Capítulo 7

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"Dias atuais"

-Pra qual pensamento eu perdi você? - Valentina perguntou enquanto cruzava os braços em cima do torso de seu companheiro e apoiava o rosto em cima deles.

-Estou pensando em Sun.

-Out! E eu nem saí da cama.

Laurent sorriu com a brincadeira, Sun dificultou as coisa para Val no início de seu trabalho no hospital, mas nada comparado ao que fez as companheiras de Thunder e Lion.

-Pensando se ela passou o mesmo que você se tiver sido apanhada pelos loucos? - Val insistiu.

-Sim, basicamente isso. Mas, ela teve uma filha, conheço Sun o suficiente pra saber que ela não abandonaria Safira.

-Nenhuma mãe abandonaria seu filho.

Laurent assentiu e continuou em silêncio enquanto brincava com os fios que se emaranhavam em seus dedos. Soube o exato segundo em que ela adormeceu e tentou relaxar para fazer o mesmo, mas não foi capaz de dormir e viu o sol nascer pela janela entreaberta. Saiu da cama o mais silenciosamente possível e foi para a cozinha, sua dose de café matinal era essencial pra manter a sanidade durante essas crises que aconteciam na Land. Podia ouvir a respiração de Valentina que ainda dormia tranquilamente e isso quase o distraiu do problema em suas mãos.

Rage e Amy pediram para cuidar de Safira, mesmo que ela não seja filha de Sun, eles se apegaram a garota e querem continuar com ela. Descobrir onde Sun estava e se ela foi colocada naquele laboratório era prioridade, mas ficaria para amanhã, poderia conversar com o humano que comandava aquilo e com Yoko Maeda, ela deve lembrar de algo dos experimentos.

-Eu ainda acho que você deveria vir com um etiqueta de aviso - Valentina falou parando na porta.

-Etiqueta?

-Sim. Uma que diga: Mantenha-se distante, interação com esse espécime pode causar perda da sua capacidade respiratória, cardíaca e redução do funcionamento do seu raciocínio lógico.

-Não acho que eu seja capaz disso tudo - Laurent entrou na brincadeira com ela.

Val sorriu antes de abrir a geladeira e tirar uma peça de queijo, como a boa ratinha que sempre foi. Se apoiou no balcão antes de voltar a falar.

-Só preciso do meu café da manhã e um banho antes de sairmos.

-Sinto muito, sei o quanto você queria que tivéssemos um dia de folga juntos.

-Não precisa se desculpar, sei como você age quando precisa resolver algo, além disso, passaria o dia distraído.

-Você é perfeita.

Ela sorriu e aceitou o beijo leve que seu companheiro lhe deu. Quase duas horas depois eles já estavam entrando no hospital da Land, Val só checou o estado do paciente antes de permitir que seu companheiro fosse falar com ele e foi na direção do quarto em que estava Yoko, ela iria colaborar bem mais do que o cientista maluco e Val não queria presenciar seu companheiro perdendo a paciência.

-Diogo López, não precisa fingir que está dormindo, você não é capaz de enganar ninguém.

Laurent esperou o homem abrir os olhos. O cabelo preto fazia um contraste estranho com a pele acinzentada e os olhos arroxeados lhe dando um aspecto doentio. Ele não parecia ter a arrogância que a companheira de River o acusou de ter, mas Laurent sabia que a razão disso era a situação delicada em que ele se encontrava no momento.

-Quero apenas lhe fazer umas perguntas, depois pode voltar a dormir e fingir que sua consciência está limpa - o linhagem falou enquanto puxava uma cadeira pra sentar ao lado da cama.

-O que te faz acreditar que eu irei responder qualquer uma das suas perguntas?

Laurent sorriu, aí estava a arrogância que ele procurava. Ajeitou o paletó enquanto se recostava na cadeira, não queria brincar de gato e rato com o homem, mas também não era um homem de violência, ao contrário do que muitos humanos pensavam, vários linhagens possuíam a personalidade pacífica. Isso estava longe de significar que eles não sabiam se defender, apenas preferiam não fazê-lo de forma violenta.

-Nada, não tenho nenhum motivo para acreditar que você vá colaborar, doutor. Embora, para o seu próprio bem estar, eu aconselho que o faça. Veja bem, sou um diplomata, prefiro que as coisas sejam resolvidas com o diálogo, mas, quando não obtenho sucesso, meu amigo Lion assume o problema e ele prefere... Como posso dizer? Um pouco mais de ação.

-Você está me ameaçando?

-Óbvio que não, estou lhe mostrando suas opções na situação atual. Podemos sentar aqui e conversarmos tranquilamente sobre os experimentos e a criança que encontramos sob seu poder ou posso deixar Lion cuidar dessa parte, enquanto aproveito meu fim de semana ao lado da minha companheira, e recebo todas as informações que preciso em um relatório na segunda pela manhã, você escolhe.

-Safira despertou seu interesse? É apenas mais uma criança linhagem, como várias aqui dentro.

-Mas ela não esteve aqui, você a manteve como um rato de laboratório. Quem são os pais dela?

-É uma boa pergunta, mas não acho que posso dar essa resposta a você. Veja bem, temos mais uma como ela vindo daqui a algumas semanas, um garoto dessa vez, das mesma linhagem que deu a luz a Safira.

-Suponho que também não me dará a localização dela.

-Está certo. Sun está um um bunker que apenas eu tenho conhecimento, sem as senhas e o endereço, ela morrerá de desidratação em alguns dias, assim como seu filho.

Laurent fez todo o possível para que o ódio e medo que sentiu não refletisse na sua expressão, ele estava certo ao imaginar que Safira é filha de Sun, mas não esperava por isso. 

-E o que você quer em troca disso? Afinal, sua apólice de seguro dura enquanto eles estiverem vivos, então deve querer algo em troca.

-Sair da Land, não vou ser julgado por nenhum crime, não no seu sistema de justiça, conheço o suficiente de vocês pra saber que nunca sairia daqui.

-E você não vê razões para ser condenado, certo? Torturou e prendeu vários linhagens, usando eles como experimentos científicos e, mesmo assim, se considera alguém livre de crimes,

-Eu não fiz nada contra a minha espécie, vocês são uma aberração que vão contra as leis da natureza, não há crime quando as vítimas são monstros. 

Linhagens - LaurentOnde histórias criam vida. Descubra agora