Capítulo 34

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Midgardiana e eu passamos a metade da tarde naquela sintonia divertida e eu diria que até mesmo romântica. 

Limpamos toda a cozinha aos sons de ritmos contagiantes, em pouco tempo a cozinha estava mais limpa do que quando chegamos do Canadá. 

Mesmo quando não tínhamos mais nada para limpar, Luísa continuou agitada com as músicas. Eu gostaria de saber o que estava a deixando animada daquela maneira, porque aquilo estava começando a me contagiar e sem motivos.

Luísa tinha sua blusa escorada em seu ombro agora, Luísa sempre usava um top esportivo por debaixo de suas roupas, então tirar a sua camiseta sempre que sentia calor não era um problema. Suor escorriam pela sua testa e desciam em seu pescoço até seu peito que subia e descia, ofegante.

A um minuto atrás parecia que eu estava vendo um vídeo 2x - velocidade rápida- de Luísa já que ela não parava quieta por um segundo, cheguei a cogitar que ela havia bebido algo mas seria tecnicamente impossível já que ela não saiu de meu lado desde que nós acordamos.

— Midgardiana, desça daí. — Eu pedi pacientemente para a mulher que tinha seus pés em cima da bancada. Insistiu em querer trocar as lâmpadas do lugar e antes que eu pudesse a impedir, ela já estava de pé no balcão. 

— Só um segundo. — Disse sem me olhar, tinha sua atenção direcionada para a lâmpada que enroscava no teto. Em seguida, abaixou seus braços quando viu a lâmpada se acender em perfeito estado. 

Eu admirava seus atos independentes de sempre deixar claro que não precisa de ajuda para fazer algo que quer acontecer, mas nesse caso me preocupava. A qualquer instante Luísa podia calcular a distância de seus pés com a ponta do balcão errado, então ela poderia muito bem a qualquer momento escorregar e cair. 

E dito e feito, não faço a mínima ideia de como a humana distraiu-se, mas um de seus pés acabou saindo da bancada fazendo com que o medo apertasse meu peito e eu visse tudo em câmera lenta.

Essa foi a primeira vez que eu agradeci por ser um Gigante de Gelo, um dos privilégios Jotuns são seus reflexos e agilidades mais rápidos do que muitas outras raças. Aquilo acabou permitindo-me agir antes que o corpo de Luísa se chocasse contra o chão.

Minhas mãos pousaram sobre a lateral de suas costas e rodeando sua cintura, a segurei com tanta força que pensei estar lhe machucando por um segundo. Deixei que seus pés tocassem o chão ainda me recuperando do susto que eu havia acabado de levar por causa da irresponsabilidade da Midgardiana.

Desta vez eu também estava ofegante pelo nervosismo correndo pelo meu corpo. Não fazia a mínima ideia do que fazer agora, se eu a alargava, se eu a xingava…

— Você é uma maluca irresponsável.

— Eu sei disso. — Respondeu naturalmente, não se ofendendo, os cantos da sua boca curvaram-se em um provocativo sorriso.

Eu a soltei em seguida e respirei fundo, tentando entender o que se passa na cabeça de Luísa. 
 Absorto em meus pensamentos, dirigi-me até a frente dos armários da cozinha, pensando o que poderia fazer para comermos. De súbito, uma gargalhada preencheu a cozinha fazendo com que uma linha se formasse em minha testa.

Virei-me em direção ao som, e observei Luísa com uma de suas mãos escorada na bancada e a outra sobre a sua barriga. Eu lhe examinei, tentando entender do que essa maluca ria a ponto de puxar o ar com força pela pressão em sua barriga.

— Do que está rindo? — Meus braços cruzaram-se e meus olhos estreitaram-se. A cena da humana gargalhando com seus dentes à mostra era vistoso, mas confuso.

— Eu… — Ela fez esforço para lutar contra as risadas que tentavam voltar, respirou fundo tentando controlar-se por mais que a curva de seus lábios ainda estivessem bem levantadas. — Eu estava me lembrando de todas as vezes que você já caiu da cama. — E então sua gargalhada voltou, des cruzei meus braços e os meus olhos rodaram nas órbitas.

𝐌𝐞𝐮 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐡𝐨 𝐕í𝐜𝐢𝐨 | 𝐿𝑜𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora