𝐌𝐞𝐮 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐡𝐨 𝐕í𝐜𝐢𝐨 | 𝐿𝑜𝑘𝑖

Capítulo 36

— Eu não paro de pensar nela, de cada dez pensamentos nove são sobre Loki. — Luísa disse preocupada com seu olhar fixo nos sapatos de sua terapeuta, estalava seus dedos em um gesto que entregava seu nervosismo.

— Você parece não gostar disso, qual o problema?

— Eu… eu não posso me apaixonar por ela. — Luísa negou com sua cabeça.

— E por que?

— "Por que"? Qual a probabilidade de dar certo? Se eu não dei sorte com uma humana e até mesmo com o sociopata do Zach, por que eu daria sorte com uma Deusa poderosa de milênios de anos?

— Você está com um bloqueio emocional. — A terapeuta disse diretamente. — Luísa suspirou. — No seu primeiro relacionamento você foi deixada, e no último descobriu que seu parceiro não era quem você pensava ser. Isso soa familiar? 

— É, eu tenho medo que o mesmo aconteça com Loki. — A terapeuta assentiu. — Tenho medo de ela me deixar quando for para Asgard e medo de ela não ser quem eu acho que é. — Deu de ombros. — Medo de tudo isso ser apenas um tipo de manipulação para ela ir logo para casa. 

— Por que acha que ela está te manipulando? — A terapeuta escorou seu cotovelo sobre o caderno em sua coxa.

— Eu não acho, só tenho medo de ser isso. — Green deu de ombros.

— Por que? 

— Porque minha infância inteira foi assim, sendo manipulada. — Admitiu.

×××

Luísa batia o salto de uma de suas botas diversas vezes no chão fazendo seu joelho direito levantar e subir toda vez já que estava sentada em um dos cinco assentos do corredor, brincava com seus dedos enquanto observava a porta próxima a ela deixando evidente sua ansiedade e impaciência.

Seus olhos estavam atentos à maçaneta da porta desejando que ela se mexesse e Loki saísse logo daquele escritório. Não estava nervosa porque sabia que era o início do progresso para Loki se sentir melhor consigo mesmo, a única coisa que lhe preocupava é que essa era a primeira sessão e ela se lembra da sua primeira consulta terapêutica, não havia sido nada agradável já que é durante o início que devemos deixar nossas feridas completamente expostas para que se pudessem curar.

Luísa tinha receio de que Loki não se abrisse com a sua terapeuta, a humana sabe sobre seus problemas de confiança que a fazem esconder tudo o que sente e demorar décadas para falar sobre, então Green tinha quase certeza que ela, Loki, não se abriria para a terapeuta tão rapidamente.

Luísa decidiu não adiar a ida de Loki a terapia, não demorou muito para ser visível que o seu trauma estava lhe afetando cada vez mais. Apenas na primeira noite Luísa notou a diferença em Loki, Loki tentava esconder que estava indiferente e principalmente não descontar em Luísa, por isso na maior parte do tempo ficou em seu quarto.

Luísa assistiu a maçaneta se mexer e Loki aparecer assim que a porta foi aberta por uma de suas mãos enfeitadas por esmalte preto. Os cabelos pretos completamente lisos e agora mais compridos escorados sobre a região dos seios foi a primeira coisa que Luísa avistou quando viu Loki. 

Loki tinha um sorriso no rosto enquanto terminava de falar com a terapeuta, e isso fez Luísa ficar confusa. 

Na manhã, Luísa assustou-se ao encontrar novamente uma figura da qual não costumava ver, e dessa vez a pegou mais de surpresa porque o comprimento e a espessura dos fios de cabelo de Loki não eram os mesmos que ela costumava ver.

Loki não a comprimentou, não fez nenhum café da manhã e passou a tarde trancada em seu quarto, e quando ela saia ainda mostrava uma feição desagradável. Foi aí que Luísa percebeu que ela não era mais a zangada da situação.