Capítulo 04 - Manhã do outro dia

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“Que merda aconteceu ontem à noite” não é o primeiro pensamento que passa pela cabeça de Sakusa Kiyoomi, mas é o mais tangível.

Antes disso, ele acorda com uma dor de cabeça mortal e sua mão direita dói ao tocar a testa com ela. Um flash de eventos passa por sua cabeça como um filme - o corte, o gelo, a máquina de ressonância magnética, o rosto de Atsumu -

Atsumu. Atsumu cozinhando para ele. Então bebendo juntos, então - o beijo - a cama -

Kiyoomi vira a cabeça em horror ao olhar para a sua esquerda, e lá está ele: Miya Atsumu dormindo tão pacificamente, uma mão embaixo do travesseiro e a outra na barriga de Kiyoomi, o peito se movendo lentamente enquanto ele respira. Chupões salpicados em seu pescoço como flores desabrochando, e pelo espelho ele pode ver que há marcas de arranhões nos ombros do homem.

Ele vê seu reflexo no espelho atrás de Atsumu e fecha os olhos em horror para entender as coisas.

O que diabos aconteceu noite passada?


Kiyoomi inala profundamente, deixando o ar sair lentamente.

Ele vagamente se pergunta se eles se abraçaram em algum momento da noite, porque ele consegue, embora mal, se lembrar do calor que irradiava para suas costas do homem atrás dele e afundava no abraço. Como se a sensação desconhecida de ter a mão do levantador no estômago de Kiyoomi não fosse estranha o suficiente, como se fosse queimá-lo a qualquer segundo.

Ainda assim, ele não quer atrapalhar ou acordar Atsumu porque então eles terão que lidar com essa bagunça juntos. E ele nem mesmo quer lidar com isso sozinho agora. Não como se ele pudesse, com essa dor de cabeça.

Ele lamenta cada escolha de vida que o trouxe aqui.

Okay. Ele respira com moderação, contando os segundos para se acalmar. Quando ele finalmente não sente mais o coração pulsando contra o pescoço, ele se permite pensar na noite passada.

Eles fizeram sexo. Ele fez sexo com Miya Atsumu. Isso é certo e faz o estômago de Kiyoomi se revirar e rolar.

Ele se lembra, com clareza, de Atsumu se oferecendo para ajudá-lo a se masturbar. Ele se lembra de tê-lo aceitado também.

Não é realmente um momento de orgulho. Kiyoomi franze os lábios.

Subir em cima dele, e tudo depois, é meio obscuro e nublado.

Ele não se lembra como acabaram em seu quarto, mas tem quase certeza de que não fizeram sexo na sala. Na verdade, ele pode se lembrar de ter olhado para Atsumu do espelho com a luz fraca refletindo na pele brilhante do homem em cima dele. Ele se lembra de Atsumu o sufocando. Kiyoomi carranca seu constrangimento longe. Imagens da intensa relação sexual de repente inundam sua mente, e ele olha para baixo como se para ter certeza de que as provas ainda estão lá - e elas estão, descansando sombriamente, sussurrando volumes silenciosos de eventos não lembrados em tons que variam do carmesim escuro ao roxo em seu peito.

Há uma sensação de confusão em seu abdômen que lhe diz que há algo mais, e Kiyoomi faz o possível para permanecer calmo enquanto vasculha sua memória nebulosa para descobrir o quê.

O sexo não teve nada não consensual. Ele até se lembra da turbulência de Atsumu quando tudo que Kiyoomi queria fazer era beijá-lo, mas ele fez questão de perguntar se ele tinha certeza de sua decisão de qualquer maneira. E Kiyoomi tinha. Então, qual é essa combinação de preocupação emaranhada e compressão em seu peito?

Estudo das Mãos - TRADUÇÃO [SakuAtsu] Onde histórias criam vida. Descubra agora