Cartas para Sally

278 21 15
                                    

Depois de dar banho, troca e claro, a mamadeira, Dalila finalmente conseguiu por Alexandra para dormir. Passava das três da tarde e ela aproveitou que a menina dormia, para tomar um banho e relaxar um pouco. Dalila sentou-se na cama com uma toalha de banho enrolada na cabeça, vestindo um roupão branco e chinelos. Dalila passou o creme na pele e depois vestiu uma camiseta e um short. Calçou os tênis e decidiu verificar como estava tudo la fora.

Era inicio do verão e o acampamento estava recebendo seus primeiros campistas. Dalila caminhou até um grupo que havia acabado de chegar, dando a eles boas vindas. Procurou por Quíron, mas ele não estava em lugar nenhum, nesse caso, voltou para a casa principal.

— Aquela pestinha finalmente dormiu? — Era Dionísio. Ele vestia uma roupa típica de jogar golfe, um taco metálico na mão e charuto na boca. Mexeu no chapéu que usava e Dalila notou então a luva branca.

— Tem ideia de quão ridículo está? — Ela ignorou a forma com que Dionísio havia chamado sua filha.

— Venha, vamos jogar uma partida antes que esse lugar seja tomado por essas crianças.

— Seu humor fica ainda mais delirante quando o verão se aproxima. — Ela entrou para dentro da casa. — Seus filhos fazem parte desse acampamento. Como pode dizer tal coisa?

— Não seja dramática menina.

— Não sou uma menina. — Ela reclamou, virando-se a procura de Quíron. — Onde está Quíron?

— Cavalgando pela relva? Como vou saber. — O deus sentou-se na poltrona, estalando o dedo para que lhe trouxessem um refrigerante.

— Preciso falar com ele. Já estou cansada de viver neste lugar sem poder sair. Argos me descobriu outro dia dentro do carro, proibindo de deixar o acampamento.

— Bem, não é para mim que você deve perguntar isso.

— Começo a acreditar que não gosta de pergunta porque não tem as respostas.

Dionísio riu, girando o taco na mão.

Pouco tempo depois Quíron entrou pela porta em sua forma meio humana, meio cavalo. Dalila demorou algum tempo para acostumar-se com a sua forma normal. Mas depois de um tempo a cadeira de rodas passou a ser um pouco estranha.

— Ainda bem que chegou. Eu preciso...

— Sim, já sei Dalila. — Ele disse e lá estava a cadeira de rodas novamente. Devidamente sentado, Quíron moveu as mãos sobre o colo. — Vai me dizer que precisa sair para falar com Sally.

Dionísio girou os olhos achando aquela conversa chata.

— Então se já sabe o que eu preciso, porque ainda estou aqui?

— Sua presença só irá atrair mais monstros, minha querida. — Quíron a olhou, pedindo para que se acalmasse. — Se a criança nasceu juntamente na mesma época que a pequena Alexandra, imagine o que poderia acontecer caso as duas vivessem juntas? Uma já atrairia muitos monstros. Três, contando com você, formaria uma tragédia.

— Blá blá blá. — Dionísio estalou os dedos. — Se minha presença aqui não foi solicitada, vou jogar. — Ele se levantou e antes de sair da sala ainda disse. — É claro que se minha presença for importante, façam o favor de não me chamar.

Quando finalmente estavam sozinhos, Dalila sentou-se mais perto de Quíron, segurando suas mãos em súplicas.

— Por favor Quíron. Ela precisa saber que eu não a abandonei.

— Sinto muito. — Quíron apertou as mãos de Dalila com carinho. —Nós devemos dar a ela uma chance. Confie em sua amiga.

— Eu confio. — Dalila choramingou, encolhendo-se no sofá. — Quando Alexandra chegou a mim, meu coração se encheu de alegria, mas ao mesmo tempo de tristeza.

A História De Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora