A sobremesa (quase) mortífera

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Sally caminhava o mais rápido possível em direção ao chalé. O sapato emprestado por Dalila era um número maior, por isso estava folgado no calcanhar, e a cada passada, escapava. Ela precisou parar algumas vezes para calçá-lo novamente.

E quando chegou, achou estranho a movimentação lá dentro. Ela procurou a chave na bolsa, mas logo notou que a porta estava aberta. Geralmente naquele horário suas colegas estavam trabalhando, ou passeando na praia, ou em alguma festa se divertindo. Mas assim que Sally fechou a porta atrás de suas costas, percebeu qual era o motivo da agitação.

Poseidon estava sentado no sofá de dois lugares e ao seu lado, Beth e Lara, duas garotas que vieram do Colorado. Pelo que Sally sabia, elas eram primas e vieram fugidas de casa. Já Rose, servia cerveja para o convidado. Essa era uma nova-iorquina que sempre passava as férias ali, para tirar uma grana extra e pagar a faculdade. Ainda restava Suzana, que não estava lá. Mas essa apareceu logo em seguira, usando biquíni e uma toalha de banho enrolada na cabeça, alegando que a água acabou antes dela terminar o banho.

Assim que todos notaram a presença de Sally, na pequena sala de visitas, cada uma das garotas passou a fazer diversas perguntas constrangedoras. Percebendo o embaraço de Sally, Poseidon levantou-se do sofá.

— Acho que minha ansiedade fez com que eu chegasse mais cedo, eu não sabia que iria trabalhar até mais tarde. — Poseidon disse, agradecendo formalmente a gentileza das senhoritas ao seu redor. Ele utilizou exatamente essas palavras, e todas sorriram encantadas, dando risadinhas umas para as outras, como se fossem colegiais.

Sally não precisou responder nenhuma das perguntas, porque o braço de Poseidon era protetor ao redor de seus ombros, levando-a em direção a porta para saírem. Sally sentia cada partícula do seu corpo estremecer conforme deixava o chalé. A sensação de ser resgatada de uma situação desagradável pela pessoa certa não tinha uma descrição. Mas era ótima. Melhor do que em seus pensamentos mais íntimos.

Enquanto caminhavam, Poseidon comentou sobre o sucesso que o novo sorvete de Ambrosia estava causando na sorveteria, e também várias outras ideias para o negócio prosperar, como se Sally não o achasse já bem encaminhado. O entusiasmo de Poseidon era contagiante da maneira que ele falava. E isso a agradava, pois não era como outros homens, que, quando falavam com sobre seus feitos, eram arrogantes, de peito estufado, como se fossem as pessoas mais importantes do mundo.

Chegaram então em uma área particular da praia. Um homem de meia idade abriu o portão de madeira, pintado de branco, dando passagem aos dois. Sally estava curiosa em saber o que a aguardava. E não demorou para que colunas brancas erguidas até o céu tomarem conta da paisagem, a mansão poderia ser confundida com uma das antigas construções gregas, hoje em ruínas. Mas para sua surpresa, não caminharam em direção a entrada da mansão, ao contrário, passaram por ela como se não estivesse ali. Ao menos foi o que Sally tentou transparecer, mas ainda olhou para o alto, observando que o teto possuía um fim mesmo, ou se alcançava as nuvens.

Um caminho de pedras os levou até o píer particular. Havia ali um grandioso barco os aguardando. Uma mulher os esperava. Ela era alta, vestindo um longo vestido branco. Seus cabelos dourados caíam em cachos sobre seus ombros. Ela era tão linda que Sally se sentiu intimidada naturalmente.

Nesse momento, a mão de Poseidon escorregou dos ombros de Sally, até encontrar a mão dela trêmula. Apertou, não tão forte, mas o suficiente para que ela relaxasse, e sentisse que era ela ali, ao lado dele.

Foram levados até a cabine interior, uma sala, maior que o chalé onde Sally estava morando, muito maior, talvez do tamanho do chalé. Sally não soube dizer se era realmente, porque perdeu-se em meio aos detalhes que cintilavam em sua frente. Era tudo branco e dourado.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora