4° card

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Jongho tentava pensar pelo lado bom de tudo.

Várias pessoas mandando cartas de amor, o que quer dizer que ele se sente amado não só pelos pais, mas por outras pessoas.

Embora que antes não era de chamar muita atenção por sua aparência, aquele ano estava mais estranho do que o normal, sempre ouvindo as pessoas falaram que ele era o mais bonito dali, mesmo que anos passados nunca ouvira esse tipo de coisa.

Foi difícil aceitar essa nova realidade, o que Soo-hyun tanto falava, afinal, arrasa corações, arrasa.

Mas ainda não estava muito acostumado com essas coisas, era muito novo para ele.

Estava jogado na cama de seu quarto, ouvindo Step by Step do New Kids on the Block na sua playlist, um grupo antigo, gostava muito da banda, e das músicas, na verdade, gosta de coisas antigas.

Esperava o amigo sair do banheiro, afinal, iriam dormir juntos, na mesma cama como de costume quando eram mais novos.

Estava muito concentrado em ler aquela carta, estava aprestando atenção mais nela do que na música, não fazia ideia de quem havia mandado aquilo, era um poema bem fofo aliás.

Não sabia se era Mingi, mandando iniciais diferentes para não desconfiar dele, ou seja outras pessoas mesmo.

Já sabia que a primeira era do Song, mas a segunda ainda queria descobrir, estava muito curioso, mesmo que não devesse estar, mas se descobrir e falar com essas pessoas, talvez não receberia mais cartas.

─ Droga. ─ resmungou baixo, talvez estivesse estressado e tendo enxaquecas quando pensa de mais.

Guardou a carta na gaveta da escrivaninha junto com as outras duas, não sabia se era um milagre que seus pais ainda não descobriram elas ainda, já que eles viviam mexendo em suas coisas, e não sabia o motivo do por que, logo tirou seus fones de ouvido.

─ Por que você ainda guarda aquela carta do Mingi?, Eu quero saber. ─ Soo-hyun saiu do banheiro, secando seus cabelos já com o pijama que iria dormir, na verdade, nem sabia se iria.

─ Eu não sei, também queria saber.

─ Não me diga que depois de tudo, você se apaixonou por ele e ainda quer guardar a carta?

Não disse nada, nenhuma palavra.
Não, não se apaixonou pelo Mingi, mas aquela pergunta foi um tanto, estranha, que o deixou sem palavras.

Sentiu sua garganta ficar seca e a dor de cabeça aumentar mais, nem aguentou ficar de olhos abertos por muito tempo, queria descansar depois do dia longo.

─ Não, eu já disse que não vou me apaixonar.

─ Você nunca disse isso. ─ Soo-hyun sentou na cama, pegando seu celular que estava jogado nos lençóis. ─ Você disse que ainda não achou o cara certo.

─ Não, tenho certeza que falei que não vou me apaixonar ou que não quero ninguém.

Kwon riu baixo, deitando ao lado do ruivo, olhando para o teto com se fosse a coisa mais preciosa do mundo, enquanto pensava sobre como contaria que já se apaixonou por ele, talvez não contaria, deixaria ficar intalado na próprio garganta até não aguentar.

─ Sabe... Eu sempre quis ser você, ou ser igual a você. ─ começou enquanto seus olhos iam pesando, mas queria terminar de falar. Jongho não o olhava, mas ouvia atentamente. ─ Queria ter pais que se preocupassem comigo, vários amigos, pessoas que gostassem de mim, e tentei de tudo para ter isso, mas não conseguia. Meus pais me abandonaram, as pessoas se afastavam de mim, e sempre fui rejeitado. ─ bocejou, parando de falar por um momento, sentia a maior vontade de chorar agora, mas se segurou. ─ Mas... Desde que te conhecia, minha vida mudou completamente, mesmo que não sejamos irmãos, seus pais cuidam de mim como se fossem minha família, tenho amigos que me escutam, embora que não tenha alguém que goste de mim, eu já me sinto amado, obrigado por tudo.

Jongho chorava silenciosamente, seu coração apertava no peito e sua garganta coçava. Não ouvia mais nada, a não ser da respiração profunda do mais velho, que dormia como uma pedra.

─ De nada.

♡̵♡̵♡̵

─ Você tá bem?, parece que viu um urso.

Choi estava com a cabeça deitada na mesa, olhando para a parede da sala, já estavam no colégio.

Só estava ele e Soo-hyun, chegaram bem cedo aliás, Jongho nem havia dormido, ficou acordado a noite toda com a consciência doendo.

Levantou sua mão direita, mostrando algo que segurava.

─ Tá brincando?

─ Não estou.

─ Você nem se quer descobriu quem era os outros dois e já recebe mais uma carta? Quem mandou?

K.H.

Sua cabeça latejava de tanta informação, tudo o que queria fazer era ligar o microfone que dava acesso as caixas de som que tinha espalhado por cada lugar e dizer para as pessoas pararem de mandar cartas.

Se sua cabeça já estava pior, imagina agora quando os alunos começaram a entrar na sala juntou ao professor de história, teria que aguentar até o final.

─Bom, adeus. ─ Soo-hyun saiu da sala, indo para sua própria, enquanto Choi choramingava baixinho e manhoso, desejando que o dia logo acabe, pelo menos, agradecia por ser sexta.

─ Choi Jongho. ─ o professor chinês chamou a atenção do ruivo, que levantou a cabeça com receio. ─ está prestando atenção na aula?

─ Estou. ─ sorriu minimamente, apoiando seus cotovelos na mesa, enquanto sua cabeça estava apoiada em suas mãos.

─ Então me diga, quem foi George Washington?

Os outros alunos olharam para o mais novo dali, que fez uma cara de tédio, estava com sono e nem queria responder, mas não seria mal educado ou não mentiria que não estava prestando atenção, sendo que nem estava, mas já sabia a resposta.

─ Foi o primeiro presidente dos Estados Unidos da América.

Não queria se gabar, mas era um dos melhores alunos da sala, sempre tendo as respostas na ponta da língua e sempre sendo o mais inteligente.

─ Professor, eu não estou me sentindo bem, posso ir na enfermaria?

O professor concordou, Choi se levantou e saiu da sala, caminhando pelos corredores desertos.

Não estava mentindo dizendo que não está se sentindo bem, mesmo que quisesse sair daquela aula, sua cabeça doía muito, e precisava de um remédio.

Abriu a porta com cuidado, vendo que a enfermeira não está ali, bom que tinha mais privacidade, bom, é o que ele achava.

Abriu o pequeno armários de vidro e pegou um frasco com pílulas de paracetamol, pegou um copo e encheu com água gelada que tinha ali, se sentando em uma maca e tomando a pílula. Até que viu a cortina ao seu lado ser aberta.

─ Seonghwa? ─ perguntou surpreso, vendo o mais velho deitado em outra maca, com uma faixa na mão. ─ O que aconteceu?

─ Quebrei a mão. ─ riu baixo, enquanto sorria para o mais novo, com as bochechas coradas. ─ e você, o que aconteceu?

─ Dor de cabeça.

O silêncio reinou no local, não sabiam o que dizer, se entre olhavam algumas vezes e até riam, mas sem trocar uma palavra, Jongho precisava voltar.

─ Jongho. ─ o moreno chamou o outro, recebendo olhares. ─ eu preciso te contar uma coisa.

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Demorou, mas tá aí, espero que gostem. 🙂

Cards ─ JongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora