Diário de Viagem#22

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     Este final de semana foi um desafio para nós, era para ver quem é mais louco, eu ou ela

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     Este final de semana foi um desafio para nós, era para ver quem é mais louco, eu ou ela. Eu quase caí em um precipício e Jane pulou em umas das maiores cachoeiras da Europa — quem será que é o mais louco? —, afinal de contas, isso prova que eu e Jane somos iguais, querendo a mesma coisa, adrenalina, só que para ela, a adrenalina é um vício.
Enfim, com esse quase acidente que tive, retornamos até o topo da montanha para descer pelo o teleférico e por sorte ele estava vazio para a descida e então tentamos ficar calmos até lá, pois essa aventura está se tornando uma tentativa de: quem caí primeiro do desfiladeiro. Após isso, devolvemos os equipamentos de esqui e tive que pagar uma taxa extra pelo bastão xing ling que quebrou durante minha queda, mas enfim conseguimos resolver tudo e fomos para a estrada. Antes de irmos, Jane abasteceu a caminhonete velha deixando o tanque cheio e gastando metade do dinheiro da viagem com isso, mas era necessário.
Eu ainda tinha um dinheirinho da minha mesada e como disse que usaria para comprar um celular novo deixei para outro instante pois ele está servindo para pagar os almoços e as aventuras loucas, porém quis dar outra utilidade, comprar comida boa.
Durante nossa ida até o sul, estive com um desejo de comer um salgadinho, ou uma coisa salgada como tortilha; parece até um desejo de uma grávida, mas infelizmente algumas coisas são caras para os turistas, sacrifiquei então meu dinheiro para realizar esse desejo.
Antes de deixarmos a cidade, ainda estávamos abastecendo a caminhonete, mas junto ao posto de gasolina havia uma loja de conveniência, lá comprei muitas comidas não tão saudáveis como salgadinhos e biscoitos — fazer o que, sou adolescente, tenho que aproveitar enquanto tenho vasos sanguíneos limpos, com certeza meu pai diria isso já como ele estuda medicina para ser enfermeiro —, portanto eu levei umas quatro sacolas plásticas para a caminhonete e isso deixou Jane de boca aberta enquanto eu estava entrando na caminhonete que estava ao lado da bomba para encher o combustível. Jane estava no lado de fora da caminhonete e estava abastecendo o tanque sozinha, pois aqui na Islândia não possuí frentistas, ou seja, temos que abastecer sozinhos. Ao decorrer, Jane enchia o tanque e ao me observar disse:
— Caramba, quanta coisa, parece que vamos ganhar mais alguns quilos, comprou bebida também?
— Refrigerante? ... Não, prefiro suco que é mais saudável — respondo, apesar de eu gostar só um pouquinho de refrigerante.
— Não seu bobo... digo com álcool.
— Tá doida, você é menor de idade...
— E daí, nunca bebeu na vida?
— Sim..., quer dizer não, mas você vai dirigir — afirmo deixando ela um pouco impaciente apesar de ser um perigo.
— Deixa que eu que faço, é moleza... e não vou beber, só vou comprar vinho, para uma ocasião importante, você verá.
Entreguei meu dinheiro que restou para ela e então Jane foi até a loja de conveniência ao nosso lado. Portanto estive aqui na caminhonete tomando conta enquanto ela ia comprar alguma coisa.
Em seguida, passou-se dois minutos e então Jane trouxe consigo uma sacola ecológica bem cheia — ajudar o meio ambiente né —, ela comprou duas garrafas, e então entrou na caminhonete e perguntei curioso:
— Como você conseguiu comprar?
— Identidade falsa, não haja nenhum adolescente que não tenha uma... — respondeu Jane com seus mistérios —, enfim, toma aqui o resto do dinheiro, e comprei taças de vidro, tenha muito cuidado, são frágeis, e por fim uma garrafa de vinho, foi a mais cara que encontrei, sempre as mais caras são as melhores.
— Como você sabe disso?
— Festas de ricos, sempre eles têm vinho bom, aprendi como escolher uma boa garrafa.
— Entendi, enfim, para onde vamos agora? — pergunto segurando as taças de vidro com segurança e pondo o cinto de segurança.
— Vamos para o oeste, próximo a Reykjavík, vamos estar próximos da costa até a noite para ver a aurora boreal, e lá vamos ter uma belíssima noite.
Jane ligou a caminhonete velha e então fomos para estrada a caminho do Oeste a fim de ver a aurora boreal. Nunca tinha visto ela pessoalmente, e não tive o interesse até agora, mas imagino que Jane esteja preparando algo importante para nós, talvez nesse momento posso dizer o que sinto, ou talvez não vou precisar dizer o que sinto por ela. Em relação a garrafa de vinho, estava com um pé atrás, prometi a mim mesmo que nunca beberia, não queria me tornar um desses adolescentes que bebe por diversão ou para chamar atenção e ao decorrer disso causar um acidente como aconteceu com a minha mãe a anos atrás.
Um caminhoneiro que vinha dirigindo em direção à Delaware com várias lenhas para o natal, estava bebendo, não muito, porém foi o suficiente para ele perder a noção da realidade. Era noite, o céu estava limpo e claro com a lua cheia. Minha mãe vinha no sentido contrário em uma minivan para a capital de Delaware, eu não me lembro direito o por que ela estava indo para lá, esse fato esqueci, mas ela estava sozinha, eu fiquei com meu pai em casa pensando em como vou passar na fase do meu jogo favorito. O caminhoneiro invadiu a outra pista do sentido contrário, quebrando a mureta que dividia as pistas, logo de cara ao invadir destruiu alguns carros que vinham em sua direção e inclusive de minha mãe, porém o acidente dela foi o mais grave, o caminhão bateu de frente com a minivan, pois ela estava na pista da esquerda à quase 100 quilômetros por hora e ela nem conseguiu reagir ou frear quando o caminhão bateu com tudo na frente da minivan. O airbag foi acionado, mas não adiantou muito, pois a batida foi muito rápida e forte, assim toda frente do carro ficou completamente destruída.
Com a batida, estilhaços atingiram o motorista e ele ficou desacordado e também devido à forte batida, os outros motoristas tentaram socorrê-los, mas era tarde demais. Minha mãe morreu no mesmo instante, já o caminhoneiro ainda tinha uma chance, mas não resistiu e morreu no meio do caminho para o hospital
Ellen Rogers, minha mãe, tinha morrido devido à uma forte batida com os destroços e o volante em sua cabeça que então resultou em uma morte rápida. Assim que meu pai soube do acidente, ele correu até o hospital onde ela foi levada, mas já era tarde demais. Enquanto ele foi até o hospital correndo, minha avó ficou aqui comigo tomando conta de mim enquanto tentava me consolar. Não me lembro do que fiz, de como foi meu luto, as coisas aconteceram tão rápido e nem me lembro, acho que minhas memórias dividem espaço com meu limbo de sonhos.
Depois de um mês, meu pai se mudou para Nova Iorque, deixando a família da minha mãe para seguir um novo caminho, e eu fiquei em luto. Deste então, tento evitar pensamentos do acidente e principalmente de como foi seus últimos momentos, temo que isso possa ser um gatilho para minha última fase da depressão.

Deixando esse assunto melancólico, eu e Jane chegamos ao Oeste, no condado mais populoso da Islândia, novamente vimos o mar enquanto estávamos à beira da costa e da capital da Islândia. Para nossa sorte, não esteva nublado, o céu estava limpo e quando chegou à noite continuou a mesma coisa. O céu estava bonito, tinha várias estrelas e isso melhorou aquela noite.
Após quase duas horas e meia de viagem até aqui, já tinha chegado à noite e então Jane deixou a estrada principal e pegou uma estrada de terra em direção à praia mais próxima. Passamos a diante de várias placas informando sobre a forte correnteza e que também havia animais, tínhamos que ter cuidado ao passar com a caminhonete naquela estrada de terra, mas enfim chegamos a praia e era bem comprida e sua areia era negra, como terra negra, ao redor era bem plano, sem muitas elevações ou montanhas, mas ao fundo no horizonte estava algumas montanhas com seus topos cobertos de neve.
Jane invadiu a praia e ficou com medo que a caminhonete atolasse naquela areia negra, pois era meio fofa. Então deixou a caminhonete próxima das rochas grandes, pois em volta delas no chão havia várias pedras pequenas de cascalhos que nos ajudariam a sair da praia.
Era dez da noite e não tinha ninguém e nenhum sinal de civilização por perto. Eu e Jane ficamos à vontade naquela praia. Ela preparou a caminhonete para ver a aurora boreal. Limpou a caçamba e forrou o chão com uns dos cobertores grossos que usamos para cobrir o chão da barraca para que não tenhamos que deitar em pedras. Ela decorou tudo, pegou as taças, vinho, os biscoitos e os deixou na caçamba ao redor. Enquanto fazia tudo isso, eu estive apenas a observar e então impressionado digo:
— Nossa, devo admitir, você é bem criativa, mais criativa do que eu...
— Obrigada... Venha, vamos para o nosso encontro, ou jantar... não romântico sob a luz das estrelas e espero também da aurora boreal — respondeu Jane correndo para dentro da cabine do motorista.
— Jantar não romântico, faltou as velas aromáticas...
— Vela aromática é meio brega, e acho que ela não cairia bem se não fosse para apimentar as relações... — respondeu ela fazendo algo inusitado.
Jane foi até o banco do motorista e se trancou lá dentro onde começou a fazer algumas coisas estranhas. Ela do nada tirou suas roupas e fiquei paralisado ao vê-la de sutiã, era surreal e estranho de certa forma, mas fui o bom rapaz, quer dizer, sou respeitoso e me virei de costas e pensei em mil coisas, — será que aquela dia é hoje? —, estava agindo como um nerd. Mas tudo melhorou quando a encontrei em um  vestido vermelho com tecido bem liso, porém meio amarrotado, não era muito colado ao corpo, ia até os joelhos e tinha mangas pequenas com um tecido ainda mais fino, com certeza ela deve estar sentindo frio além do buraco grande para suas costas revelando suas curvas. Ela estava com um batom vermelho, mas nem tanto maquiada para a ocasião.
Senti esse aperto no coração, esse calor, um turbilhão de coisas, ela estava incrivelmente linda, e foi ai que percebi, como gosto dela.
Jane andou até mim como uma modelo em uma passarela e depois girou fazendo a bainha de seu vestido planar no ar mostrando suas coxas e pés descalços.
— Como estou? — perguntou ela
— Nossa... você está linda — elogio com a boca aberta para sua beleza, — mas porque está usando este vestido?
— Porque esse seria o vestido que usaria para o baile de formatura, e como não irei por questões particulares como ocupada demais para festas bobas de adolescentes. E também percebi que você com certeza não irá, então fiz aqui nosso pequeno baile de formatura na Islândia...
— Nossa, mas você não está com frio?
— Deixa isso pra lá, vamos aproveitar esse momento.

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