Serenidade

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O medo indeciso ainda estava ali naquele dia, eu ouvia os cânticos, as felicitações, a alegria, e mesmo assim não conseguia senti-la dentro do meu peito.

Era estranho o fato de vê-lo sorrindo, pois ali, havia um respingo de uma afeição que eu nunca tivera contato antes.

Tudo o que eu sentia era que estava caminhando numa trilha desconhecida, e isso, talvez, fosse ainda pior do que saber o que realmente te espera.

Eu poderia agradecer aos céus por aquela noite, em que você pegou minha mão e me guiou naquela dança de Mozart, mas eu prefiro agradecer especialmente a você.

Pois era você que estava lá, não os céus.





Estava uma grande bagunça na Casa Jeon por conta dos preparativos do casamento que havia se iniciado logo no começo da manhã. Antes mesmo do sol nascer, os empregos já estavam a todo vapor enquanto andavam de um lado para o outro preparando a comida e cuidando da ornamentação do salão. Ao todo, haviam quase cem criados trabalhando na casa do ducado.

Taehyung permanecia sentado em um confortável sofá de couro macio desde que chegara há uma hora atrás com sua mãe e irmã, que vieram consigo como companhia e para auxiliá-lo no que precisasse. As duas haviam ido até a cozinha para ver como andava a preparação do bolo, e pôde perceber que Daehyun não queria sair dali, mas acabou indo por insistência da mãe que afirmava que ela deveria ver o modelo do bolo, pois se esse fosse bonito mandaria fazer o dela igual no seu casamento que seria daqui a uma semana.

A pedido de Phailin, o ômega não havia movido nem um músculo sequer para ajudar em qualquer trabalho que fosse, pois segundo ela, seria bom se o pequeno descansasse adequadamente para ficar forte e bonito para o seu casamento.

Havia achado estranho todos estarem apressados e ela mesmo assim fazer questão que ele permanecesse sentado. Mais estranho ainda era o fato de todos pararem para se curvar pra si quando passavam, o que acabou deixando-o um pouco desconcertado com tamanha consideração. Sempre que se curvavam, ele se levantava rapidamente e repetia o ato também, fazendo com que os criados ficassem confusos e surpresos, já que não era comum alguém da alta sociedade se curvar para eles.

Os criados eram praticamente invisíveis nas grandes Casas.

O ômega estava um pouco contrangido com aquela situação, sentia-se um folgado sempre que alguém aparecia segurando algo aparentemente pesado e ele não poderia nem mesmo levantar e ir ajudar, já que Phailin constantemente retornava até onde ele estava somente para verificar se o pequeno a estava obedecendo e descansando.

E por mais confuso que fosse, ninguém lhe olhava de forma maldosa por ele estar sentado enquanto todos os outros trabalhavam.

Alguns minutos depois a antiga duquesa apareceu na companhia de um alfa que carregava a famosa caixa cheia de liláses, coisa que não poderia faltar em um pós casamento tradicional. A mulher acabou percebendo que o ômega estava desconfortável enquanto observava o tumulto dos criados, conseguiu se dar conta ao ver seus ombros tensos e sua postura ereta mais do que o necessário.

Foi até ele e sentou-se ao seu lado, porém, o ômega estava tão imerso em si próprio que nem se dera conta de sua presença inicialmente.

– Todos parecem animados... – sussurrou baixinho, sem perceber que ela estava ao seu lado o ouvindo.

– Estão felizes pelo casamento de Jeongguk, a maioria aqui o conhece desde que era pequeno! – a mulher afirmou com um pequeno sorriso no rosto, assustando o ômega que não tinha percebido sua presença ainda.

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