Linhagens - Laurent

Capítulo 1

 "-Dor de cabeça?

O linhagem parou na porta do quarto de seu filho, todos os convidados já haviam ido embora e o garoto parecia que não dormia a dias.

-Não quis ser rude negando os abraços e "feliz aniversário".

Sua festa de doze anos tinha sido ideia de sua mãe, ele conseguia manter amizade com todos a sua volta, mesmo evitando contado físico. Lion era a única outra criança que conseguia tocar sem que a enxurrada de emoções e pensamentos o levasse a uma enxaqueca e cansaço extremo.

-Vai chegar um dia, que você vai conseguir evitar toda essa estática ao seu redor.

Laurent levantou a cabeça para olhar seu pai pela primeira vez. Ele é enorme para os padrões humanos e mediano para os padrões dos linhagens. Laurent já conhecia a história, seu pai e vários outros soldados concordaram em fazer parte de um experimento, mais uma missão em seu impecável histórico, mas alguns começaram a morrer e o governo ordenou que eliminasse o projeto, obviamente inclui apagar todas as provas que existiam sobre ele, mas duas médicas se recusaram a fazê-lo, juntaram provas o suficiente para um diálogo sério com o responsável e ameaçou trazê-lo a público. O resultado foi eles recebendo auxílio financeiro para construírem sua própria cidade e uma das médicas, sua mãe, casando com o linhagem.

-Como o senhor faz isso com tanta facilidade?

-Sua mãe me ajuda todos os dias. Ouça, Laurent, vai chegar um dia em que alguém vai se tornar a gravidade do seu mundo, essa mulher vai ser capaz de te matar e você deixará que ela o faça porque a fará feliz.

-Não quero conhecer essa pessoa.

-Não temos escolha, filho, é o que somos, fomos criados assim. Ela vai ser capaz de tirar todo o barulho ao seu redor, você vai descobrir o silêncio nos braços dela.

-É assim que se sente com a mamãe?

-Sim, Laurent, sua mãe faz com que eu me sinta o único homem na face da Terra. Durma, amanhã acordará melhor. Boa noite."

***

Laurent abriu os olhos para encontrar Valentina brincando com seu cabelo enquanto o observava, ele suspirou enquanto a puxava para mais perto, seu pai estava certo sobre o que lhe disse naquela noite anos atrás.

-O mesmo sonho? - ela perguntou suavemente.

-A mesma lembrança - ele concordou.

-Estou começando a acreditar que você tem sonhado com outra mulher ao invés disso, está muito evasivo esses dias.

O tom de brincadeira na voz dela o fez rir. Ela estava certa, embora nada tivesse com ela e seu filho.

-O que se passa, Ligeirinho?

-Mais um laboratório tentando repetir os experimentos, estou exausto de ir atrás desses humanos malucos.

-As mulheres não reclamariam se só existissem linhagens, estaríamos mais seguras assim.

-Você não pensava dessa forma quando me conheceu.

-É porque não o conhecia. Volte a dormir, teremos um dia cheio amanhã.

-Amor, não precisa ficar acordada comigo, estarei bem, pensarei em quão doce você foi comigo no inicio.

Valentina riu, ela havia sido muitas coisas, doce não era uma dessas. Beijou o linhagem antes de apoiar a cabeça no peito dele e se deixar embalar pela mão que brincava com seus cabelos.