Capítulo 6

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"Anos atrás"

-Comandante Velair, é um prazer conhecê-lo - Laurent cumprimentou.

-Gostaria que fosse em uma situação mais amigável, Sr. Ceartas.

Laurent concordou com um aceno, o humano havia sido enviado com um grupo sob o seu comando, para ajudar na segurança enquanto o portão sul era reconstruído. Algumas fêmeas linhagens mostraram interesse nele, o que é raro pra elas, mas, para Benjamin, o cabelo loiro que contrastava com os olhos verdes, a pele clara e o sorriso que fazia aparecer covinhas em suas bochechas, sempre deixou o rastro de mulheres a seus pés.

-Posso falar com os linhagens que estavam de guarda naquele dia? Gostaria de ter uma noção de como foi feito o ataque.

-Claro, vamos até o hospital, Kirei é um dos poucos com ferimentos leves, creio que a doutora não vá se opor.

Eles seguiram para o hospital, Laurent transmitia o máximo de informações possíveis sobre o ataque, mas não era capaz de detalhar, seu trabalho era, em sua maioria burocrático, então não estava de guarda para ver de perto o que se passou.

-Aqui está ela! - Laurent falou ao ver as costas de Val na recepção, enquanto conversava com um enfermeiro - Doutora, Kirei pode ter uma visita?

Val virou ao ouvir a voz de Laurent lhe chamando, mas seu mundo congelou no lugar ao ver quem estava com ele. Não era possível que aquele homem a tenha encontrado, não ali e não tão rápido. Em algum lugar sua mente processou o barulho que a prancheta fez ao cair da sua mão e atingir o chão, mas seu senso de realidade tinha parado de funcionar, o pânico chicoteava sua mente repetidas vezes e ela poderia contar os milésimos de segundos antes de não conseguir mais respirar.

-Doutora?

Laurent segurou os dois ombros da mulher, tentando fazer com que ela focasse nele, não entendeu o que se passou com ela, em um momento parecia estar bem, no outro ele recebeu um golpe de medo grande o suficiente para quase levá-lo ao chão. Val piscou, seus pés aterrissando de volta quando os olhos azuis entraram em seu campo de visão, as íris pretas a puxaram da cova que ela estava quase se jogando.

-Eu estou bem, Sr. Ceartas. Kirei pode receber visitas, mas não o cansem, ele precisa de repouso.

-Acho que não fomos apresentados formalmente. Sou Benjamin Velair - o homem se posicionou ao lado de Laurent e estendeu a mão para ela.

Val olhou para o rosto do homem em que confiara, medo e ódio travando uma briga dentro de si mesma, mas ela lembrou das palavras de Laurent sobre estar segura e se forçou a acreditar nele, Benjamin não poderia alcancá-la enquanto estivesse na Land. Ela olhou para a mão estendida antes de voltar a olhar para o linhagem que a observava atentamente e sorriu, tentando tranquilizá-lo.

-Estou bem, ligeirinho, vá ver Kirei.

Laurent quase sorriu, Val brincou com ele e lhe chamou por um apelido ridículo, mas o medo dela ainda o mantinha tenso e a atitude estranha dela ao ignorar o humano o deixou intrigado. Ele a observou sair e rir de algo de Lion disse quando ela passou por ele. Decidindo cuidar disso depois, ele guiou o homem na direção do quarto de Kirei e parou do lado de fora, observando pela janela de vidro a interação entre eles. Soube o exato momento em que Lion se aproximou, ele sempre esteve por perto durante anos, o suficiente para impedir sua sobrecarga, e isso os fez entender rapidamente os humores um do outro.

-Quais minhas ordens? - Lion perguntou olhando para o humano perto da cama de Kirei.

-Eu não imaginei, certo? Você também pôde sentir, se está me fazendo essa pergunta, é porque também notou a reação dela.

-Sim, nunca senti tanto medo em uma pessoa.

-Quero todas as informações possíveis sobre ele, se Velair teve uma reação alérgica, quero saber qual remédio tomou, quem o medicou e quanto tempo demorou para ficar bem.

-Terá o dossiê antes que possa descobrir o verdadeiro nome da doutora.

Lion saiu e, pela primeira vez em anos, Laurent não pensou na segurança dos linhagens, seu único pensamento era na relação de sua companheira com aquele humano e tê-lo morto só por ter deixado-a amedrontada.

Val encerrou seu turno quase uma hora mais tarde do que o previsto, precisou ler o mesmo laudo duas vezes porque sua mente insistia em vagar para a sensação das mãos de Laurent em sua cintura e do beijo no canto da boca quando veio se despedir. Ela estava grata por isso, o formigamento de onde o corpo dele tocou o dela a distraia da lembrança de que Velair estava por perto.

Ela desistiu de dormir e pegou o vibrador na gaveta do criado mudo, precisa liberar essa tensão de alguma forma e parecia uma ótima ideia se dar um ou dois orgasmos. Val começou a brincar com seu clitóris, não precisou de muito incentivo até se sentir molhada, a lembrança do toque de Laurent lhe pós na estação certa. Ela gemeu quando o brinquedo começou a vibrar dentro dela, os movimentos rítmicos de vai e vem tornando seu corpo mais sensível, um grito rouco escapou quando atingiu o ponto que tanto queria.

Segundos depois a porta do seu quarto abriu e Laurent parou na porta, surpreso com a cena. Ele tinha ouvido o grito de Val quando chegou a sua porta e correu para dentro sem pensar duas vezes, imaginou que ela estivesse em perigo, mas se enganara, era ele quem estava em apuros agora. Ela estava nua na cama, a mão esquerda brincava com um dos seios enquanto a outra guiava o brinquedo entre suas pernas.

-Vai ficar aí enquanto eu termino? - Val perguntou e obteve o silêncio como resposta - Você pode se juntar a mim se quiser.

Laurent acordou do transe com a proposta, ele podia ouvir claramente as batidas aceleradas do coração dela e a respiração ofegante.

-Desculpe, ouvi o grito e pensei que tivesse algo errado - ele falou, não sabia porquê continuava parado na porta depois de ter sido convidado a ir para a cama.

-Não se preocupe, estava pensando em você.

Linhagens - LaurentOnde histórias criam vida. Descubra agora