Dalila achou que Sally precisava de um tempo sozinha para colocar os pensamentos em ordem. Deixou o apartamento assim que Sally dormiu, ela estava cansada e havia passado mal nas últimas horas. Tanta informação deveria tê-la deixado confusa e cansada.
Quando acordou, já passava das cinco da tarde. Sally não sentiu desejo de levantar-se, permaneceu deitada no sofá, olhando o teto como se ele fosse a coisa mais interessante que já vira antes. Estava tentando ignorar seus pensamentos. Não queria recordar da conversa que teve mais cedo. Não queria pensar em assuntos referentes a deuses e coisas parecidas. Mas era impossível trancar aquilo em sua mente.
As palavras de Calyce flutuavam em sua cabeça, também a forma como ela parecia abalada ao falar do próprio filho. Pensou em quem seria o pai da criança, um pescador. E então lembrou-se do que Poseidon lhe disse. Sobre invejar os mortais.
Viver com eles era então algum tipo de prazer?
Sally acariciou a barriga, e pensou no que poderia acontecer a criança. Será que seria saudável? Uma criança normal? Dalila era uma jovem normal. Ela sempre muito dedicada e prestativa, inteligente e bonita. Nesse caso, seu bebê poderia nascer também assim. Talvez se ninguém soubesse onde ela mora, ninguém irá perturbá-lo.
Essa ideia permaneceu na cabeça de Sally por algumas horas, até o anoitecer quando Dalila retornou. Ela carregava algumas sacolas e as deixou sobre a bancada, para organizar tudo na geladeira e no armário. Perguntou como Sally estava, e a resposta foi um simples 'bem'.
Bem ela não estava, era visível sua preocupação, mas não deveria piorar a situação forçando uma conversa que ela não estava preparada. Dalila foi ao banheiro, tomar um banho e depois dormir. Ao sair do banheiro, já vestindo um pijama e com os cabelos presos numa trança folgada, deu boa noite para Sally.
— Espere. — Sally disse. — Eu preciso saber de uma coisa.
— O que?
— Como é ser assim? Como é ser um filho de... você sabe.
— Ah. — Dalila sentou-se na mesa de centro. Ela gostava de falar com as pessoas frente a frente. — Descobri isso a pouco tempo, mas... sabe. Eu sempre vivi com meu pai, sempre achei que faltava algo. Como se a minha vida fosse começar a partir de um momento, até ele morrer e eu ficar sozinha. Estudar, trabalhar e cuidar de tudo sozinha sempre foi muito esforçado, por isso eu as vezes me dava mal em algumas coisas, no começo, esqueci fácil dos pedidos dos clientes, e confundia as mesas, mas depois, eu decidi que precisava me esforçar mais para ser alguém importante. Como meu pai sonhou.
— Entendo. E sua mãe. Digo, o que você sabe dela? Guarda algum rancor?
Dalila tomou uma expressão completamente diferente quando passou a falar da mãe. Seu rosto suavizou e os olhos brilharam.
— Ela é uma mulher doce. Como eu imaginei, ou melhor até. Estou feliz por saber que não sou mais sozinha no mundo.
— Será que meu filho terá o mesmo destino que você? — Sally abaixou a cabeça. — Será que um dia meu bebê poderá conhecer o pai?
— Sally, há muitas coisas sérias acontecendo, que você não sabe. Se deseja realmente proteger seu bebê, acho que deveria conversar com Poseidon. Ele poderá ajudá-la.
Ela considerou a sugestão de Dalila, mas não agora, naquele momento ainda estava abalada, processando todas aquelas informações.
No outro dia, Sally decidiu trabalhar, ela precisava de dinheiro, por isso deveria adiantar o serviço das bolsas, para depois encontrar uma forma de ganhar mais dinheiro e conseguir se manter nos meses seguintes de quando não pudesse mais trabalhar por conta da gravidez avançada. Com a ajuda de Dalila, fez um planejamento do dinheiro que iria receber do trabalho e da herança de seu tio. Era pouco, mas o suficiente para complementar a renda.
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A História De Sally Jackson
FanfictionComo seria a relação de uma mortal e um deus? Sally Jackson esperava que aquele fosse mais um típico verão. Poseidon esperava que não. . . O livro Percy Jackson e seus personagens não me pertencem, mas sim ao Rick Riordan; As informações contidas n...