Capítulo 13

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"Dias atuais"

Laurent conseguia sentir o cheiro de medo e dor que emanava da sala em que River estava, todos os linhagens podiam sentir, mesmo estando um andar acima deles. Valentina estava com ele, o rosto inchado de tanto chorar e ainda atordoada.

O prédio de inteligência era comandado por River e Lleaud, poucos trabalhavam com eles, Sun era uma dessas, então o linhagem estava levando para o lado pessoal o que precisava arrancar do psiquiatra. Lavou as mãos antes de sair da sala, sabia que a companheira de seu líder estava com Laurent e ela não consegue lidar muito bem com violência. Olhou pela última vez para o psiquiatra, conseguiu as informações que precisava e o humano desprezível continuava vivo, eram dois pontos marcados, já que a morte seria uma saída muito fácil para ele.

-E então? - Laurent perguntou assim que viu River sair do elevador.

Se não soubesse o que o linhagem estava fazendo, diria que tinha acabado de levantar do sofá depois de assistir um jogo na TV, River não demonstrava nenhum sinal de que havia passado as últimas horas torturando e interrogando alguém.

-Eles estão na saída de emergência subterrânea que liga o hospital ao centro de convivência, pedi para Lleaud montar uma equipe e ir buscá-los caso haja alguma armadilha, em breve teremos notícia.

-Eles? - Valentina perguntou.

-Safira está com Lucien, assim como Sammy, ele pegou outras duas crianças, ambas com dois anos.

-Ele deu alguma informação útil sobre os laboratórios?

Laurent estava mais tranquilo agora, confiava em Lleaud para trazer seu filho e as outras crianças.

-Infelizmente ele só tinha conhecimento dos dois laboratórios que invadimos, mas consegui nome de outros dois humanos que ele diz ter colaborado, Lion está com eles nesse exato momento.

-Você não o matou, não é? - Valentina perguntou.

-Não, Val, não o fiz. Ele vai precisar de cuidados médicos, mas prefiro que não seja você a fazê-lo, quero manter meu anjo da guarda o mais longe possível de uma visão do que eu faço.

-River...

Ele ouviu a compaixão na voz de Valentina e deu um sorriso em resposta, tentando tranquilizá-la. River tinha consciência de que não era como os outros linhagens, ele não cresceu na Land, foi criado e usado como uma arma de guerra do exército humano, mas eles cometeram o erro de deixá-lo descobrir que não era o único linhagem na Terra. River não precisou ser resgatado, ele fez seu próprio caminho até a Land e quase morreu no processo, fugir de um campo militar foi quase impossível e Val foi a primeira pessoa a encontrá-lo nos portões, ela cuidou dele dia e noite até ter certeza de que ele não estava mais em perigo.

-Não se preocupe, você salvou o que podia ser salvo. Meu papel agora é manter vocês em segurança, não me importo com o preço - River a acalmou.

Valentina abriu a boca para falar algo, mas Lleaud escolheu aquele momento para entrar na sala. Lucien estava sujo da cabeça aos pés, braços e torso cobertos de sangue, mas ele entrou andando, com Safira nos braços. Val quase perdeu a consciência ali mesmo, ao ver seu filho daquele jeito, mas conseguiu agarrá-lo assim que pôde alcançá-lo.

-Ele não está ferido, o sangue é de um humano que tentou tirar Safira de perto dele - Lleaud anunciou - Todas as outras crianças estão fazendo check up no hospital, mas achei melhor trazê-lo, ele está arisco e Safira não o solta.

Laurent ergueu uma sobrancelha, mais curioso do que qualquer outra coisa. Seu filho estava ali, estava bem, precisava de um bom banho, claro, mas parecia intacto.

-Lucien - Laurent chamou, o pequeno linhagem levantou a cabeça de onde estava, com Safira nos braços e sua mãe ao seu redor - Por que ainda está com Safira?

-Ela é minha companheira, preciso mantê-la segura - Lucien simplesmente respondeu.

-Safira está segura, mas vocês precisam de um banho e descanso. Deixe sua mãe levá-la para casa com você.

Lucien assentiu e entregou o pequeno embrulho para sua mãe que o olhava atordoada. Laurent entendia o sentimento, raramente linhagens encontravam seus companheiros na infância, o vínculo é mais forte do que se pode imaginar, eles vão firmar uma amizade sólida de anos antes de finalmente se tornarem companheiros de fato, mas as consequências de perder um ao outro também são bem piores. Laurent abraçou a sua esposa e beijou a cabeça de seu filho.

-Lleaud vai levá-los para casa, pedi para Thunder ficar de guarda, por precaução, estarei lá em alguns minutos - ele anunciou.

River esperou todos saírem antes de caminhar para sua sala com Laurent em seu encalço, sabia porque seu líder tinha ficado ali e precisavam ter essa conversa em um lugar privado. Ele fechou a porta depois que entraram e esperou o linhagem falar enquanto se sentava na cadeira de seu escritório.

-Teve notícias do Sebastian? - Laurent perguntou.

-Sim, ele confirmou que sua companheira ainda não está bem depois do último ataque e vai precisar ficar com ela.

-River, não posso impedi-lo de ir e nem quero, mas só peço que tenha cuidado, você vai estar se metendo em uma briga entre humanos e shifters, não é sua responsabilidade.

River tirou um arquivo da gaveta de sua mesa e entregou para Laurent, era os dados da mulher que eles conseguiram identificar como sendo o próximo alvo.

-Ela é minha responsabilidade, Hellen Delinsky - River falou.

-Você estava sob as ordens de seus superiores, não podia imaginar que eles eram loucos e sem escrúpulos.

-Ainda assim, preciso garantir que ela saia viva disso e eliminar toda e qualquer ameaça a vida dela.

-Entendo, faria o mesmo por Valentina.

-Ela não é minha companheira.

Laurent deu de ombros, deixaria River continuar acreditando nisso pelo tempo que precisasse pra aceitar que os humanos não o transformaram em uma máquina e ele ainda era capaz de amar alguém, mas, por enquanto, sua prioridade era voltar para casa.

E ele o fez, encontrou Safira dormindo na cama de Lucien e seu filho em um colchão ao lado da cama, quase riu quando percebeu o instinto protetor dele a respeito da filha de Sun. Laurent tomou banho antes de deitar ao lado de sua companheira, ela acordou e se mexeu até conseguir deitar com a cabeça em seu peito.

-Como River está? - ela perguntou sonolenta.

-Em negação.

-Ele vai perceber que pertence a ela.

-Sim, ele vai. Vamos descansar, doutora, tivemos um longo dia.

Val dormiu sorrindo, lembrando de como ele insistia em chamá-la assim sempre que podia.

Linhagens - LaurentOnde histórias criam vida. Descubra agora