Prólogo

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Meus pés doíam a cada passo que eu dava direto à liberdade. Eles me perseguiam, mas é inútil tentar me alcançar agora que estou tão perto da saída. Foram anos me machucando sem dó, sem piedade. Foram anos me matando aos poucos como se eu fosse um rato de laboratório. Se passaram anos, sim, mas minha coragem e luta não fora em vão, nada aqui fora. A luz do dia cegava meus olhos, me fazendo automaticamente levar minha mão até o rosto e impedir os raios solares. Há quanto tempo que eu não sentia isso? Há quanto tempo eu não corria assim, livre?

Paula tentara me ajudar, e nunca esquecerei de sua bondade. Ela havia preferido ficar e segurá-los até que eu conseguisse, até eu ser um passarinho e voar para longe. Os passos atrás de mim aumentavam, e eu, como uma fugitiva esperta, corri mais rápido. Eu estava sem fôlego, não conseguia respirar direito. Meus cabelos voavam como penas quando o vento às reivindicavam. Eu não sei quem sou, não sei de onde sou, e muito menos o que eu era antes, mas agora, eu sou uma garota livre. O arco da enorme porta entrou em meu campo de visão, lágrimas caíam desesperadamente. Faltava pouco... bem pouco... Mais rápido, eu preciso ser mais rápida.

Um grito de ódio explodiu no corredor largo, e os passos haviam diminuído, virando um leve ondular de vibrações. O barulho de vozes e pássaros invadiram meus ouvidos, me fazendo parar de modo cambaleante. Pessoas. Eram pessoas. E haviam muitas delas, assim como carros, estradas, prédios, casas, tudo! Não esperei ver o que acontecia, e então corri para o meio da multidão, esbarrando em várias pessoas, que me lançavam um olhar de raiva e depois, de horror quando visualizam meu corpo. Eu estava toda cortada por facas afiadas, e o sangue que escorria delas me faziam questionar até quanto tempo irei aguentar. Quando a adrenalina fugir, e a realidade bater em meu peito, saberei que nem tudo é o que parece. Eu perdi muitas coisas, eu sei que perdi, Paula perdeu. Eu sei que tenho um propósito, tenho que ter.

Uma tontura me faz tombar para trás, encontrando um corpo logo na sequência. Era uma garota, com seus olhos perolados impressionantes e uma franja que balançava com o vento. Minha visão havia escurecido, eu estava perdendo a consciência, estava desmaiando ali.

— Temos que ajudá-la! — Uma voz soou, doce e gentil.

— Oi! Ei! — Batidinhas em meu rosto pude sentir. Em poucos segundos a escuridão me reivindicaria. — Você consegue falar seu nome? Você lembra do seu nome?!

– Qual o seu nome? – a garotinha perguntou, meio tímida.

– Rin – sorri, sem mostrar os dentes.

Uma lembrança. Abri um pouco os meus olhos e encarei olhos extremamente verdes me encarando. Havia preocupação em seu rosto, assim como medo. Sorri levemente, tendo dificuldade até mesmo nisso. E finalmente, disse:

— Rin — meu nome é Rin. Eu havia lembrado. Eu havia lembrado o meu primeiro nome. Eu não era uma garota sem nome, sem identidade. — Rin... — repeti, antes de cair na escuridão atraente. E eu tenho quase certeza de que vi olhos negros me encarando intensamente. Ele me procurava.

Revisado.

Máfias Aliadas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora