Depois da tempestade, vem sempre...

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No caminho do trabalho, Sally não acreditava no que seus olhos registravam. A tempestade na madrugada foi tão forte que arrancou árvores, palmeiras e postes. Os quiosques na calçada da praia estavam destelhados e vários foram inundados pela água. Inclusive o quiosque que ela trabalhava. Dalila já estava lá, foi mais cedo para abrir o caixa, mas não se deu ao trabalho de fazer isso.

Rapidamente, Sally se prontificou para ajudar a limpar o local e jogar fora tudo o que foi estragado. No final da tarde, com o prejuízo já calculado, o dono do quiosque decidiu que não poderia manter todos os funcionários trabalhando, pelo menos não nas próximas semanas que ele levaria para receber o dinheiro do seguro e reformar o lugar.

Sally foi dispensada. Somente Dalila permaneceu no trabalho, porque era ela quem fazia a contabilidade e sabia como o quiosque funcionava.

Dalila sentia muito por Sally, pois ela precisava daquele emprego.

— Tudo bem, eu compreendo. — Ela se despediu da amiga e foi para o chalé. Lá teve uma segunda surpresa desagradável. Como as outras garotas foram dispensadas do trabalho, elas não tinham mais como pagar pelo chalé, e por isso iriam embora antes do final do verão.

— Mas eu não posso pagar sozinha pelo aluguel.

— Porque você não pede dinheiro para o bonitão do seu namorado? — Beth perguntou, e Lara sorriu maliciosamente, insinuando outras coisas a qual Sally decidiu que não iria perder seu tempo ouvindo.

Ela foi trabalhar no restaurante, mas antes disso, prometeu ao proprietário que buscaria todas suas coisas no final do expediente. Ele concordou. E como combinado, no fim da noite Sally estava na rua, com duas malas e uma caixa onde guardava seus objetos pessoais e suas sacolas de conchas. Não havia lugar para onde ir. Aliás, somente um lugar ao qual poderia pedir abrigo.

— Sally? — Dalila abriu a porta. — O que... — Ela não precisou dizer nada quando viu as malas no chão. Imediatamente Dalila a ajudou entrar e arrumou um espaço para guardar as malas da amiga. — O apartamento é pequeno, eu sei, mas fique aqui quanto tempo desejar.

— Será apenas até o final do verão. Também posso ajudar a pagar o aluguel.

Combinaram de fazer a divisão das contas no outro dia, porque já estava tarde. Sally ficou no sofá, e conseguiu dormir mais tranquila, porém não teve um sono tão calmo. De manhã, ela levantou antes que Dalila e preparou o café. Tomou um banho e decidiu caminhar pela cidade, já que não teria um turno da manhã para cobrir no quiosque.

Ao virar a esquina, viu Poseidon do outro lado da rua, carregando um saco com pães e uma garrafa de leite. Rapidamente ela escondeu-se, colando seu corpo no muro, como se pudesse evitar que fosse vista.

Por sorte ele não a viu. Na hora do almoço, Sally trocou de lugar com uma colega, para ficar na cozinha, e assim não precisaria servir no salão, mesmo que fosse perder as gorjetas. E no fim da noite, decidiu finalmente aceitar a carona do cozinheiro. Dessa forma, fugiu de todas as possibilidades de encontrar-se com o homem que desejava esquecer.

Mas a única coisa que Sally não conseguia abrir mão era de um passeio na praia. Ela amava ouvir as ondas cobrindo a areia, lhe dava paz. Tal paz que não seria fácil de alcançar naquele momento.

Sally reconheceu o homem em pé no alto do rochedo. Ele estava observando o mar, parecia que estava conversando com alguém. A visão de Poseidon deixou-a triste. Ela afastou-se rapidamente para não dar motivos para seu coração amolecer.

Passaram-se cinco dias desde então, Sally recebeu um atestado médico para cuidar de sua saúde. O que achava ser uma simples gripe, parecia algo muito mais grave. Ela sequer conseguia se levantar do sofá. Com pena da amiga, Dalila a ajudou deitar em sua cama de solteiro, pelo menos durante o período em que ela estivesse no trabalho. Foram dois dias de folga, e quanto Sally retornou ao restaurante, sua vaga já havia sido preenchida por uma outra pessoa.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora