Capítulo 12

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"Anos atrás"

-Você quer me convencer de que sou sua companheira? Que eu pertenço a você? - Val argumentou - É por isso que deu esse show de testosterona a alguns minutos?

-Ser minha companheira não significa que você me pertence, é justamente o oposto, doutora. Eu pertenço a você, tudo o que quiser que eu faça ou seja, eu serei e farei.

-Não quero nada, não preciso de nada.

-Doutora...

-Pare de me chamar assim!

Val explodiu, suas mãos tremendo enquanto segurava a base da mesa, Laurent estava próximo demais para que ela conseguisse pensar de forma coerente. A sala estava quente mesmo com o ar condicionado ligado e ela não conseguia imaginar uma ideia pior do que beijá-lo, mas era a única coisa que queria naquele momento e foi o que fez.

Laurent teve um segundo pra entender que ela estava indo contra ele, mas não era para brigar, Val o beijou e ele não conseguiu frear a resposta instintiva dele. A boca macia tinha um leve gosto de morango, Val gemia baixinho as vezes, o suficiente pra ele não ter certeza se ela fez mesmo algum barulho.

-Você não me disse seu nome, doutora - ele sussurrou enquanto beijava o pescoço dela.

-Valentina.

-Agora sim, é um prazer conhecê-la.

O barulho das coisas caindo no chão quase a fez perder o foco, tinha certeza que seu notebook foi arremessado junto com os papéis e canetas, mas Laurent estava descendo a trilha de beijos pelos seus seios e barriga. Ela não fazia ideia de quando ele havia desabotoado sua blusa, mas estava fazendo o mesmo com a calça.

-Laurent, se apresse - Val pediu.

A próxima memória lúcida que ela teve foi dos dois em sua cadeira, ele a segurava em seu colo enquanto suas respirações voltavam ao normal. Todo o sexo foi um emaranhado de emoções e sensações que Val não conseguia entender ou explicar, mas a que começava a sentir agora, ela sabia o que era, medo. Antes que ele pudesse fazer algo sobre isso, ela se vestiu, se preparando para sair dali.

-Entrego minha demissão amanhã - ela falou.

Laurent sentiu seu coração parar por alguns segundos depois dessa frase curta. 

-Você não pode ir embora.

-Tente me impedir! Conheço o suficiente de vocês para saber que não vão deixar Velair sair daqui e isso significa que poderei ir para a casa dos meus avós.

-Valentina, você não me entendeu.

O linhagem a parou no meio da sala, nem um pouco incomodado com sua nudez enquanto ela já estava quase completamente vestida.

-Não posso viver sem você - ele falou.

-Você fez isso por quase trinta anos, tenho certeza que já aprendeu como fazê-lo.

Laurent recuou, o necessário para que Val pegasse sua bolsa e saísse da sala. Ele se vestiu antes de fazer o mesmo percurso que ela, Lion estava na entrada do hospital conversando com River e se despediu ao vê-lo.

-Velair já foi mandado para o bosque. Você tem o cheiro da doutora - Lion comentou.

-Preciso que me ajude a delegar um novo líder para a Land e deixar em dia qualquer outro assunto pendente, teremos 24 horas para escolher ou mudar os cargos de comando - Laurent falou, enquanto caminhava para seu escritório com o linhagem o seguindo.

-O quê? Do que você está falando?

-Valentina decidiu sair da Land, você sentiu o cheiro dela em mim, então sabe o que significa. Daqui a vinte e quatro horas eu serei incapaz de tomar decisões racionais, preciso me apressar.

-Laurent, você não pode só desistir, não é assim que funcionamos.

-Não, mas é assim que eu vou fazer, ela deixou claro que não quer nada comigo.

-Você não vai resistir.

-Eu sei. Venha, me ajude com a papelada.

Lion suspirou derrotado, Laurent já tinha desistido e não poderia fazê-lo mudar de ideia, embora a opção de ver seu amigo morrer não o atraísse nem um pouco. Quase oito horas depois e eles ainda estavam no escritório, ele estava decidido a colocar as coisas em dia antes que não fosse capaz disso, mas Lion já conseguia ver os primeiros sinais, a impaciência, o nervosismo e o suor que escorria. 

-Laurent, vá atrás dela.

-Você me ouviu Lion, Valentina não quis ficar, sabe que somos incapazes de forçá-las a algo.

-Laur...

-Vamos continuar, só temos mais algumas horas.

Lion o obedeceu, contrariado pelo o que parecia ser a milésima vez naquele dia. Ele o ajudou em tudo, até Laurent decretar que precisava dormir e ir para sua casa depois de uma curta caminhada. Lion seguiu direto para a casa de Thunder, precisava do novo endereço da doutora, tinha certeza de que ela não voltaria para onde morava, e sua última esperança era convencê-la de que estava fora de si por coisas que não faziam o menor sentido.

-Imaginei que você fosse me procurar - Thunder anunciou quando abriu a porta.

Lion olhou ao redor, a sala do macho estava um completo caos.

-Você precisa encontrar uma companheira - Lion comentou.

-Não, preciso de uma faxineira.

-Para a bagunça na sua casa, sim, mas estou falando da loucura aí dentro da sua cabeça.

-Se for por esse motivo, ambos precisamos.

-Touché. Se já sabia que eu vinha, certeza que imagina o porquê também.

-Esse é o problema, o Marechal fez um ótimo trabalho escondendo o paradeiro dela, não sei onde Valentina está. Passei as últimas seis horas revirando cada pista que consegui encontrar, mas todas foram um beco sem saída.

-Droga! Isso não pode estar acontecendo. Laurent perdeu a cabeça quando a deixou ir.

-Nós faríamos o mesmo e você sabe disso, se nossas companheiras não quiserem ficar, nós vamos deixá-las ir assim como ele fez.

-Eu sei, só não... Laurent vai morrer, ele sabe disso, ele aceitou isso, e não tem nada que eu possa fazer pra salvar o meu irmão.

-Você tem uma única chance - Thunder falou ao tirar um papel do bolso - Esse é o número do Marechal Andrew, o convença a dar o endereço dela, talvez você tenha sucesso onde eu falhei.

Linhagens - LaurentOnde histórias criam vida. Descubra agora