Capítulo 51 - É Assim Que Termina?

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Eu me afasto de seu aperto e coloco a seringa sobre o balcão da pia

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Eu me afasto de seu aperto e coloco a seringa sobre o balcão da pia.

- Olha... Eu não tenho certeza do que o que eu sinto por você. Você fez coisas que não gostei e me fez sofrer, mas... Considerando a sua doença, eu acho que conseguiria te perdoar se eu quisesse.

Volto até ele e me coloco de joelhos na sua frente para ficarmos no mesmo nível.

- Thony... Eu acho que talvez possamos recomeçar, mas com você com suas memórias. Você precisa saber o que fez, precisa se lembrar e sentir remorso.

Ele me olha com surpresa no olhar. Como se não esperasse esse tipo de reação.

- Clarisse você é burra? Entende o que está fazendo? Eu não vou deixar você ir nunca mais! Essa será sua última chance, cara!

- Eu não quero fazer isso com você, até por que estaria me igualando a você em um aspecto bem ruim.

Eu seguro seu rosto entre minhas mãos.

- Acho que podemos resolver isso de outra forma. - Digo.

- Não... Não podemos! Se você mudar de ideia depois vai dar muita merda... - Ele diz e parece genuinamente preocupado.

- Eu acho que não vou mudar de ideia... - Digo sem graça.

- Porra... Que mulher difícil você é...

Então antes que um sorriso se formasse em seus lábios, eu só consegui ver um vulto preto o acertando na cabeça e em seguida injetando a seringa que eu tinha colocado sob a pia, em seu pescoço.

- Nãaaaao!! - Eu grito e tento correr pra para impedir a pessoa mas é tarde demais tudo foi muito rápido e Inesperado.

Sinto alguém me segurar e me tirar do banheiro.

Eu me debato mas não consigo me ligar na situação ao meu redor.

Tudo está sem som, tudo está confuso e distorcido.

- Calma, filha! Porra!! - Ouço a voz do papai.

- Pai? - Pergunto confusa e paro de me debater.

- Clarisse meu amor, vem com a mamãe, vem.

Minha mãe me chama e eu a encaro confusa, não tinha notado que ela estava na porta da casa.

- O que é isso?! - Pergunto confusa.

- Coisa da sua mãe, claro! - Diz o papai de mau humor me entregando pra mamãe.

Minha mãe me puxa pelas mãos até o carro.

- Me expliquem o que está havendo ou eu não vou entrar nesse carro!! - Digo histérica.

Papai olha pra mamãe.

- Explica, mulher! Você que apurrinhou meu saco, caralho!

Mamãe lança um olhar de repreensão para o papai que revira os olhos e volta pra dentro da casa.

- Entra no carro e eu te explico no caminho, Clarisse. Sou sua mãe, você tem que me obedecer.

Me sinto intimidada por seu tom autoritário, realmente não posso fazer isso com a mulher que me deu tudo.

Sem questionar entro no carro.

Ela entra em seguida e dá partida.

- Mamãe! - Reclamo.

- Eu não te adotei pra você viver infeliz! Não foi pra isso que eu te adorei, Clarisse! Se eu soubesse desde o início que o Anthony era parecido com o pai, eu jamais teria trazido você pra essa família pra você passar o que eu passei.

- Mãe para! Eu ia ficar com o Thony por que eu quero! Eu não perdi a memória, eu...

- Clarisse, cala a boca! - Ela grita. - Você está se ouvindo? Ele é seu irmão adotivo, queria ficar com você a força e ele não ia parar enquanto você não aceitasse ficar com ele. Aí você ia fazer o que? Tentar se matar e matar ele?

Eu a olho magoada... Não sei o que deu em mim para acontecer aquele acidente, mas eu... Me arrependo.

- Clarisse, eu amo você e amo muito o Thony... Não vou arriscar que vocês se matem! Eu quase morri quando soube do acidente, seu pai tentou me deixar fora da jogada, mas ele se engana se pensa que manda em alguma coisa. Assim que eu descobri, armei esse plano para fazer o Thony esquecer de você e de tudo, assim ele tem a chance de tentar ser normal ou o mais próximo disso que puder.

- Mas mamãe... - Começo a falar e minha voz falha.

- Não tem mais, filha... Eu estou te dando a oportunidade de ser livre e estou dando a oportunidade do meu filho tentar ser normal. Não interfira!!

Eu a olho muito magoada e triste.

- Não era assim que eu queria que isso terminasse... Eu...

- Quando você for mãe... Vai entender a dor que é ver um filho sofrer, se machucar ou quase morrer. Eu quase perdi vocês dois, Clarisse! Os dois de uma vez só... Você não tem ideia de como me senti, do quanto eu sofri.

A culpa me dilacera, eu me arrependo mortalmente do que eu fiz...

Onde eu estava com a cabeça?!

Ainda que Anthony seja louco, ele era meu irmão adotivo, filho de sangue do papai e da mamãe... Ele era doente e não tinha controle sobre suas ações... Tentar matá-lo e a mim junto, foi a maior estupidez que já fiz na vida...

Tudo isso para descobrir que no final eu estou apaixonada por ele?

- Desculpa, mamãe...

- Eu já te perdoei e já perdoei ao Thony, só estou cuidando para que nada assim aconteça novamente. Você vai continuar sendo minha filha. Manteremos contato... Mas não voltará a encontrar o Anthony. - Ela respira fundo e aperta o volante.

- Eu acho que o amava... - Digo em um sussurro.

- Não! Se você acha, não é amor... Quando é amor, você tem certeza, Clarisse! E você nunca pode dar essa certeza pra ele. O que você sente é apego emocional por ele estar com você tanto tempo, te forçando tanto tempo.

Será? Será que é isso que eu sinto?

- Clarisse, a história de vocês, termina aqui, hoje. - Diz decisiva.

Eu viro minha cara para a janela para que ela não me veja chorar.

Então é assim que tudo acaba? Eu o escolhi, mas no final fiquei sem ele...

E não era isso que eu queria? Me ver livre dele? Eu o odiava... A mamãe está devolvendo a vida que ele tirou de mim.

Mas por que? Por que eu não me sinto feliz?

Por que dói?

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