Acordei bem cedo, todos ainda estavam dormindo e ainda mais estava escuro, mas daqui a pouco amanhecerá. Eu vesti novamente minhas roupas de frio e arrumei minhas coisas para realizar o sonho dela.
Vi o topo, ainda tinha algumas nuvens ao redor, porém não estavam tão acumuladas como em um dia nublado, foi meio assustador no início, mas respirei fundo e fiz como ela faria, encararia aquilo para ter adrenalina e então sentir o que é viver.
O caminho até o topo a seguir era uma trilha muito estreita, nos dois lados havia abismos e escorregar significaria a morte. Mas havia cordas fixas no chão que guiavam o caminho e auxiliavam quem quer que fosse para impedir de cair ou escorregar. Prendi uma corda em meu cinto de utilidades com o mosquetão para a corda auxiliadora no chão que estava presa em estacas fixas nas rochas no caminho estreito, e continuei. Por fim, vesti a máscara de oxigênio e verifiquei quanto ainda tinha de oxigênio no meu tanque, aparentemente tenho umas cinco horas, então vou aproveitar, enfim segui em frente. Estava entre as nuvens, a visibilidade era péssima, e o medo cresceu ainda mais em mim, porém aguentei firme e segui em frente até chegar ao topo.
Foi aí que me lembrei quando escalei a maior montanha da Islândia com Jane; em comparação a esta, o Evereste a coloca no chinelo. Foi exatamente assim que ocorreu aqui e lá, portanto, foi como um déjà-vu, na mesma situação. Estava andando bem devagar por causa do peso e também para não perder o fôlego, mas foi quando que a minha visibilidade aumentou, conseguia ver o sol e um céu limpo, extremamente limpo, sem nenhuma nuvem, e inclusive alguns pontilhados brancos, creio que sejam estrelas ou até talvez satélites.
À minha frente estava o topo, único e solitário em meio a tudo isso e caminhei lentamente até ele. O pico era um pouco plano, mas bem inclinado para um imenso abismo à esquerda, mas lá havia uma grande camada de neve cobrindo e aos dois lados, tanto à direita quanto à esquerda, tinha uma decida monstruosa. No chão havia várias bandeiras de diversos países e de diversos logos de empresas, mas a neve estava enterrando-os e todas estavam presas em parafusos nas rochas.
Quando me aproximei do pico, me soltei da corda fixa para não cair e então andei mais um pouco à frente. Chegou o momento mais esperado, estive lá em cima, o ponto mais alto de todos, me sentia incrível, e pela primeira vez sozinho e sem medo. Estava realizando este grande feito como em meus sonhos. O céu azulado cobria todo meu horizonte e era uma mistura entre um azul ciano ao um azul escuro no topo, no espaço sideral, mas assim que olhava para o sol ele me cegava. Estava no meu ápice dos sonhos, ou talvez dos sonhos dela.
Tirei minha mochila alpinista das costas e a abri para pegar o colar de Jane em um bolso interno, o levei comigo para casa, pois era uma lembrança, e estive com ele esse tempo todo. Tive que estender minha mão até o fundo, pois ele estava no fundo da mochila, foi complicado, porém consegui. Peguei um prego para fixação de cordas no gelo e cavei um buraco não tão fundo, mas que conseguisse chegar até a rocha do topo, portanto usei o martelo pequeno que levo para pregar e então afundei o prego do tamanho da palma da minha mão no chão de rocha. Estava com o colar em minhas mãos e o observei com atenção, pois era uma recordação importante dela. Eu observei pela última vez o colar, pude senti uma brisa reconfortante logo em seguida, como se ela estivesse aqui, mas certamente ela está em espírito naquele colar.
Me abaixei e usei o cordão do colar para amarrá-lo no prego, e o prendi e também afundei o prego ainda mais para manter o colar ali preso. O enterrei com a neve e algumas pedras que estavam em volta de mim. Portanto, ele estava enterrado, finalmente o desejo dela estava feito. Enfim, permaneci ali, observando e imaginando ela em sua felicidade. Me levantei para finalmente respirar e sentir aquele momento fluir, sendo assim, olhei para cima e concluí o que mais buscava, naquele céu azul claro e lindo.
Ainda naquela manhã, retornei para o cume pelo o mesmo caminho e com mais calma, mas no decorrer do caminho acelerei o passo, pois os ventos começaram a ficar mais fortes, mas consegui voltar para o cume e devo dizer que estava inspirado, não tinha nenhum peso na consciência, talvez esteja até feliz, mas não é o meu momento, é o momento dela.
Assim que retornei ao cume, encontrei os meus líderes já acordando todos para tomarem café da manhã, quanto a mim, avisei que havia desistido, o tempo tinha cedido e então um dos líderes resolveu me levar de volta para o acampamento base. Tomei meu café da manhã para estar com energia para voltar, e no meio da manhã eu e um líder da expedição me acompanhou para minha própria segurança.
Entretanto demorei um dia e meio para descer e buscar pelas minhas coisas, mas tudo isso foi por Jane e espero que ela tenha sua felicidade.
Era manhã quando cheguei lá e fui até a barraca da empresa que contratei para pegar minha mala e poder ir embora com uma ótima lembrança dela e do que ela é.
Um Sherpa que paguei me ajudou a carregar a minha mala até um vilarejo entre algumas montanhas para enfim pegar um avião a Katmundu e retornar para casa. No meio do caminho, fiquei pensando, poderia ter uma recordação desse lugar, e então comprei uns presentes como um ímã de geladeira e uns pôsteres do Evereste.
Ao chegar ao vilarejo, andei até o hotel onde a expedição se hospedou, e o meu contrato com a empresa ainda estava valendo, então tinha uma noite naquele hotel até amanhã para voltar. Aproveitei para tomar um banho bem quente depois de baixas temperaturas. Também mandei outro email com Wi-Fi do hotel para meu pai, e assim pude ver que ele não respondeu, não as mais recentes, mas avisei que estava retornando para casa e que estava com saudade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Segredos Da Felicidade
AventuraPrimeiro Livro da Trilogia Os Segredos da Felicidade Em uma aventura de superação e recuperação da felicidade, embarca David Rogers, um adolescente tímido e melancólico com diversos sonhos e devaneios à uma vida melhor. No entanto, ao se apaixonar...