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RICHARD.   

                      
                        Olhei a porta da cafeteria, ainda tentando processar o que estava acontecendo. Mia estava lá dentro, sozinha. A raiva e o ciúme que o consumiam desde que ela mencionou Martinelli só aumentavam a cada segundo de espera. Eu não sabia se estava mais aliviado ou confuso. O que ela estava fazendo ali, sozinha? Será que ela inventou essa história de sair com Martinelli apenas para me provocar? Antes que pudesse pensar mais, tomei uma decisão impulsiva. Sai de onde estava e caminhei diretamente até a porta da cafeteria. Assim que entrei, vi Mia sentada em uma mesa perto da janela, distraída, olhando para fora. Ela nem me viu se aproximar até eu estar bem à sua frente.

— Por que você mentiu pra mim, Mia?— Perguntei, minha voz cheia de frustração. Ela levantou os olhos, visivelmente surpresa com a minha  presença.

— O que você tá fazendo aqui?— Ela respondeu, nervosa, evitando a pergunta.

— Eu te perguntei uma coisa.—  Insisti, ignorando o desconforto de Mia.— Você disse que tinha planos com o Martinelli. Mas eu estou aqui, e você está sozinha. Então, por que mentiu?

                     
     Mia cruzou os braços, claramente tentando manter a compostura, mas eu pude ver o nervosismo nos olhos dela. Ela ficou em silêncio por um momento, mas então levantou o queixo, assumindo uma postura defensiva.

— E desde quando você tem o direito de me seguir? — Ela rebateu.— Nós terminamos, Richard! O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta.

— Você tem razão, não é da minha conta.— Deu um passo para mais perto, minha voz mais baixa, mas cheia de intensidade.— Mas você mentiu, Mia. Por quê? Só pra me machucar? Porque parece que é isso que você quer.

— Talvez eu só quisesse te dar um gostinho do que eu sinto quando você some e age como se eu não existisse.— Mia respondeu, sua voz vacilando entre a raiva e a mágoa.

                          Eu a encarei, suas mãos apertadas ao lado do corpo. Eu ia responder, mas fui interrompido pelo som da porta da cafeteria se abrindo. Ambos nos viramos para ver Martinelli entrando, com um sorriso descontraído no rosto. Ele olhou diretamente para Mia e levantou a mão em um aceno casual.

— Ei, desculpe a demora, tive um imprevisto.— disse Martinelli, ignorando completamente a tensão entre eu e Mia. Ele se aproximou da mesa, claramente surpreso ao ver Richard ali.— Ah, e aí, Ríos? Não sabia que você também vinha.

                           Estreitei os olhos, sentindo o sangue ferver de novo. Eu olhei para Mia, que ficou ainda mais nervosa com a situação. Ela tentou abrir a boca para explicar, mas não conseguiu formar as palavras.

— Então, era verdade?.— Murmurei, mais para mim mesmo do que para os dois. Senti uma pontada no peito, uma mistura de ciúme e traição que me deixou sem reação por um momento.

                   Mia desviou o olhar, percebendo que a mentira dela havia escapado ao controle. Ela se levantou, tentando controlar a situação.

— Martinelli, talvez a gente devesse.— Começou ela, mas eu a interrompi, minha voz fria.

— Não, Mia. Vocês dois podem aproveitar o café.— Olhei para Martinelli com desprezo antes de se virar para sair.— Divirtam-se.

𝔇𝔢𝔳𝔲𝔢𝔩𝔳𝔢𝔪𝔢 𝔢𝔩 𝔠𝔬𝔯𝔞𝔷𝔬𝔫 - Richard Rìos Onde histórias criam vida. Descubra agora