Uma nova profecia

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Quando chegou em casa, Percy encontrou sua mãe e Dalila sentadas no sofá as gargalhadas. Ele e Alex se olharam e depois foram para o quarto do rapaz. O lugar ainda não estava decorado conforme o gosto dele. O apartamento novo era maior e mais iluminado que o antigo. E a vizinhança era bem mais interessante.

Ficou feliz de não ter que morar mais perto de um galinheiro e um açougue. Percy também gostou mais desse quarto novo. As paredes eram pintadas de azul e o teto branco. A cama era a mesma, só que lixada e envernizada. Havia uma prateleira de livros, mas quem queriam enganar? Todos aqueles livros eram de sua mãe, e claro, não havia mais lugar para enfiar eles. Mas Alex não precisava saber que ele era péssimo leitor.

Alex abriu a janela, sentindo uma brisa noturna entrar no quarto. Ela sentou-se no parapeito da janela, ouvindo o barulho da cidade.

— Não me imagino morando na cidade. Mas sinto vontade de vir estudar aqui, conhecer pessoas. Ver como a vida é longe do acampamento.

— É? E o que você pretende estudar? — Percy deu uma olhada em alguns de seus pertences que estavam dentro das caixas prontas para serem desembaladas, talvez levasse uns meses para isso ser feito. Muita coisa estava faltando ali, mas com certeza sua mãe deve ter feito uma boa limpeza no último apartamento, jogando diversas coisas inúteis fora. Acontece que eram suas coisas inúteis. Mas preferia aquele ar de vida nova que o lugar possuía.

— Não sei, ainda sou muito nova para decidir.

— É. Às vezes eu me esqueço que você tem minha idade. — Ele a olhou, tendo a sensação de que a conhecia desde sempre. E, apesar de Alex parecer uma caloura de Princeton, ela era apenas uma adolescente. — Já pensou em se passar por alguém mais velho? Tipo comprar bebidas e entrar em boates?

Alex riu.

— Eu não bebo e não sei dançar.

— É, nem eu. — Ele riu, tirando uma luva de beisebol da caixa. — Eu não consigo me imaginar fazendo algum tipo de profissão. Tipo... advogado, médico, professor. Não sei nem como irei conseguir terminar o segundo grau. — Ele olhou novamente para Alex, pensando se ela sentia a mesma coisa. — Aliás, onde você estuda?

— Em casa. Minha mãe me ensina matemática, ela é boa nisso. Faz a contabilidade do acampamento. E Quíron é um ótimo professor de história e estudos sociais. Já o senhor D... bem, ele também é bom em histórias, embora elas não sejam muito apropriadas. Mas nós costumamos jogar golfe grego.

— Golfe? Você joga golfe com o Dionísio?

— Sim. Ele parece não se importar com ninguém, mas é apenas seu jeito estranho de cuidar das coisas.

A porta foi aberta. Sally anunciou que a pizza havia chegado e que eles poderiam ir atacar na cozinha. Percy e Alex não pensaram mais que um minuto para ir atrás dela.

Ao entrar na cozinha, Alex teve uma boa surpresa. Sua mãe estava lá. Na verdade, era a sua outra mãe.

Calyce abraçou a filha, dando-lhe um beijo na testa. Percy ficou parado ao lado da geladeira, assimilando a semelhança absurda que mãe e filha possuíam. Depois, Calyce aproximou-se e olhou para ele.

— Meu irmão. — Ela disse e finalmente Percy se tocou e lembrou-se que Calyce também era filha de Poseidon. Ele ficou completamente desconcertado com o abraço que recebeu. Não era todo dia que recebia abraços de mulheres bonitas. Sentiu o rosto ferver de vergonha.

— Oi. — Foi a única coisa que conseguiu ele falar, antes que notasse a presença de outra pessoa.

A cozinha estava ficando pequena demais para tantas mulheres. Ele foi apresentado para Cassandra, uma sacerdotisa. Percy concluiu que ela era mil vezes melhor de aparência que o oráculo do acampamento. Mas foi informado que o oráculo e a sacerdotisa possuíam formas diferentes de trabalhar. Apesar de ambas possuírem o dom de ver o futuro.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora