Central Park dos sonhos

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Era cedo quando Calyce vestiu o roupão e abriu a porta do quarto. Poseidon estava parado com um sorriso tão absurdamente grande nos lábios, que a loira não podia imaginar outra coisa senão ele ter aprontado alguma. Calyce fechou a porta para não incomodar Dalila que ainda dormia. Eles foram juntos para a sala, onde poderiam conversar a sós.

A novidade que Poseidon iria contar era, sem dúvida, a mais louca que Calyce poderia imaginar. Ela se levantou da poltrona que estava sentada, levando as mãos a boca, ainda boquiaberta.

— Vocês vão se casar? — Calyce não poderia acreditar no que estava ouvindo.

— Sim. Hoje.

— Vão se casar hoje? Não pode fazer isso.

— Eu posso sim. — O deus dos mares relaxou na poltrona. Não sentia tal felicidade há muito tempo. — Tanto posso, como vou me casar essa tarde com Sally Jackson.

— Está ficando louco. Esse romance foi longe demais. O que vai acontecer caso seus irmãos descobrem isso? Caso todos descubram isso.

— Você vai contar algo? — Ele arqueou a sobrancelha para a filha.

— É claro que não vou. — Calyce respondeu nervosamente.

— Então ninguém vai saber. — Ele voltou a relaxar. Era tão simples. Calyce não sabia como ele poderia ficar tão calmo numa situação como essa.

Calyce andava de um lado para o outro.

— E minha mãe? — A voz dela era um sopro. — Que tipo de pais loucos são vocês? — Reclamou, tal como uma adolescente mortal. — Ela precisa saber.

— Você sabe melhor do que ninguém que esse não é um casamento real. Não há mais porque manter uma farsa de tanto tempo em pé. Sua mãe foi a primeira a me abrir os olhos. Mantemos as aparências por anos a fio em nome da família, mas estou cansado de mentir. — Poseidon não gostava de ver a filha daquela forma. Ele se levantou e segurou seu rosto. — Qual é? Não esta feliz por mim?

— Claro que estou. — Ela apoiou a testa no peito do pai. — Estou feliz por todos.

— Essa é minha garota. — Ele beijou-a na testa. — Agora preciso de um favorzinho. Quero que encontre alguém especial para mim. Ela vai bater o pé, vai tentar persuadir Sally a não casar, mas eu preciso dela.

— Você a ama tanto assim, pai?

— Sim. Tanto que eu vou cometer a maior loucura dos últimos dois mil anos. — Ele sorriu tão satisfeito que Calyce não poderia negar um pedido.

***

Sally estava diante do espelho, vestia um longo vestido branco, com a alça amarrada na lateral tal como um vestido grego. O tecido era fino e tão macio que sentia-se como se a pele fosse acariciada. Os cabelos estavam soltos e caíam encaracolados nas costas. Ela sentiu o estômago revirar, estava ansiosa e nervosa. Tantos sentimentos misturando-se naquele momento, que não saberia dizer ao certo qual era maior.

— Você está linda. — Dalila entrou no quarto, na companhia de Calyce. Havia também uma terceira pessoa a qual Sally não conhecia.

— Essa aqui é Cassandra, amiga da Calyce.

Cassandra aproximou-se, mas não houve nenhuma previsão quando ela segurou as mãos de Sally, dando-lhe os parabéns em Grego antigo. Dalila e Calyce se olharam, elas aguardavam alguma previsão, por isso levou a sacerdotisa ali. O medo de Calyce era que algo ruim acontecesse, por isso ela achou que seria uma boa ideia levar uma sacerdotisa para o casamento.

— Trouxe seu buquê. — Calyce estendeu-lhe um buque de camélias enfeitado com ramos de oliveira e loureiro. Juntamente uma coroa de louro dourada. Ela prendeu a coroa nos cabelos de Sally, ajustando o véu sobre sua cabeça. — É uma tradição.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora