Diário do Viagem#16

21 8 2
                                    

          Nossa aventura será uma viagem em torno do país, iríamos contorná-lo, mas seriam necessários quase oito dias e Jane programou para durar sete dias e meio, assim no final estaremos preparados para ir embora

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

          Nossa aventura será uma viagem em torno do país, iríamos contorná-lo, mas seriam necessários quase oito dias e Jane programou para durar sete dias e meio, assim no final estaremos preparados para ir embora. O maior problema é o tempo, pois esta lata velha não está cooperando muito. Além do mapa com todos os pontos turísticos no qual ela pretende visitar, Jane detalhou os pontos para que estivéssemos preparados para o pior, como o pneu furar, alguém se machucar, uma chuva forte atrapalhar o caminho ou o carro atolar. Achava incrível como ela pensou em cada detalhe, e o registrou. Acredito que realmente ela ama aventura, e percebo em sua determinação, diferente de mim — há muita coragem —, e fico triste por não ter tido coragem durante esses últimos anos.


Andávamos bem devagar e isso a irritava, e a lentidão fazíamos ganhar estresse e então começamos a perder tempo, precisamos estar no primeiro ponto para iniciar as aventuras e para piorar estava chegando o final da tarde. O motivo da lentidão é o motor que estava falhando em alguns momentos, pois estávamos subindo alguns morros na estrada para poder chegar até as montanhas da qual tinham a estrada que beirava o mar. Queríamos voltar atrás e poder pedir ajuda, mas a cidade mais próxima está 100 quilômetros daqui, ou seja, precisamos seguir em frente.
Queríamos até poder comprar outro carro melhor, mas o dinheiro que nos resta é para as hospedagens, pousadas e o combustível, além disso não seria o suficiente. Mas era só ter um pouco de calma que conseguiríamos, aliás temos sete dias e meio e o caminho não é muito grande.
Outra coisa que me impressionou era como Jane tinha bastante dinheiro para uma viagem com duas pessoas. O fato de sua família ser rica justifica um pouco, porém é muito dinheiro. Talvez a mãe ou o pai dela deram, acho que faria mais sentido o pai dela ter dado, como um favor. Ou talvez Jane tenha conseguido com Bjorn no seu contrabando e então tenham dividido a recompensa dos serviços — caramba, quer dizer que a garota que amo é uma criminosa internacional —, nunca pensei que Jane seria capaz disso, mas pelo o que vejo e descobri recentemente, acho que Jane pode tudo, até mesmo roubar do presidente dos EUA. Mas pensei em seu pai, vi que ela e sua mãe vivem em uma casa recheada de objetos caros e relíquias das aventuras do pai dela, talvez desta fama dele possa ter contribuído na alta renda.

Não parava de olhar pela janela da caminhonete com a ansiedade para começarmos essa aventura, e com o sol forte sobre nós estive usando óculos escuros e escutava apenas o som do vento batendo no para-brisa balançando os cabelos de Jane, e o som do motor sendo forçado ao máximo. Logo, surgiu um silêncio entre nós e isso me incomodou, quer dizer eu gosto desse tipo de silêncio, agora era diferente. Tomei uma atitude, queria conhecer mais sobre Jane e desvendar seus mistérios, então perguntei:
— Jane, você é ruiva natural ou pintou seus cabelos? — pergunto me virando para ela.
— Ah, longa história...
— Pode contar, estamos sozinhos, deixo isso como segredo se preferir...
— Tudo bem... sim, eu sou ruiva natural, ou era, mas é uma história que você vai achar esquisito. Eu os pintei, pois era para fazer parte da minha identidade nova, uma forma de identificar a nova Jane e diferenciar a antiga, uma identidade falsa resumindo. Muitos me conheciam pelo meu antigo cabelo ruivo natural, mas hoje nem me reconhecem com esse cabelo, então usaria isso para me falsificar. Foram anos bem conturbados, mas afinal de contas aprendi a ter maturidade.
— Compreendo, também acho que você pode tudo, até mesmo roubar o presidente...
— Claro, já roubei de um grande traficante internacional, poderia até roubar de um presidente — afirmou Jane com tanta naturalidade, mas se concentrava na estrada.
— Como assim, você está falando do Bjorn ou de um cara barra-pesada?
— Relaxa David, isso já foi resolvido... o cara não está entre nós...
— Jane, você é estranha pra caramba, sério mesmo que se envolve nessas coisas com Bjorn? — pergunto muito surpreso e com medo talvez.
— Não, relaxa, só fiz uma vez e era um favor que devia a ele, Bjorn age como meu pai, me impede de fazer essas coisas ao lado dele, como essa aventura, por isso que o odeio as vezes. Mas não sou uma portadora como Bjorn, sou mais como uma imigrante clandestina.
— Né, e agora também sou....
— Vamos mudar de assunto... vamos falar sobre você. David, quais são os seus sonhos?
— Não tenho muitos.
— Sério! Você vive em um limbo de sonhos e não tem nenhum?
— Desculpa, alguns são íntimos, quer dizer... tenho vergonha de contar...
— Somos parceiros nesta aventura, pode contar pra mim, e talvez possa ajudá-lo, a não ser que envolva beijos, aí é outra...
— Tem um, porém não dar para fazer aqui — respondo interrompendo Jane, pois beijar é uns dos meus sonhos também.
— Por que? O que é? — perguntou ela bem curiosa.
— Um dos meus sonhos é fazer uns dos meus esportes favoritos, Downhill.
— Ah, conheço. Aquele esporte em que você desce uma montanha mais rápido com skate sem parar, acho que já vi você fazendo isso. Você quer fazer aqui?
— Eu tentei... em Nova Iorque, porém não dar, pois aqui é um terreno plano.
— Talvez eu possa te levar por uma corda...?
Jane entusiasmada, encostou o carro no acostamento, então descemos juntos da caminhonete e a esperei fazer o seu plano de me levar por uma corda. Ela se dirigiu até a caçamba então procurou em sua mochila alpinista uma corda. Meu coração começou a ficar acelerado, tinha muito medo de realizar esse sonho que acabaria em um possível acidente. Meio desconfortável, a observava enquanto estendia uma longa corda que amarrou em meu pulso direito, e então ela amarrou a outra ponta no para-choque traseiro da caminhonete para me puxar. Estava bem nervoso e estava bem próximo de parar aquela brincadeira que com certeza daria ruim. Porém Jane insistiu bem entusiasmada, com seu grande excesso de alegria contagiante que me fez mudar de ideia. Peguei o meu skate dentro da minha mala e os equipamentos de proteção como o capacete que ganhei de presente de Jane, a cotoveleira e a joelheira, e os vesti para me proteger de um possível acidente. Estando pronto, disse para ela bem inseguro:
— Por favor, Jane não vá acima de 20 quilômetros por hora.
— Pode deixar comigo David. — Disse Jane ligando à caminhonete.
Assim que ela ligou a caminhonete, logo acelerou e retornou a estrada e começamos a andar lentamente enquanto me segurava pela corda no qual estava amarrada em mim, eu me agachei um pouco para poder ter equilíbrio e ter controle maior sobre o skate, mas estava com muito medo, e aliás que ideia foi minha de fazer uma loucura dessas. Quem não estaria nervoso num momento desses, mas com o tempo algo inacreditável aconteceu comigo.
Aos poucos ela foi acelerando enquanto eu tentava perder o medo de poder me levantar e observar horizonte daqui de fora e sentir o vento batendo no rosto. Ela percebeu que estava meio inseguro pelo o retrovisor e viu que não conseguiria me libertar dessas correntes. Ela me incentivou gritando meu nome e tentava ganhar todos os esforços e a coragem.
Foi quando percebi que precisava tomar uma atitude em relação a isso, precisava sair do meu limbo de sonhos e aproveitar a vida pois como Jane disse, a vida é uma aventura, então ganhei confiança e me levantei para poder abrir os meus braços para o horizonte e me libertar do meu limbo de sonhos.

Os Segredos Da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora