Capítulo 2

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NOVA VERSÃO

"Você está no meu Mundo agora.
Você pode ficar,

Mas você pertence a mim."
— House Of Ballons, The Weeknd.

Um ano atras.

Envolta pela brisa salgada do oceano, os sons em meus ouvidos deixavam-me anestesiada, transmitia-me paz enquanto a brisa e o sol de fim de tarde me abraçavam, mas o aroma salgado do oceano pairava no ar, despertando também uma sensação de liberdade e aventura em meu coração. Ao abrir meus olhos, pude mais uma vez admirar o sol se por lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, enquanto o navio cortava suavemente as aguas serenas do oceano. E sorri ainda mais ao sentir braços me rodearem.

Zach escorou seu queixo em meu ombro, e observamos a linda paisagem juntos.

— Nos conhecemos em um lindo por do sol... — Ele comentou. — Como esse. Mas nos dois, eu apenas conseguia admirar você. — Observei o homem de cabelos loiros, e percebi que seus olhos já estavam mim. — Quero passar o resto de minha vida admirando você. — Assustei-me ao ver ele erguer uma pequena caixa aveludada e abri-la, mostrando-me um anel. — Aceita casar comigo?

Meus olhos ergueram-se em surpresa, e não podia acreditar mesmo vendo o homem se ajoelhar. A nossa volta as pessoas observavam a cena, alguns sorriam, outros gravavam, todos admirados com a atitude de Zach. Gostaria que estivéssemos apenas nos dois aqui, mas não pude deixar de sorrir e alegrar-me com seu pedido.

— Sim, eu aceito. — Assenti, e sorri ainda mais vendo-o colocar o anel em meu dedo, e em seguida o beijei, escutando aplausos.

Eu te amo, meu amor. — Ele abraçou-me com força, chegando a tirar-me do chão e causando-me risadas.

Atualmente.

O tic-tac do relógio era a única coisa que rompia o silêncio da casa. Eu permanecia imóvel em minha cama, com os pensamentos girando em minha mente como uma tempestade. Cada segundo que passava a lembrança do ataque tornava-se mais vívida, a urgência de fazer algo sobre a situação crescia dentro de mim, e a cada segundo eu me tornava mais decidida.

Após mais de 30 minutos observando o teto, eu decidi finalmente juntar forças para me levantar.

O silêncio da manhã era quase ensurdecedor. Sentada na beira da cama, eu olhei para o reflexo no espelho, tentando reconhecer a mulher que me encarava de volta. Os olhos inchados de tanto chorar e a pele marcada contavam uma história de sofrimento que eu preferiria esquecer. Mas sabia que não poderia.

A primeira coisa que senti ao acordar foi a dor. Não a física, mas aquela no fundo de minha mente, aquela no peito, que esteve se acumulando por anos ao ser reprimida. Com dificuldade, levantei-me da cama, cada passo parecia uma luta. Precisava tomar uma decisão. Aquela manhã seria o começo de algo novo, ou mais um dia em um ciclo que não via fim?

Eu estava decidida a acabar com isso, mas eu realmente conseguiria? Teria forças para isso?

Ao terminar de lavar meu rosto, fui em direção a cozinha. A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas, mas para mim, o mundo parecia mais escuro do que nunca. As marcas no corpo eram dolorosas, mas as feridas na alma eram profundas e silenciosas. Ela precisava encontrar forças dentro de mim, foras que ainda não sabia se possuía.

Nunca fui fã de café preto, mas neste dia, tomei uma xicara inteira sem açúcar sentindo que dependia dele, e nisso percebi que estava procurando energia ate mesmo naquilo que não gosto, procurando forças para prosseguir. No entanto, não precisei de muito ao olhar para Lup, o único que esteve comigo desde meus dezoito anos. Por ele eu precisava ter forças, e me lembrar de quem eu sou.

𝐌𝐞𝐮 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐡𝐨 𝐕í𝐜𝐢𝐨 | 𝐿𝑜𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora