Capítulo 10 - Capítulo X

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Os dias passavam devagar, e tudo em que Jordano conseguia pensar, era no sorriso da jovem moça de olhos verdes. Queria que os quinze dias passassem rápido, para que ela voltasse logo com mais tintas, apenas para poder olhá-la mais uma vez. E assim foi. Quinze dias depois, lá estava ela com seu sorriso singelo e uma cesta cheia de tintas. Desta vez, Jordano não iria aguentar mais quinze dias sem vê-la, e inventou que precisava de penas novas, de corvo, e pediu que ela trouxesse na próxima semana. E sete dias depois, lá ela estava com as penas, e mais uma vez Jordano pode olhá-la. Como monge beneditino, ele sabia que era errado nutrir aquele tipo de sentimento. Sua vida pertencia apenas a deus. Mas mesmo assim, ele não controlava o coração. E nem os desejos de seu corpo. Algumas noites, acordava ofegante lembrando de seu sorriso ladino e lábios rosados. Ele rezava constantemente pedindo que deus tirasse dele aquele desejo mundano, mas por algum motivo, deus não ouvia suas preces, e quinze dias depois, quando a moça voltava, sentia seu corpo esquentar e seu coração palpitar ao ver mais uma vez seu sorriso, seus olhos, seus fios vermelhos bagunçados por debaixo do lenço... Assim se passaram meses, e Jordano se via contando os dias para poder ver a bela moça novamente.

Em uma manhã, acordou para as preces, mas não conseguia mais pensar em deus. Tudo o que vinha em sua mente quando fechava os olhos, eram aqueles grandes olhos verdes. Ainda faltavam 9 dias para que voltasse com mais tintas e Jordano não aguentava mais. Foi até a sala Abade inventando uma desculpa de que a tinta azul havia acabado, e precisava urgente de mais. O Abade perguntou se não poderia esperar até que a vendedora voltasse em 9 dias, mas Jordano disse que não, e que isso atrasaria todo o seu trabalho de copiar os manuscritos. O monge mais velho não tinha o que dizer. Se ele dizia que precisava, então era porque precisava. Lhe entregou algumas moedas e indicou o local onde a moça das tintas vivia com a tia. Jordano pediu perdão a deus pelas mentiras, mas não suportaria ficar nem mais um dia sem vê-la.

Ele fez o caminho indicado pelo Abade, em direção a casa da moça. Seguiu por dentro da floresta de pinheiros, atravessando um córrego e seguindo o rio. Andou bastante até chegar na propriedade cercada de arame. Era uma pequena fazenda de pássaros, e nos fundos havia uma casa de madeira. Ele entrou devagar e foi em direção a porta. Antes de bater, olhou pela pequena janela para ver se tinha alguém em casa. Se abaixou encolhido quando viu a bela moça de olhos verdes vindo de outro cômodo carregando um balde d'água. Por sorte ela não o viu. Ele se levantou um pouco e decidiu espiá-la para ver o que ela fazia. Sentiu seu coração palpitar e sua respiração ficar pesada, quando a viu tirar o lenço e desamarrar o coque da cabeça, deixando seus longos cabelos vermelhos caírem como uma cascata até o meio de suas costas. Ela passou as mãos entre eles, como se os penteasse, e Jordano simplesmente não conseguia parar de espiar. Agachado debaixo da janela, olhava hipnotizado enquanto ela se preparava para lavar-se. Ela estava de frente para a lareira, e tudo o que ele conseguia ver eram suas costas. Ela desamarrou o vestido e o deixou cair por seu corpo, expondo suas costas nuas, sua cintura fina e seus glúteos arredondados. A pele era tão branca, que em alguns pontos chegava a ser rosada. Jordano não conseguia parar de olhar, completamente encantado enquanto ela molhava um pedaço de tecido na água do balde e passava por seu corpo, limpando a pele. Sentiu uma onda de choque em seu corpo. Sentiu muito calor, e sentiu seu membro ficar rígido por baixo de suas vestes. Estava hipnotizado com a visão, até que viu a jovem moça se virar de lado, e então pôde constatar algo que realmente o deixou impressionado. Não era moça, e sim um homem. Seu susto foi tão grande, que escorregou e caiu no chão, machucando o pulso ao tentar parar a queda.

O homem de cabelos ruivos ouviu assustado o barulho que vinha da janela e rapidamente vestiu-se de qualquer jeito com o vestido. Pegou um punhal em cima da lareira e saiu correndo para fora em busca do invasor.

Nove Vidas (Gaalee)Onde histórias criam vida. Descubra agora