Capítulo 44 - Sinceridade Obsessiva

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Prometi à Clarisse que hoje levaria ela para tomar um pouco de ar fresco, faríamos um passeio em uma praça perto do hospital

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Prometi à Clarisse que hoje levaria ela para tomar um pouco de ar fresco, faríamos um passeio em uma praça perto do hospital.

Ela estava empolgada e se arrumou toda para o nosso encontro.

Vê-la empolgada assim só por passar um tempo comigo me deixava de coração quentinho, como ela costuma dizer quando se sente muito feliz.

Clarisse trouxe uma luz pra minha vida que eu jamais imaginei ser possível.

- Está pronta, bonequinha? - Pergunto antes de entrar no quarto.

- Sim, Thony! - Ela responde e abre a porta.

Sorrio ao ver como ela está linda.

- Você está uma princesa. - Digo sorrindo.

- Só quero ser a princesa se você for meu príncipe. - Ela diz sapeca.

- Quando você estiver melhor eu vou te contar um segredo, se você quer ser minha princesa, vai gostar muito.

- Iupiiii!! Eu quero! - Diz empolgada.

- Vamos. - Pego sua mão e nos dirigimos pra fora do hospital.

A praça ficava na esquina da rua do hospital, bem pertinho.

Quando chegamos lá, a levo direto em uma barraquinha de sorvete e depois nos sentamos em um dos bancos da praça.

- Thony, obrigada por cuidar de mim tão bem.

- Não precisa agradecer, Clarisse.

- Você faz isso por que me ama?

Sua pergunta me pega de surpresa, quase engasguei com o sorvete.

- Onde aprendeu sobre o amor?

- Aprendi no meu tratamento, oras... Imagino que pela minha idade eu ja deveria saber o que é se não fosse o acidente.

- O que você acha que é o amor, Clarisse?

- É quando você quer cuidar e proteger uma pessoa com todas as suas forças.

- Bom, esse é um tipo de amor... Mas existem vários outros.

- Como assim? - Ela pergunta curiosa como sempre.

- Existe o amor que os pais sentem pelos filhos, o amor que os filhos sentem pelos pais, o amor que as amigas sentem pela outras, o amor que um casal sente pelo outro... São diversos tipos de amores e todos eles são diferentes.

- Qual o seu tipo de amor por mim? - Pergunta ela muito sagaz.

- Como tem tanta certeza que eu te amo? - Pergunto erguendo uma sobrancelha.

Ela fecha a cara na hora.

- Não ama? - Pergunta.

Eu me sinto na obrigação de ser sincero com ela... Não sei o quão perigoso isso pode ser, mas eu quero ser o mais sincero que eu puder, ela merece isso.

- Amo. - concordo.

Ela abre um sorriso largo.

- Eu sabia! Eu...

- Mas... Você disse que sabe o que é o amor, mas você sabe o que é o egoísmo?

- Quando eu não quero emprestar algo pra alguém.

Eu sorrio.

- Vai muito além disso, bonequinha. Quando você não quer emprestar algo pra alguém, é porque você não quer correr o risco de perder seja lá o que você tenha... Você não quer perder por que sabe que isso vai ser doloroso e você não quer sentir essa dor, certo?

Ela acena que sim.

- O Egoísmo está em nós, seres humanos desde sempre, estamos sempre criticando as outras pessoas por causa dele, mas ele está em todos nós. Todo ser humano já foi egoísta alguma vez na vida e quando somos egoístas, pensamos mais nas nossas dores do que nas dos outros. Mas mesmo assim, somos hipócritas a ponto de julgar a ação egoísta do outro, quando já fizemos a mesma coisa.

- Não entendo...

- Clarisse... O amor não é o conto de fadas que eu leio pra você todos os dias, não é por que ele é um dos sentimento que nos seres humanos temos, apenas um deles! Nós temos muitos outros sentimentos que não impedem o amor de ser genuíno como ele deveria ser. O Egoísmo, a inveja, o ódio, os ciúmes, a mágoa... Todos esses sentimentos são sentimentos que todo ser humano está suscetível a ter. Então mesmo amando, as vezes cometemos erros. Se a vida fosse justa, sempre teríamos a chance de voltar no tempo para corrigir nossos erros, mas nem sempre podemos.  Eu amo você sim, mas eu não é um amor perfeito como nas histórias que eu te conto. É um amor cheio de falhas, um amor um pouco egoísta...

Eu paro quando percebo que meus olhos estão lacrimejados.

A Clarisse está me olhando estática e eu fico com receio de ter estragado tudo...

Mas eu precisava falar tudo isso pra ela, ru não sei por que porra... Mais eu precisava.

A Clarisse então pega meu rosto com duas duas mãos e inesperadamente me beija.

Eu fico paralisado com sua atitude.

É tão irreal que eu sinto meu coração bater alto e tudo ao bosso redor parece perder o som e os movimentos.

Parece que foi  o nosso primeiro beijo.

- Thony, eu também te amo.

Eu pisco.

- Clarisse, não diga coisas assim por emoção ou pena! - A repreendo.

Ela fecha a cara.

- Eu amo você sim! - Diz teimosa.

- É cedo para você ter certeza disso. - A afasto de mim. - Você me conhece há poucos meses... Não sabe nada da nossa história no passado.

- Nada disso importa.

Eu quase bufo. Duvido que ela pensaria assim ano passado.

- Thony, você cuidou de mim com tanto amor e carinho, esteve do meu lado todo esse tempo, como eu poderia não me apaixonar por você?

- É só gratidão o que sente!

- Não é nada! Você não entende meus sentimentos, não fale merda!

- Hey, onde você aprendeu essa palavra feia?

Ela cora na hora.

- Eu aprendi com a enfermeira Madley.

- Não repita mais essas palavras feias, viu? Não é nada educado.

Quase rio de mim mesmo, logo eu o boca suja...

Mas ela palavruda me lembra a Clarisse capirota... Deus me livre!

- Ta bem... Mas não duvide de meus sentimentos! Eu fico... - Ela tenta achar a palavra.

- Magoada?

- Isso!

- Bom, vamos ver... Se depois que se recuperar 100% ainda pensar da mesma forma, eu aceito seus sentimentos. Até lá, guarde-os pra você, não quero ter meu coração partido... De novo.

Faço uma careta e ela sorri.

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