A história que contam as estrelas

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Calyse se ofereceu acompanhar Sally até a suíte para que ela pudesse se retocar no banheiro. A jovem olhou no espelho, e agradeceu mentalmente por seu rosto não ter ficado do tamanho da lua cheia que pairava no céu aquela noite.

Ela lavou o rosto e secou depois com uma toalha branca e macia. Sally deu uma boa olhada no banheiro. Assim como o restante do navio era bonito e de bom gosto, um pouco exagerado, confessou a si mesma, mas muito bonito. Branco com detalhes dourados. Ela começou a achar estranha essa obsessão por dourado, por todos os lugares. Se aquilo realmente fosse ouro, então somente o banheiro poderia valer mais do que tudo o que ela tinha juntado na vida. Juntado e perdido.

Depois de alguns minutos, Sally encontrou Poseidon no convés do barco. Ele estava de pé, próximo a grade, observando o céu anil estrelado. Sally ajeitou os cabelos castanhos e passou as mãos na saia do vestido, para desamassá-lo. Poseidon parecia inerte em seus pensamentos, por isso ela não o chamou, preferiu aproximar-se em silêncio.

— Finalmente veio me fazer companhia.

— Demorei tanto assim?

— Sou péssimo em medir o tempo. Mas disse isso porque senti sua falta. — Ele levou Sally até as cadeiras estofadas próximo a proa. A mesa já estava posta com frutas e bebidas. Mas Sally achou melhor ficar apenas com a água, antes que mais algum desastre pudesse acontecer.

A conversa foi agradável, Poseidon parecia ser um homem ainda mais interessante aos olhos de Sally. Inteligente e com um humor extremamente divertido, deixando-a totalmente à vontade com as histórias que contava.

Sally notou que não havia ninguém na cabine do capitão, estavam em alto mar, e o que podia ver ao longe eram apenas as luzes da cidade próxima da praia. Calyse também desapareceu, e isso deixou Sally inquieta.

Ela estava até gostando da companhia da loira fatal. Era alguém para se apoiar, caso as coisas ficassem fora do controle. Apesar de não saber ao certo qual era o ponto final do controle e a derradeira do descontrole. E na verdade, não estava preparada para descobrir.

— Minha constelação favorita é Andrômeda.

— Filha de Cefeu e...

— Cassiopeia. — Completou Sally.

— Tenho certeza de que deve saber todas as histórias das constelações. — Apontou Poseidon, que discutiam, levemente e amigavelmente, sobre mitologia. Ele não se recordava ao certo como começaram a falar sobre o assunto, mas era excitante abordar sobre algo que era sua praia.

Ainda mais com uma pessoa que parecia entender o que dizia, mesmo que soubesse somente a versão contada pelos mortais.

— A rainha Cassiopeia era uma mulher que se gabava por sua beleza. — Começou Sally. — E em um dia, quando passeava pela praia, encontrou algumas nereidas. Ela se gabou por ser mais bela que as nereidas, que, injuriadas falaram com seu pai Nereu, que por sua vez comunicou a Poseidon... — Sally olhou para Poseidon, que parecia interessado na conversa. — Poseidon não gostou da afronta da rainha com os imortais, enviou um monstro marinho, Ceteus, só para destruir o reino. Então, o rei Cefeu, com medo, consultou o oráculo, que lhe deu como alternativa, fazer um sacrifício. Andrômeda foi amarrada em um rochedo a praia, sendo oferecida como sacrifício. Mas Perseu, apareceu e matou o monstro marinho, libertando a princesa e casando-se com ela como oferta do rei por salvar o reino.

No final da história, Sally voltou a olhar para Poseidon.

— Qual é? — Ele mexeu os ombros, dando uma risada. — Você acredita mesmo nessa história? — Ele disse debochado.

— É o que esté escrito nos livros de mitologia. — Sally replicou seriamente.

— Então quem escreveu não contou direito a história.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora