Capítulo 1 - Não Obsessivo

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Eu não sou mesmo igual as outras pessoas

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Eu não sou mesmo igual as outras pessoas.

Isso estava claro para meus pais desde o dia em que nasci. Afinal, que pessoa há por aí que consiga falar fluentemente seu idioma Natal sem erros gramaticais e com um vocabulário impecável aos 3 anos de idade?

Aos 5 anos eu já conseguia escrever com uma caligrafia de dar inveja e a ortografia magistral.

Minha mãe não queria que as pessoas soubessem disso, ela achava que poderiam ser mas comigo por eu ser diferente, então ela me pedia para disfarçar todos os meus conhecimentos absurdamente avançados.

Seu medo, claro, era totalmente sem fundamento. Desde de que entrei na escola, eu era extremamente respeitado e temido.

Tinha apenas um garoto que não tinha medo de mim e ele vivia me chamando de amigo. Eu achava um incômodo, não tenho amigos além dos meus pais. Mas ele aprendeu a lidar rápido comigo e sua companhia não me incomodava mais.

Como era seu nome mesmo?

Lucas? Klaus? Tinha alguma coisa com "u" e "a" eu acho.

- Meu nome é Pedro, cara! PEDRO! - Ele dizia e parecia irritado.

- Hm... - Digo desinteressado. Eu não sou de conversar, não falo com ninguém a não ser meus pais e troco algumas poucas palavras quando necessário com alguns adultos.

- Somos amigos desde o jardim e infância e você continua igual a um robô esquisito sem sentimentos... Você é o que? Um aliem?

Realmente eu me sentiria assim se não tivesse os sentimento que tenho pelos meus pais. Eu os amo muito.

- Não sou aliem. - Digo simplesmente.

- Tá legal. - O meu companheiro de sala que é o único que se atreve a ter contato direto comigo desiste.

Todos os dias na escola é a mesma coisa. Eu tiro as melhores notas, mas não deixo desconfiarem que sei muito mais do que ensinam, as pessoas não falam comigo, com exceção daquele menino que acha que somos amigos. Os professores me acham fofo e muito bem educado.

Como não achariam? Minha mamãe é ótima, ela me educou impecavelmente.

A melhor parte do dia é quando o papai me busca. Eu o abraço forte sempre que chega e é o mais próximo de alguma reação calorosa que o pessoal da escola me observa ter.

Papai sempre pergunta como foi meu dia na escola. Ele é um homem de poucas palavras como eu e as vezes parece que faz algumas coisas apenas pela mamãe. Quando isso acontece, ele parece mau humorado.

- Amanhã é sábado e seu aniversário de 7 anos, patinho. Já decidiu o que vamos fazer?

Eu gosto de aniversários!! Tenho a atenção dos meus pais todinha só pra mim.

Isso me deixa feliz! Muito feliz!

- Podemos ir ao parque? Ou então podemos jogar bola? Já sei! Podemos fazer as duas coisas e também depois comemos pizza! - Digo rápido demais e essas são umas das poucas vezes que eu realmente pareço ser uma criança.

Papai ri e bagunça meu cabelo.

- Faremos o que você quiser, pato.

Tem esse apelido estranho que o papai usa em mim e na mamãe. Ele faz isso desde que me lembro e quando questionei à mamãe ela simplesmente disse que o papai gosta muito de patos.

Eu não entendo. Os patos, ao meu ver, não tem nada de tão interessante.

Mas quando perguntei ao papai sobre os Patos, ele me explicou tudo com detalhes sobre eles.

"O pato, no sentido amplo, é uma ave que pertence à família Anatidae. Podem ser encontradas tanto em água doce como salgada. Os patos alimentam-se de vegetação aquática, moluscos e pequenos invertebrados. Podem-se identificar os machos principalmente pela coloração diferente mais vistosa - visto que a grande maioria das espécies de patos tem dimorfismo sexual -, e também por diferenças comportamentais. O pato é um dos poucos animais da natureza que anda, nada e voa com razoável competência.Também é um dos animais que conseguem dormir com metade do cérebro e manter a outra em alerta. É dotado de perfeito senso de direção e comunidade."

Ele despejou todas essas informações em mim e eu claro, gravei cada palavra.
Patos pareciam o deixar feliz.

Como patos o deixavam muito feliz, eu conversei com a mamãe e demos dois patos pra ele de presente. Um macho e uma fêmea.

Ele ficou muito animado e disse que tinha o nome perfeito para dar à eles.

"- Vão se chamar Anne e Edward. - Disse com um sorriso travesso."

Mamãe deu um tapa em seu braço e o repreendeu, mas no final não teve jeito, os patos acabaram com esses nomes.

Eu não entendi o problema com os nomes, afinal, se os patos eram dele, ele podia dar o nome que quisesse.

Chego em casa após alguns minutos de caminhada da escola com o papai e os patos estão se alimentando no nosso jardim que a mamãe fez pra eles.

A mamãe e extremamente cuidadosa e amorosa. A casa toda parece ter vida apenas por causa dela.

Começo a correr na ansiedade de vê-la e assim que abro a porta, sinto o cheiro da comida deliciosa que ela faz.

Corro até a cozinha e a encontro no fogão.

- Mamãe! - Grito sem conter minha emoção e saudade.

- Oiiie meu amoooor! - Mamãe se afasta do fogão e abre os braços para me receber calorosamente como sempre faz.

Eu corro e a abraço com todas as minhas forças. Seu cabelo tem um cheiro muito bom, cheiro de mamãe.

Sinto minhas bochechas corarem. Sempre que a abraço e sinto seu amor e carinho fico assim. Um bobo, idiota.

- Como foi hoje na escola? - Ela sempre pergunta isso, assim como o papai.

- Tranquilo. - Respondo desinteressado.

- O que estão aprendendo? - Ela insiste e eu sei que tenho que abrir o bico, caso contrário serei repreendido.

- Mamãe, as pessoas lá estão aprendendo a ler e escrever direito ainda. Estão aprendendo princípios matemáticos... Tudo isso é muito fácil, ridículo.

- Calma, filho... Quando você estiver em uma idade aceitável, podemos tentar te antecipar algumas séries.

- Mamãe, vamos no parque amanhã jogar bola e depois comer pizza.

- Ah... Vamos comer pizza é? - A mamãe não gosta que eu coma porcarias.

Ela não queria que eu comesse pizza, mas é meu aniversário.

Faço beicinho.

- Não vamos comer pizza? - Digo com a voz mais angelical.

Mamãe suspira visivelmente balanceada com minha reação e depois sorri.

- Uma pizza só! - Ela diz e depois me beija na bochecha.

Eu sorrio ansioso por amanhã.

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