estava nervosa — dormiu pouco...

— Um pouco — ele falou, coçando o olho com uma mão e me puxou pela cintura. Dei um sorriso, quando ele me abraçou e afaguei suas costas — nunca mais vamos beber desse jeito.

— Você que é tão dramático, meu bem... Eu não fiquei tão ruim assim e olha que nem sou acostumada — eu falei e ele se afastou para me olhar, mas me abraçou de novo, tão dramático...

— Vamos pedir algo pra comer? — ele perguntou e eu assenti.

Jantamos pizza e um suco de laranja muito gostoso. Depois ficamos no sofá agarrados, namorando. Ele encerrou mais um beijo e eu acariciei seu rosto, me aproximando para roçar nossos lábios.

— Eu te amo — sussurrei, erguendo o olhar até o seu. Não sabia se haveria hora certa para dizer, ou se ele se sentia como eu, mas estava segurando há dias, eu queria que ele soubesse sobre o meu amor. Edu não me disse de volta, mas escorregou uma mão pelo meu cabelo e voltou a beijar, tão delicioso.

Eu e Eduardo estávamos juntos há pouco tempo, eu sabia, mas parecia que estávamos juntos desde sempre. Vovó ainda não se conformava, mas parei de dar importância. Mari e Fred brigaram por algum motivo e ela se afastou. Eu tentava me manter perto dela, saber como ela estava, mas ela me afastava. Excluiu-se de tudo e se mantinha isolada. Edu sugeriu que eu desse um tempo para ela, a deixasse pensar melhor sozinha. Fred também não estava nada legal. Eu e Eduardo o resgatamos podre de bêbado em um bar, em um dia desses. Ele começou a querer falar mal da Mari quando me viu, mas mal conseguia dizer palavras inteiras.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora